domingo, 21 de outubro de 2012

ENCONTRO ANUAL DA 3ª COMPANHIA DO BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72 - FIGUEIRA DA FOZ


(Por Luís Marques)

No próximo dia 24 de novembro realizar-se-á o encontro anual dos ex-militares da 3ª Companhia do Batalhão de Caçadores 4611/72.

O convívio terá como cenário a bela cidade da Figueira da Foz e acontecerá no “Sweet Atlantic Hotel & Spa", situado na Avenida 25 de Abril, Nº 21, 3080-086 Figueira da Foz(coordenadas: 40º; 09';02'' N - 8º;51';57'' O)
(clica para aumentar)


Localização (a laranja)
 
 
 
 


 
 
 
A organização do convívio está de novo entregue ao Manuel Brazão, o que desde já é garantia de um ótimo convívio.
A ementa é deveras convidativa, conforme se pode constatar.

Desde já se apela a uma adesão plena a este encontro anual da 3ª Companhia, convite que é extensível aos restantes militares do Batalhão de Caçadores 4611/72

O Manuel Brazão aguarda as vossas confirmações até ao dia 15 de novembro oara o seu email m.50brazao@hotmail.com, para o telemóvel 963917021, telefone 241379060, até às 17:00 horas e telefone 241371599, após as 19:00 horas.
Todos ao encontro anual da 3ª Companhia do Batalhão de Caçadores 4611/72!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA PEREIRA

(POR JOSÉ MANUEL FRANCÊS)
 

"O homem morre tantas vezes quantas vezes perde os seus amigos."

Públio Siro

O José Carlos Pereira (em primeiro plano) e o Castro "Fafe", em Serpa Pinto em 1973
 

Recebemos ontem mais uma triste notícia, desta vez a dar-nos conta do falecimento do José Carlos Pereira de Guimarães!
Quando ontem, dia 11, o Carlos Rocha, um dos organizadores do XIII Convívio Anual da C.C.S., foi informado pelo ex- 1º cabo  José Paraíso que este ao tentar contactar o José Carlos Pereia para saber da sua disponibilidade para ir ao convívio em Figueira Castelo Rodrigo no próximo dia 3, ligou para o telemóvel do Pereira e foi confrontado com a impossibilidade de falar com ele, pois havia falecido nessa manhã!
Incrível esta triste coincidência!
O Paraíso ficou sem saber o que dizer, o que fazer…
O José Carlos Pereira foi 1º cabo escriturário na CCS do Batalhão Caçadores 4611/72. Estava colocado no Comando do Batalhão. Trabalhava ao lado do Carlos Rocha, juntamente com o 1º Sargento Corga.
Lembrá-lo-emos sempre como aquele camarada folgazão, com o seu temperamento e forma de ser muito própria!

 
O José Carlos Pereira (em primeiro plano), junto com outros camaradas, de Férias em Serpa Pinto, em 1973
 
Era presença habitual nos convívios da C.C.S., fazendo-se notar pela particularidade de chegar sempre mais tarde. Até que há cerca de 4 anos a doença o impediu de estar presente nesses encontros. Quisera Deus que tu, José Pereira, chegasses mais tarde ao Convívio de Figueira de Castelo rodrigo, no dia 3 de Novembro, mas chegasses. Que estivesses connosco…
O José Carlos Pereira (primeiro à esquerda), num dos Convívios anuais da C.C.S em que participou
 
José Carlos Pereira: neste momento a única homenagem que te poderemos fazer, é lembrar-te como alguém que sempre procurou manter-se ligado aos restantes camaradas, com amizade e simpatia
À família, naturalmente que todos apresentamos as mais sentidas condolências.
Certos de que na chamada para a "parada do próximo Convívio" todos nós responderemos com um sonoro PRESENTE, quando o nome do Pereira for invocado, juntamente com os restantes camaradas já falecidos
Paz à sua Alma!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

XIII CONVÍVIO ANUAL DA C.C.S. DO BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/1972

(Por Luís Marques)




No próximo dia 3 de Novembro de 2012, sábado, realiza-se na bonita Vila raiana de Figueira de Castelo Rodrigo, distrito da Guarda, o XIII Convívio anual dos ex-militares da C.C.S. do Batalhão de Caçadores 4611/1972.

