quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Natal de 2008

(Por José Manuel Francês)







Mais um Natal se aproxima, onde poderemos, seguramente no convívio das nossas Famílias , relembrar tantas e tantas situações que ao longo das nossas Vidas ocorreram .

No calor dos nossos lares, na Alegria de estarmos juntos e vivos, saberemos seguramente apreciar os valores que nos unem enquanto Famílias.

Gostaria que este espírito, estivesse presente também connosco, Amigos e Camaradas, que desde um primeiro NATAL em M’PUPA nos temos mantido unidos e solidários.

Um pensamento especial para todos os Camaradas que já não partilharão este Natal com as suas Famílias. Um pensamento especial para todos os Camaradas que se encontram doentes com votos sinceros de rápidas melhoras.

Um pensamento VIVO para com todos os Camaradas, com muita Amizade , desejando que este NATAL seja pleno na estima da nossa união.

Sou Grato por poder dizer a toda a gente que uma das minhas prendas é ter-vos como AMIGOS!!

BOM NATAL !!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Recordações de Angola - 10 (Fazenda Tentativa)

(por Luís Marques)



Terminado o primeiro ano de comissão, em Dezembro de 1973, o Batalhão foi deslocado para a zona de Luanda, concretamente para a chefia do sub-sector do Caxito.


Caxito (avenida principal)


A C.C.S. e o comando do Batalhão ficaram instalados na Fazenda Tentativa, a 1ª Companhia, foi colocada na Barragem das Mabubas, perto do Caxito, a 2ª Companhia ficou instalada no ponto mais distante, a cidade de Ambriz, e, por fim, a 3ª Companhia foi aquartelada na Fazenda Tabi.

Ambriz

A barragem das Mabubas


Fazenda Tabi


Estar perto de Luanda foi como que uma bênção. Uma bênção, porque depois de um ano de total isolamento nas "terras do fim do mundo", poder cheirar, tocar e sentir a pulsação de uma cidade como Luanda, representou como que um prémio colectivo, para quem durante 13 meses apenas conviveu praticamente consigo próprio (sem embargo de todos termos muitas saudades dessas terras maravilhosas, de uma beleza quase intangível, com uma fauna selvagem esplendorosa).


O Vasconcelos e o Francês na Fazenda Tentativa (ao fundo, o Sousa)

O Vasconcelos e a nossa mascote, Piçudo, na Fazenda Tentativa

O Batalhão ficou, pois, bem perto da capital e no caminho para o Norte, onde a guerra colonial se iniciou em 1961. A Fazenda Tentativa fica situada na estrada para Luanda e a cerca de 14 Km das Mabubas. Entre a Fazenda Tentativa e as Mabubas, fica o Caxito, a povoação mais importante da área do Batalhão.


Caxito, Avenida Principal



A Fazenda Tentativa, sede do Batalhão, era naquele tempo uma importante exploração agro industrial. Tinha instalações para todos os trabalhadores, hospital e auto-defesa entregue a milícias. Era, na altura, uma importante produtora de cana do açúcar. Segundo os europeus que lá trabalhavam, as picadas no seu interior tinham mais de 300 Km de extensão.

Fazenda Tentativa (canal de irrigação)



A Fazenda Tentativa surpreendia pela sua grandiosidade. A sua enormidade, as vivendas, as escolas, a igreja, o hospital, a farmácia, o seu cinema ao ar livre, o campo de futebol, a própria fábrica e a vasta alameda que possui, davam-lhe um aspecto de modernidade, muito diferente daquilo a que estávamos habituados.



Fim-de-semana na Barra do Dande, arredores da Fazenda Tentativa


Como a Tentativa, existiam muitas outras explorações na área do Batalhão, como a Fazenda Libongos, sede de uma outra exploração agro pecuária e que na altura constituía o limite do trânsito livre para o Norte e a Fazenda Tabi, também ela uma exploração agro industrial muito importante, possuidora de auto-defesa e uma população trabalhadora muito importante. Esta fazenda produzia principalmente bananas , que eram exportadas para Portugal, bem como óleo de palma e óleo de coco.
A cidade do Caxito era um aglomerado populacional de alguma importância e um centro comercial relativamente próspero. Aqui se ouvia falar dos contactos estreitos da população nativa com os guerrilheiros, o que nos fazia estar mais atentos a pequenos sinais.



