terça-feira, 24 de novembro de 2009

Recordações de Angola - 21 (Luis Silva)

(Por Luis Marques - Fotos de Luís Silva)

O Luís Silva foi 1º cabo operador de cripto da 3ª Companhia.

O Luis Silva esteve vários meses em M’pupa, destacado na C.C.S.


O Luís Silva e o Luís Moura Afonso (1º Cabo enfermeiro da C.C.S. há muito retirado do nosso convívio e agora localizado pelo João Rodrigues Cunha e pelo António Facas)

O Luis Silva, conhece bem o que foi a realidade das duas companhias do Batalhão de Caçadores 4611/1972. Ninguém como ele terá um conhecimento tão vasto e simultâneo, já que “pertenceu” a ambas e nas duas fez amizades.



O Luís Silva e o "Piçudo" a mascote da C.C.S.

Há dias tive oportunidade de com ele conviver, muitos anos depois de com ele ter partilhaado momentos e episódios passados em M’pupa. Pude constatar que as suas memórias sobre pessoas e factos ligados à C.C.S. estão bem vivas. O mesmo se dirá, com mais razão de ser, relativamente à 3ª Companhia.
O Luís Silva entregou-nos, por intermédio do António Elias, um conjunto de fotografias que reflectem um pouco do quotidiano das duas companhias. São documentos de elevado interesse que muito vão enriquecer o nosso álbum de recordações colectivo, pois contemplam recordações de locais bem diferentes como M’pupa, Serpa Pinto, Luanda e a Fazenda Tabi.


Em M´pupa

Em Serpa Pinto, à porta do seu quarto

Em M'pupa (tudo a fazer peito para impressionar...)

Com o António Lavado Ferreira (também 1º cabo cripto da 3ª Companhia), na 2ª noite após a chegada a Luanda)

Em Serpa Pinto

Em M'pupa, em pose para a fotografia (ao centro o soldado  José António Nunes, da C.C.S., já falecido)



Em M'pupa com uma cabeça de um bufalo caçado no dia anterior (segundo a legenda aposta na foto, teria cerca de 900 kilos)

Na primeira noite em Luanda (Amigo, Luís Silva, Facas, João Salgado, Jorge Correia, Lavado Ferreira e Arlindo Silva)


Na Fazenda Tabi, subindo a uma Palmeira


Ainda na Fazenda Tabi


Na Fazenda Tabi, fazendo protecção, enquanto se pescava à granada


Na Fazenda Tabe, junto à ribeira que servia para irrigação e na qual se apanhava camarão do rio "a granel"


Duas fotos na Fazenda Tabi
 

Fazenda Tabi, aquando da visita do comandante da RMA, General Luz Cunha (ver relato desta visita de autoria do António Facas, publicada em 9 de Maio de 2009)

O João Salgado e o Luis Silva, na Fazenda Tabi

terça-feira, 17 de novembro de 2009

XI convívio anual dos ex-militares da C.C.S. do Batalhão de Caçadores 4611/72 (Epílogo)

Por José Manuel Francês (texto), e Fernando Moreira (imagens)

 

Respondendo presente ao convite que o Godinho e Dário nos fizeram, lá estivemos nós uma vez mais para festejar a amizade na realização do Convivio comemorativo dos 35 anos de regresso de Angola, desta vez em Évora , cidade a que militarmente o nosso Batalhão está ligado, pois foi no Regimento de Infantaria 16 que no Batalhão de Caçadores 4611/72 foi nado e criado.
O dia amanheceu chuvoso, mas de diversos pontos do país, do Minho ao Algarve, os nossos caminhos tinham um só destino: o local onde nos deveríamos concentrar.








Vários aspectos da concetração das "tropas"

Lá estavam o Godinho e o Dário à nossa espera, dando preciosas indicações para que ninguém se perdesse .
Com a energia do Padre Geraldes, foi celebrada a missa na bela Igreja da Graça , recordando aqueles que já partiram e celebrando a amizade dos presentes.
Depois, fomos até à praça onde se encontra o quartel, outrora chamado de Regimento de Infantaria  16 e que agora é o Comando de Instrução e Doutrina do Exército, onde fomos recebidos por uma guarda de honra militar que abrilhantou a homenagem aos mortos do Batalhão.