 
A responsabilidade pela organização deste encontro cabe ao Quim Raposo e conta com a já habitual colaboração do Carlos Rocha  (telemóvel 966301638 ou carlos.j.rocha@hotmail.com) e do José Manuel Francês (telemóvel 916609553 ou jmf.mfm@gmail.com) o que nos garante um convívio bem organizado
Convocatória (clica para aumentar)
 
 
O Convívio decorrerá no restaurante "A Cerca", localizado no centro da vila de Figueira de Castelo Rodrigo
 
 
A ementa é de ficar com água na boca, como podem ver:
Ementa (clica para aumentar)
Resta acrescentar que o convívio decorrerá em ambiente de "bar permanentente aberto", pelo que, quem usufruir desta "regalia" será conveniente fazer-se acompanhar por quem "não liga a essas coisas" a fim de garantir um bom regresso a casa.
Mas a melhor solução é pernoitarem em Figueira de Castelo Rodrigo e regressar no dia 4, domingo, para poder ter um regresso mais calmo e descansado. Existem na vila várias ofertas para uma pernoita descansada. Mas o melhor é não se atrasarem com as marcações.


Itinerário (clica para aumentar)
 
Exortam-se todos os nossos antigos camaradas da C.C.S. e suas famílias a participarem neste encontro, bem como todos os restantes antigos militares do Batalhão e todos aqueles que de qualquer maneira estão relacionados connosco ou com o Batalhão.
Verão que será um dia bem passado e uma oportunidade de reverem antigos camaradas que partilharam dois anos de vida comum por terras de Angola.

Aqui podem encontrar o anúncio do nosso convívio no portal dos Veteranos de Guerra do Ultramar ( http://ultramar.terraweb.biz/ )

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

OS FLECHAS

(POR FILIPE SILVA E FERNANDO MOREIRA)

“Que a vossa rapidez seja a do vento, que sejam impenetráveis como a floresta. Que as vossas operações sejam tão tenebrosas e misteriosas como a noite e, quando atacardes, fazei-o com a rapidez do raio e a violência do trovão.”
Sun Tzu

- Flechas – Força paramilitar da DGS, composta por membros de algumas etnias locais e por dissidentes dos movimentos de guerrilha, foram forças de operações especiais dependentes da Direcção-Geral de Segurança (DGS), criadas, inicialmente no Cuando Cubango, para actuarem contra o IN, à semelhança dos Selous Scouts rodesianos e preparados para viver e combater no terreno como os guerrilheiros, em acções prolongadas.


Breve História das Unidades de Flechas

Durante a Guerra do Ultramar, a DGS (Direcção-Geral de Segurança, assim designada a partir de 1969) era responsável pelas operações de recolha de informações estratégicas, sobretudo nos países vizinhos de Angola, investigação e acções clandestinas contra os movimentos guerrilheiros, em apoio das Forças Armadas e de Segurança. Como tal foi decido criar uma força especial armada para auxílio e protecção dos agentes da DGS nas operações contra os guerrilheiros.

Segundo o criador dos Flechas, o Inspector da DGS Óscar Piçarra Cardoso, alguma inspiração foi bebida das obras literárias de Jean Laterguy, como “Os Tambores de Bronze”, “Os Centuriões” e “Os Pretorianos”, fruto da intervenção francesa na Indochina e no Katanga e ainda as histórias de Lawrence da Arábia e a experiência recolhida da acção dos Boinas Verdes americanos no Vietname e no Laos.

Os membros dos Flechas eram recrutados entre determinados grupos nativos, nomeadamente ex-guerrillheiros e membros da minoria étnica bosquímane (khoisan), destinados a actuar no Cuando-Cubango no âmbito da informação e como pisteiros mas depressa as suas características fizeram deles temíveis combatentes tendo, mais tarde, integrado também elementos de outras etnias e acabando as suas unidades por se espalharem um pouco por todo o Leste e mesmo pelo Norte, actuando sempre com grande eficiência. Os bosquímanos que historicamente tinham sido invadidos pelos povos Banto não tinham qualquer problema a aliar-se aos portugueses, dado que viam nos movimentos de libertação o Banto invasor do seu território, pelo qual nutriam um ódio ancestral. Estes eram especialmente escolhidos pelas seus conhecimentos do inimigo, conhecimento do terreno, conhecimento das populações locais, etc. É de salientar que os bosquímanos eram um povo caçador-recolector, logo exímios intérpretes de rastos e pistas deixadas no terreno pelo inimigo, ao ponto de conseguirem dizer que tinha passado por ali uma mulher e que a mesma estava grávida!, dada a sua experiência em perseguição de caça. Esses membros nativos eram enquadrados por oficiais do Exército Português, nomeadamente Rangers, e por agentes da PIDE e recebiam treino de forças especiais. Começaram a ser treinados num campo de trabalhos em Missombo, no Cuando Cubango, e, posteriormente, na região de Gago Coutinho.