A cidade de Ambriz




Apesar da paz artificial que por ali se vivia, não podíamos desprezar a possibilidade de qualquer ataque inesperado e, por isso a circulação de pessoas e bens era condicionada. Essa a razão das constantes colunas de escolta de viaturas civis até à cidade de Ambriz realizadas pela C.C.S. (duas por semana). Sabíamos que os guerrilheiros se movimentavam por aquela zona, sendo uma das sua zonas de reabastecimento. Sabíamos que o Caxito era por eles utilizado para obter produtos essenciais.

A caminho do Ambriz




A cidade de Ambriz, onde foi colocada a 2ª companhia, antes de 1961, foi um importante porto exportador de café, no nosso tempo praticamente desactivado. O desenvolvimento da população estava essencialmente centrado num centro de instrução militar (infantaria) que existia na na cidade, na cultura do algodão e na a pesca, sobretudo a pesca da lagosta (quem não se recorda das saborosas refeições de lagosta - baratíssima - que se comiam em Ambriz), que abastecia generosamente a cidade de Luanda.




Vista da cidade de Ambriz






A 2ª companhia tinha um pelotão colocado em Freitas Morna, um ponto militar estratégico, mas de um total isolamento. Era no "cruzamento de Freitas Morna" que o MVL (Movimento de Viaturas Logísticas), que era por nós escoltado, se dividia entre aquelas viaturas civis que se dirigiam para Ambrizete, mais para Norte, e as restantes que se dirigiam para Ambriz. Situado perto da ponte sobre o rio Loge, Freitas Morna era de extrema importância para manter as ligações terrestres entre o Caxito e Ambrizete. A quem lá ia, impressionava as condições degradantes em que este pelotão vivia, para além do seu isolamento, contrastando fortemente com a realidade do resto do Batalhão. Dava a ideia que aqueles militares faziam parte de uma outra guerra.



Freitas Morna



A 1ª companhia de caçadores foi instalada na Barragem das Mabubas, local de muita beleza. Aqui tudo, ou quase tudo, se centrava na barragem que fornecia energia eléctrica a Luanda e sustenta as águas revoltas do majestoso rio Dange. A albufeira formada pela barragem é muito bela, imponente e alarga-se por vários quilómetros quadrados. Aqui se podiam ver jacarés em abundância. A missão da tropa era proteger a barragem contra eventuais sabotagens por parte dos guerrilheiros, defendendo, deste modo, uma estrutura da máxima importância para a cidade de Luanda. Outro dos atractivos era a curta distância que a separava da capital (60 Km), que se percorria em pouco mais de meia hora.




A barragem das Mabubas



Por último, resta falar da Fazenda Tabi, onde foi colocada a 3ª companhia. Aqui, tal como na Fazenda Tentativa, as instalações da tropa conviviam de forma harmoniosa, com as moradias dos administradores e restantes europeus e capatazes, bem como as restantes instalações fabris. Tal como se disse no princípio, esta fazenda produzia milhares de toneladas de banana por ano, quase toda exportada para Portugal, óleo de palma e coconote.


A Fazenda Tabi



Recordo uma extensa e bela alameda, onde centenas de macacos faziam contorcionismo nas árvores e davam as boas vindas aos visitantes.



Fazenda Tabi

São da Fazenda Tabi algumas das imagens mais chocantes obtidas no inicio da Guerra Colonial, em 1961. Recordo aquelas imagens em que, depois de um ataque surpresa efectuado à fazenda, os guerrilheiros (ao que se dizia drogados) deceparam as cabeças aos trabalhadores bailundos e as espetaram em paus. Os negros assassinados pertenciam ao povo Bailundo, originários do Sul de Angola , que tinham sido trazidos propositadamente para a região dos Dembos pelos colonizadores que os julgavam mais dóceis e facilmente domináveis do que os naturais do Norte. Mas a chacina também não poupou a população branca, tendo, aliás, revestido de especial crueldade a sua actuação junto dela.




Massacre na Fazenda Tabi , Fevereiro de 1961


A 3ª companhia tinha ainda um destacamento na Fazenda Libongos, sede de uma outra exploração agro pecuária e que na altura constituía o limite do trânsito livre para o Norte (era neste local que se dava instruções aos militares que constituíam a escolta das viaturas civis que se dirigiam para o Norte, para introduzirem a "bala na câmara" da G3, colocarem a respectiva patilha na posição de segurança e redobrarem a sua atenção).





