34 anos após o regresso a Portugal, os antigos militares da C.C.S. do Batalhão de Caçadores 4611/1972 reunem-se mais uma vez para recordar antigas juventudes passadas em Angola, de Norte a Sul (no sentido literal da frase). São antigos militares (hoje todos na casa dos cinquenta e muitos) originários dos 4 cantos de Portugal, que convergirão para Pombal, Leiria, no próximo dia 15 de Novembro para renovar abraços e recordações.
A "coisa" decorrerá no Restaurante “O Manjar do Marquês” (Aqueles que trouxerem condutor (a), poderão molhar os pés mais à vontade...). Além dos comes e bebes está prometida também uma tarde de dança para aqueles que não a dispensam.
Que estes convívios se mantenham por muitos mais anos é o que todos desejamos.
Que estes convívios se mantenham por muitos mais anos é o que todos desejamos.
Muito se tem lamentado que alguns ex-militares tenham pudor em escrever as suas recordações dos tempos da “Guerra do Ultramar”. Serão traumas que o tempo não apagará facilmente, será a inibição determinada por um sentimento de culpa por uma situação que, hoje, se sabe ter sido injusta. Bem sabemos que é difícil recordar todos aqueles momentos (os críticos e os alegres ou invulgares).
No entanto, aqui se exortam todos os antigos camaradas para que façam um pequeno esforço para recordar 1 ou 2 casos passados naqueles dois anos e para o compartilharem connosco. Irão ver que ao compartilhá-los, provocarão o chamado “efeito dominó” e outros se recordarão de outros episódios ocorridos naqueles dois anos. E há tanto para recordar! Uma (s) foto (s) também provocará o mesmo efeito.
TENHAMOS ORGULHO DO NOSSO PASSADO. A HISTÓRIA NOS HONRARÁ!
TENHAMOS ORGULHO DO NOSSO PASSADO. A HISTÓRIA NOS HONRARÁ!
Muitos de nós, que por lá passámos (afinal, quase todos os da nossa geração), não fomos formados e informados no sentido de poder entender a injustiça (a ilicitude) da nossa presença possessiva em África. Fomos, bem pelo contrário, ensinados com base na cultura de um nacionalismo pluri-continental desenvolvido por uma dita super-nação chamada Portugal, cuja propalada superioridade não era fácil contestar, quando a maioria da nossa população vivia pacatamente a sua vida rural, sem grande acesso às fontes informativas, aliás acauteladas pelos serviços de Censura, acolitada por um diligente Secretariado Nacional de Informação (SNI).
Os tradicionais "quimbos" do Cuando Cubango
Foi no próprio teatro das operações que muitos de nós intuímos quão injusta era a nossa presença lá. Ali melhor se compreendia que aquela terra não era nossa. Grandes fronteiras a separavam do nosso chão pátrio: o oceano, a cultura, a própria cor da pele. Iguais, mas diferentes. Porque, quer queiramos quer não, há fronteiras! Por muitas estrelas que se pintem numa bandeira.
Muitas Companhias de antigos militares se reúnem periodicamente nestas confraternizações. Outras nunca o fizeram. Seria curioso averiguar se, para uma situação e outra, não haverá um motivo determinante, porventura assente em comportamentos colectivos que tenham acarretado – mais para uns grupos do que para outros – um traumático sentimento de culpa, inibidor do cariz de festa que estas reuniões comportam. Talvez para alguns seja doloroso recordar.
Não é o caso da nossa C.C.S., que habitualmente e de há alguns anos a esta parte se reúne algures por este país, desta vez em Pombal. Trata-se de uma unidade que veio quase tão una como foi; apenas havendo a lamentar uma morte (não em campanha). Não obstante termos passado por Zonas de reconhecido belicismo. A sorte protegeu-nos.
Todos nós recordamos com saudades imagens iguais a estas (Palancas vermelhas nas margens do Rio Cuito)
Por último, queremos aqui prestar uma sentida homenagem a todos os que connosco conviveram aqueles dois anos em Angola e que para sempre nos deixaram. A sua presença perdurará para sempre nas nossas memórias e viverão para além dos tempos nos nossos corações. Que descansem na paz eterna as almas desses bravos.
1 comentário:
Como sempre, na base de uma vontade férrea de manter o NOSSO BLOGUE sempre VIVO , o Luis Marques brinda-nos com uma bela e sentida prosa.
Creio que acima de tudo, o que nos une e nos conduz anualmente ao local do Convivio é a AMIZADE fraterna que nos liga , desde os tempos de M'PUPA, esse sim o ponto de partida para esta longa jornada de amizade,onde felizmente, podemos festejar muitos momentos de alegria e lamentar muito poucas horas negras do nosso percurso colectivo.
Bem hajas Luis pelo teu empenho !
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