Foram inicialmente organizados pelo Inspector Óscar Aníbal Piçarra de Castro Cardoso no período que passou nas "terras do fim do mundo" – o Cuando-Cubango. Os Flechas estavam organizados em Grupos de Combate de cerca de 30 homens. Estavam equipados com o equipamento em uso no Exército Português, mas também utilizavam muito armamento capturado aos guerrilheiros, nomeadamente nas Operações Pseudo-Terroristas. As autoridades militares apenas possuíam o controlo da sua actividade operacional.

Esta acção contou com a ajuda preciosa de um indivíduo chamado Manuel Pontes, que exercia o cargo de Administrador no Cuando Cubango e profundo conhecedor dos “bushmen” a quem eles respeitavam e a quem apelidavam de Tata K’Hum, que quer dizer o Pai dos K’Hum, que eram eles, povo bosquímane. Esta força começou em 1967 com oito instruendos, treinados no Cuando Cubango no campo de trabalho no Missombo, magros e pequenos, ao princípio armados de arco e flechas envenenadas, ainda fazendo o fogo por fricção de paus, mas aos poucos foram recebendo preparação militar, instrução de tiro e passaram a andar armados. Do contacto com o inimigo, traziam armas capturadas, documentos, mas ninguém vivo para contar como foi.

Este povo nutria um ódio ao Banto que os escravizava, trocando-o e vendendo-o com o se de gado se tratasse, aqueles que não eram forçados à nomadização estavam praticamente em regime de escravidão autêntica nos sobados dos chefes Bantos. E o ódio aos seus antigos donos levou-os a fazer a guerra ao lado dos portugueses.

No campo de Missombo existia uma frase de um escritor militar chinês, Sun Tzu, fonte inspiradora de Mão Tsé Tung, que dizia o seguinte; “Que a vossa rapidez seja a do vento, que sejam impenetráveis como a floresta. Que as vossas operações sejam tão tenebrosas e misteriosas como a noite e, quando atacardes, fazei-o com a rapidez do raio e a violência do trovão.” Nada mais apropriado para caracterizar a acção desta força.

Mais tarde começaram a ser formados também na zona de Gago Coutinho, espalhando-se ao Luso e á região de Luanda, Caxito, sendo os seus elementos quase todos terroristas do MPLA recuperados e utilizados a combater ao lado das NT.
Apresentação de armamento capturado pelos Flechas ao IN
Com o decorrer da Guerra do Ultramar os Flechas revelaram-se uma das melhores forças anti-guerrilha ao serviço de Portugal, indo progressivamente alargando o seu tipo de actuação. Se no início eram basicamente usados como guias e pisteiros dos agentes da PIDE, passaram posteriormente também a ser usados como forças de assalto em operações especiais. Pelo reconhecimento do seu elevado nível de eficácia, as próprias Forças Armadas passaram a solicitar frequentemente à DGS o auxílio dos Flechas nas suas operações, nomeadamente as unidades de comandos que tinham por eles um grande apreço. Óscar Cardoso afirma que nunca teve uma deserção nos Flechas, nem nenhum capturado pelo inimigo na sua Zona de Acção (ZA).


Algumas das operações frequentemente realizadas eram as chamadas Pseudo-Terroristas, em que os Flechas, muitos deles ex-guerrilheiros, se disfarçavam de guerrilheiros inimigos, para atacarem alvos com características tais que não podiam ser abertamente atacados por forças identificadas como portuguesas (ex.: alvos em território estrangeiro, missões religiosas que auxiliavam terroristas, bases terroristas de difícil aproximação, etc.).

Os Flechas actuaram sobretudo em Angola, onde no 2º. Semestre de 1971 atingiam já os 1511 combatentes. Na década de 1970 começaram a ser organizados Flechas também em Moçambique mas que não chegaram a ter uma importância tão elevada.

Na Zona de acção do Bat.Caç.4611/72, Subsector de M´Pupa existiam forças de Flechas no Calai; Mucusso; Valombo; Cuangar; Mucundi; Caiundo; Cuchi e Mavengue, num total de 274 combatentes.

O seu item de fardamento mais conhecido era a Boina Camuflada que se tornou um dos seus símbolos.

Sobre os Flechas e as suas operações juntamente com forças do Bat.Caç.4611/72 poderemos referir dois episódios caricatos que nos chegam relatados pelo então Alferes Filipe Silva comandante do 4º. Grupo de Combate da 3ª. Companhia.

