quarta-feira, 14 de julho de 2010

A minha passagem com o 4º grupo da 3ª Companhia pela Fazenda Tabi

(Por Abílio Hermenegildo)

(clica nas fotos para as aumentar)

Recordando o trajecto que se fez de Serpa Pinto para a Fazenda Tabi

Distrito de Luanda


Após uma longa viagem em viaturas civis finalmente chegámos à Fazenda Tabi. Como chegámos ao fim da tarde, a primeira coisa a tratar foi do alojamento e depois tentar conhecer o local onde tínhamos ido parar. Como entretanto já era de noite, pouco ou nada deu para ver onde tínhamos ido parar, mas uma coisa era certa: mosquitos havia com abundância e a primeira noite foi terrível para se conseguir dormir... o meu primeiro pensamento foi que, apesar de tudo, em Serpa Pinto estávamos bem e duma maneira geral a nossa missão pelas “Terras do Fim do Mundo” não tinha sido muito desastrosa, havendo a lamentar o falecimento dum camarada e amigo num acidente com uma Berliet. Mas como tínhamos que ir para onde nos mandavam, não havia outra alternativa senão fazer por esquecer e guardar como uma boa recordação a minha passagem por aquelas terras maravilhosas e encarar e tentar adaptar uma nova vida pela Fazenda Tabi, que no fim até que foi de pouca dura a permanência como todos sabem e se lembram, porque ao fim de 4 meses lá embarcámos para Cabinda.
Campo de Jogos na Fazenda Tabi.


Um “passeio” nos arredores da Fazenda Tabi a fim de reconhecer o terreno circundante


Durante o mesmo “passeio” só para a fotografia

Um dos muitos almoços no refeitório na Fazenda Tabi. Esta foi no início de Janeiro de 1974


E para não nos desabituarmos das lides militares logo no mês de Janeiro saímos para a primeira operação por dois dias (??) não sei para que zona, apenas sei que estivemos numa zona chamada “Horta do Marques” pelo que me disseram na altura, e estava tudo abandonado há imenso tempo como ilustra algumas fotos que tenho.

FOTOS NA FAZENDA HORTA DO MARQUES:

De realçar a existência da antena de rádio
Um dos pormenores existentes nesta fazenda era esta torre de vigia

Não faço ideia do que poderia ser pois estava muito danificado

Uma belíssima e especial refeição com o Brandão, pois ele tinha recebido uma encomenda dias antes com algumas coisas muito boas e saborosas e partilhou comigo. Ele foi o autor da fotografia.


Já de regresso à Fazenda Tabi depois de termos saído da Horta do Marques

Zona das instalações sanitárias com duches

A porta ao fundo é dum armazém em que ficou instalado uma parte da companhia como dormitório. Em frente havia uma enorme
árvore.  Penso que era uma mangueira com uma mesa e bancos.

Aqui está a tal mesa e vê-se uma parte da copa e pelas folhas parece ser duma mangueira.
Esta era uma das zonas mais agradáveis de se estar porque tinha uma boa sombra.


Depois de termos chegado à Fazenda Tabi entra-se na rotina de trabalhos habituais da Companhia, caso contrário aproveita-se o descanso para repor as forças, escrever para a família ou para os amigos. Uma das melhores tarefas era as pescarias que se fazia na praia a cerca de 7 km do nosso “quartel”. Nunca cheguei a ir a estas pescarias, mas os excelentes pescadores que o digam. Isto para não falar das idas a Luanda na sexta-feira e com regresso à segunda-feira



Houve uma saída para uma operação durante o mês de Fevereiro mas acabei por não participar, porque fiquei doente com uma boa dose de paludismo e que acabei por ficar internado na enfermaria por ordem do nosso Furriel “Seringas” e naquela altura acabei por ficar a fazer companhia a outros que também lá estavam pelo mesmo motivo. Logo de início do mês de Março houve uma saída dum M. V. L. para Freitas Mornas e depois para o fim do mês mais uma operação em que acabámos por sair na praia, mas depois não conseguimos atravessar a foz do rio porque a corrente era muito forte e tinha aumentado bastante o caudal. Foi preciso pedir pela rádio ajuda e veio um dos Unimogs, que com o cabo do guincho acabámos por ser "transportados" para a outra margem, já ao anoitecer.


Saída dos Libongos para Freitas Morna num MVL (Março de 1974)

Regresso do M. V. L. de Freitas Mornas.
Esta foto foi tirada pela viatura que vinha a nossa frente e seguíamos a uma velocidade de 120 km. Pela imagem vê-se que são viaturas muito velhas mas estavam bem afinadas graças à perseverança e sabedoria da Secção Auto
Mais um almoço com o Brandão. Era alternadamente que se ia tirando umas fotos


Regresso da Operação ao entardecer em finais de Março

Em vésperas de embarcarmos para Cabinda e como que em jeito de despedida no último fim-de-semana passado  na Fazenda Tabi (dias 6 e 7 de Abril de 1974), 5 “doidos” resolveram meter-se pelo bananal numa missão especial “Operação Banana Maçã”,  praticamente sem estarmos armados, quase de mãos abanar. Não satisfeitos com esta pequena aventura pois quisemos ir um pouco mais longe e lá fomos até á praia que ficava a uns 7 km, para tirar mais umas fotos e despedir daquela maravilhosa praia que nos forneceu peixe tão saboroso e fresco.




O mais operacional de todos: o Luís Silva ia armado até aos dentes.
Não me lembro quem era que estava com a máquina assim como o nome do condutor
(Se alguém se lembrar deste episódio que dê uma ajuda)
A nossa maravilhosa praia



Aqui a despedida...

E mais uma vez a 3ª Companhia do Batalhão 4611/1972, lá se viu envolvida numa mudança e desta vez para Cabinda, mas não tínhamos outro remédio senão ir e embarcar como aconteceu no dia 11 de Abril de 1974 estávamos no aeroporto e embarcamos num Nord Atlas da FAP com destino a Cabinda.


Para todos, aquele grande e forte abraço
A. Hermenegildo

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72
conduta brava e em tudo distinta