A estrada Caxito - Ambriz na zona da Fazenda Libongos



Foi por estes locais, aqui sumariamente descritos, que o Batalhão de Caçadores 4611/72 passou quase 5 dos seus 24 meses de comissão em Angola. Até que o Batalhão foi deslocado mais para Norte, para o enclave de Cabinda, para apoiar a guerra no Sanga e no Miconje. Mas essa é outra história...

domingo, 30 de novembro de 2008

Recordações de Angola - 9

(por Luis Marques)

A continuidade e a constante actualização do nosso Blogue depende muito das colaborações vindas dos nossos antigos camaradas. Só com a vossa colaboração o Blogue terá razão de existir, pois foi a pensar em vós que ele foi criado.
Insistentemente temos solicitado a todos que contribuam com as suas recordações, quer sejam elas uma simples história sobre qualquer acontecimento passado ou actual, quer sejam elas algumas fotos, também elas da época vivida em Angola, ou actuais.
Publicamos agora no Fórum 4611 algumas fotografias que nos foram gentilmente cedidas pelo Fernando Santos (ex-Furriel Miliciano Sapador), que as foi buscar ao seu álbum de recordações. O espólio que nos foi entregue, contém algumas dezenas de fotografias. por essa razão, agora apenas publicamos parte delas, deixando as restantes para outra (próxima) oportunidade.
A primeira fotografia que publicamos é também uma muito sentida homenagem ao nosso saudoso capitão, Manuel Ferreira Júnior, uma santa alma. Que descanse na paz eterna. Os seus antigos camaradas não o esquecerão.


Capitão Manuel Ferreira Junior, comandante da C.C.S.

Eis, então, aqui, algumas das fotos que o Fernando Santos nos cedeu. Todas elas se referem ao primeiro ano de Angola, passado em M´pupa.

Posto de sentinela em M´pupa. O avião dos frescos a descolar da "pista", depos de nos ter reabastecido


A "pista" de M´pupa e o avião dos frescos






O avião dos Frescos

Pormenor do quartel de M´pupa. Em primeiro plano, o edifício do comando do Batalhão

Vista geral do quartel de M´pupa


Os rápidos de M´pupa (M´pupa quer dizer exactamente rápidos)

O alojamento dos sargentos

Habitantes do Kimbo de M´Pupa

Outro aspecto do Kimbo de M´pupa, vendo-se alguns ex-furriéis a passear, como se estivessem a passear na cidade mais cosmopolita.
Outras fotografias serão aqui publicadas em breve. Entretanto, renovamos o apelo insistentemente feito para que nos enviem algumas fotografias que tenham conservado ao longo destes anos, de modo a partilharem-nas connosco.

domingo, 16 de novembro de 2008

15 de Novembro de 2008

(Por Luís Marques)





A tradicional "foto de família"

Como vêem, a adesão dos antigos militares foi muito satisfatória

Decorreu, tal como previsto, o X encontro dos ex-militares da C.C.S. do Batalhão de Caçadores 4611/72, o qual teve lugar em Pombal, no restaurante "O Manjar do Marquês".

Este encontro foi vivido num ambiente de alegria e de sã camaradagem por todos os participantes.


Miss M'pupa, não faltou ao encontro


Cabe aqui uma palavra de louvação ao trabalho feito pelos dois organizadores, o Carlos Rocha e o Vítor Dias, cujo trabalho de elevada qualidade muito contribuiu para o nível de que este encontro se revestiu.



Um aspecto do convívio


Este árduo trabalho também levou a que neste encontro se alcançasse um recorde de participantes, quer de ex-militares, quer das suas famílias e amigos.






O saboroso bolo comemorativo


Alguns dos nossos antigos camaradas confraternizaram connosco pela primeira vez ao fim de 34 anos e a experiência sentida foi de tal maneira gratificante que prometeram voltar a estar presentes nos próximos encontros.



Alguns companheiros em Pombal



Só para sentir e viver a amizade que nos guia e nos une, talvez não tenha sido em vão aqueles dois anos roubados à nossa juventude. Em troca, a vida deu-nos este sentimento indelével que nos junta pelo menos uma vez por ano, com o coração cheio de alegria.