São eles:

 - “ O primeiro foi aquando dum MVL para o Rivungo, de cuja data me não recordo mas que sei ter sido em 1973, entre o “destacamento do Dima” e Mavinga.
Como era costume, eu seguia na viatura da frente, um Unimog 404 a gasolina, com mais quatro indivíduos a que chamava a equipe de caça.
Nestas viagens chegávamos a estar distantes da última viatura, normalmente comandada pelo Girão, até 40 Km…
Seguíamos nós calmamente pela planície (chana), quando começámos a ser sobrevoados por dois aviões T-6 das FAP, que passavam em voo rasante, sobre nós, curvando na direcção da nossa deslocação, e passando a voar em circulo e a picar sobre uma zona à nossa frente.
Na última passagem em voo rasante, o piloto de um dos aparelhos, apontou nitidamente para a zona que tinham sobrevoado em círculo e feito voo picado.
Entendi que alguém necessitava de auxílio, e dei ordem para nos dirigirmos  lá, enquanto os aviões nos ficaram a sobrevoar em círculo.
Quando estávamos aí a cerca de duzentos metros comecei a ver indivíduos fardados a movimentarem-se de um lado para o outro, e curiosamente com uma faixa vermelha nos barretes. Fiquei paralisado por uma fracção de segundo pensando:
- Caímos na boca do lobo!
De imediato dei as minhas ordens, de como abordar o caso bem como  o caminho que cada um de nós ia seguir, a pé, tendo como cobertura o condutor com  a metralhadora do Unimog.
Quando cheguei perto, fui informado por um dos indivíduos que eram flechas de Mavinga e que o rádio não funcionava e não tinham comida nem munições.
Era um grupo de “buchimanes” e, após estabelecermos contacto com o chefe  deles, um tal Serpa, prontificamo-nos a transportá-los para o seu acampamento.
Tinham estado a fazer uma batida, no dia anterior e tiveram contacto com o IN. Deram tantos tiros, que já sem munições fugiram eles para um lado e o IN para o outro.
Ainda me recordo do indivíduo que os comandava, dizendo pelo nosso rádio: - “carrapau”; “carrapau”; “carrapau 1” chama, escuto!

Foi uma cena e tanto…"


1º.Sem.72
1º.Sem.72
2º.Sem.72
2º.Sem.72
2º.Sem.72
TE's
GE's
Fieis
Leais
Flechas
Grupos
17
91
48
3
45
Efectivos 1972
569
2794
1.300
90
1575
Nº. Operações
Isoladas
108
1047
153
23
158
Conjunto NT
0
396
150
0
64
Baixas Sofridas
Mortos
0
6
3
0
28
Feridos
1
20
64
0
0
Desaparecidos
0
41
0
0
0
Baixas Causadas
Mortos
0
65
156
2
541
Feridos
2
26
0
0
6
Cap. E Recup.
9
0
104
0
S/elem.
Armas Capturadas
0
98
47
1
S/elem.

Quadro relativo a actividade operacional das Forças Africanas, em Angola - 1972

O segundo episódio em que participaram os flechas foi durante uma operação, no qual o 4º. Grupo de Combate foi aumentado com um grupo de Flechas de Mavinga, constituindo um agrupamento;

 - “A primeira parte foi a entrega de dez rações de combate a cada um deles, na pista do campo de aviação.
Imaginem-nos sentados  no chão, comendo todas as rações, até à última. Ficaram que pareciam “pranhos”, tal o tamanho da barriga.
Na madrugada do dia seguinte, fomos lançados e dividi o agrupamento em dois grupos distintos, porque comecei a ver muita descontracção e muita conversa (leia-se estalidos) entre eles, sem qualquer cuidado.
Logo na primeira noite, quando acampamos, cada um dos ditos fez uma fogueira e o barulho que faziam era uma loucura, conversando por estalidos.
Mandei retirar os meus homens para mais longe e proceder a manobras de segurança e vigia.  A barulheira deles continuava…
De repente, fez-se silêncio total e dois ou três deles farejavam o ar como cães, de cabeça levantada, e comunicando por estalidos levantaram-se todos e desapareceram a correr mato fora, pela noite dentro.
Nunca mais os vi, durante os restantes dias da operação. Fomos sendo informados via rádio da progressão deles na direcção da fronteira leste, perseguindo sete INs  que foram abatendo dia a dia até ao último.
Ainda tive oportunidade de encontrar dois cadáveres, completamente despidos. Ficaram-lhes com todos os haveres…
Não consigo lembrar a data nem o nome desta operação, no entanto foi feita ainda eu era comandante interino da companhia, logo até 30 de Maio de 1973."

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72
conduta brava e em tudo distinta