Infelizmente, alguns companheiros, por motivo de saúde, não puderam estar presentes como calorosamente desejaram. Para todos vão os nossos votos de rápidas melhoras e que em breve se juntem a nós. Deles temos muitas saudades. As palavras proferidas pelo José Manuel Francês, para além de justíssimas, ilustram bem o nosso sentimento em relação a esses amigos.






O José Manuel Francês anunciando o Blogue

Também justa foi a homenagem do Francês aos companheiros que já abalaram para outros combates, com destaque para o Carlos Vítor, provavelmente aquele que entre nós melhor soube transmitir aos seus entes mais próximos a amizade, o sentido de companheirismo e o afecto que nos une e que nos faz percorrer Portugal de Norte a Sul, para estarmos juntos pelo menos uma vez por ano. Ao estar também presente no X encontro, a família do Carlos Vítor, prestou-lhe igualmente uma bonita homenagem. Bem hajam todos! Serão para sempre bem-vindos.





Mas a vida continua. E todos já ansiamos pelo XI encontro anual em Novembro de 2009, o qual terá como cenário o Alentejo, a cidade de Évora e o Regimento de Infantaria 16, a casa mãe do nosso Batalhão de Caçadores 4611/72. A sua organização estará a cargo do António Godinho, a quem desde já prometemos toda a colaboração.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Aniversário

(por José Manuel Francês)



A porta d'armas em M'pupa


No dia 11 Novembro completar-se-á mais um aniversário da partida da nossa Companhia – Bat.Caç. 4611/72 – para terras de Angola.

36 Anos ficam passados, desde que jovens e em pleno vigor das nossas Vidas, deixámos Familiares e Amigos , numa missão para a qual ninguém nos perguntou se seria de nossa vontade !

Hoje sentimos que aquele dia foi para nós o inicio de uma caminhada conjunta, onde apesar de contratempos naturais provocados pela nossa idade e irreverência, conseguimos criar não só o “Espírito de Corpo” que militarmente nos era solicitado , mas as raízes de uma AMIZADE que se tem vindo a aprofundar e a tornar cada vez mais FRATERNAL !

Aproxima-se rapidamente o dia 15, onde uma vez mais vamos reviver , recordar e alimentar as nossas Vidas no prazer do reencontro.

Gostaria de deixar aqui, para que a nossa memória colectiva fique mais enriquecida , a recordação bem viva dos nossos Companheiros e Familiares , que por desígnios algumas vezes difíceis de aceitar, já partiram desta vida terrena , deixando-nos A ALEGRIA de os podermos ter tido como AMIGOS !

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Recordações de convívios anteriores

(por Luis Marques)

Enquanto pacientemente aguardamos pelo convívio anual de 2008, em Pombal, que mais uma vez é organizado pelo Carlos Rocha e pelo Vítor Dias, aproveitemos para recordar convívios anteriores.
As fotos que se seguem, foram gentimente cedidas pelo Carlos Rocha, que mais uma vez se mostra pronto a colaborar no blogue sempre que se mostra necessário, indo buscar ao seu album de recordações as fotos que guardam. As fotos continuam a valer por mil palavras.


Restaurante "O Cangalho", Barras, Novembro de 2000
(Rocha, Leal, Roriz, Leite, Francisco, Oliveira, Avintes, Reis, Menau, Carrapiço, Maurício e o Saudoso Carlos Vítor)

Santa Maria da Feira, Novembro de 2002

Montemor-O-Novo, Novembro de 1999



Novembro de 2000

Restaurante "O Cangalho", Barras

Santa Maria da Feira, Novembro de 2002
(Clara Rocha, Roriz e Carlos Rocha)



Convívio de 1999, em Montemor-O-Novo



Convívio de Novembro de 2000

(Beijinha e esposa, Clara Rocha, Carlos Rocha e Cabral)





Novembro de 2001, Reataurante "A Charrua", em Benfica do Ribatejo(Santos, Lurdes, Paraíso, Francês, Beijinha e esposa, Clara Rocha, Rocha, Batista, Roriz e João)




Montemor-O-Novo, Vovembro de 1999
(Familiar, Clara Rocha e Cabral)
Santa Maria da Feira, Novembro de 2002
(Pereira, Paraíso, Roche e esposa, Roriz, Leite, Costa, Arsénio e Costa)

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72
conduta brava e em tudo distinta