Vários aspectos da homenagem aos soldados do Batalhão já falecidos e àqueles que lutaram na Guerra do Ultramar

Com a presença do CORGA, ex 1º sargento, que há uns anos não estava connosco, foi-lhe confiada a representação da Companhia, quer na colocação de uma coroa de flores junto do monumento que invoca a memória dos militares que lutaram e morreram no ultramar existente em frente ao quartel, quer do descerrar da placa comemorativa da visita ao Quartel.


A lápida comemorativa da celebração do 35º aniversário da nossa partida para Angola

Foram momentos repletos de significado, e que caíram bem fundo no coração dos presentes.
Seguiu-se uma visita ao Quartel, tendo grande parte dos antigos militares tido a oportunidade de recordar uns com os outros a sua breve passagem por lá no ano de 1972


 A parada do antigo RI 16


Depois, bem depois, foi um belo almoço, onde bem mais importante do que a ementa que nos foi servida , foi o partilhar das recordações que de ano a ano se vão fortalecendo e reafirmando como os valores que nos unem.



























Imagens recolhidas durante o almoço comemorativo

Este ano, foi com enorme prazer que recebemos , não a visita, mas a integração de dois camaradas da 3ª Companhia , o Facas e o Brazão, que vieram conviver connosco, graças ao nosso Blogue , que tanto tem contribuído para a reunificação do pessoal do Batalhão.
Esteve também presente o Fernando Moreira, um jovem que em Cabinda conheceu e conviveu de muito perto com a 3ª Companhia, enquanto esta esteve aquartelada na Roça Lucola, pertencente a seu Pai  "mindele" Moreira.

lembrando o passado em Angola

O espirito de grupo e de corpo está bem representado neste jovem, que apesar de não ter sido militar connosco, se sente  membro desta família do 4611/72 quanto qualquer um de nós.
Foi decidido , em nome do Blogue que nos liga , oferecer ao Fernando Moreira, o estandarte do Batalhão como agradecimento pelo seu empenho e trabalho feito pela unificação do pessoal das várias companhias do Batalhão de Caçadores 4611/1972.
Dentro dester mesmo espírito, o Brazão convidou os presentes a participarem também no Convivio que a 28 se realizará em Abrantes, pelo pessoal da 3º Companhia.
Estão  lançadas as primeiras pedras para que o projecto de unificação dos Convivios do Batalhão seja uma realidade, e já no próximo ano de 2010 iremos procurar concretizar uma organização conjunta da CCS e 3ª Companhia, para a qual ficaram já nomeados como responsáveis o Brazão  o Carlos Rocha e o Luis Marques. Pode ser que com o decorrer do tempo se juntem a nós os ex-camaradas das 1ª e 2ª Companhias.
Todos somos poucos para procurar contactos com elementos das 1ª e 2º Companhia para que este projecto de globalidade seja um êxito.
Gratos estamos pois, pelo esforço da equipa que este ano realizou este belo encontro e convívio na bela cidade de Évora !!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O Baile das viúvas


(por Jorge Correia)

Em tempos não muito distantes, era frequente promover umas embaixadas até ao Algarve, o destino era mais propriamente São Brás de Alportel onde ficávamos instalados em casa do nosso amigo, camarada, companheiro, soba e sabe-se lá mais o quê,....Moita !! bem, na verdade não era bem uma casa normal, era mais uma mansão que o Moita costumava alugar no Verão a estrangeiros. A mansão tinha dois pisos, oito quartos todos com casa de banho privativa e um terraço panorâmico no piso de cima e em baixo, um salão enorme, uma cozinha igualmente enorme, piscina e churrasqueira. Em diferentes ocasiões fui lá com o Madeira, o Figueira, o Girão e o Ramalho. Nesta história como podem ver pelas fotos, os intervenientes foram o Madeira, o Ramalho e eu próprio.

Durante o dia, os passos já eram mais ou menos conhecidos, encontrávamo-nos com o Moita, íamos todos almoçar, visitávamos a Pousada, ao Domingo almoçávamos na quinta, enfim, frequentávamos os “mentideros” da região e conhecíamos os amigos do Moita, nos mesmos locais de sempre tal era a frequência que registávamos nestas nossas deambulações,...em duas ocasiões fomos mesmo ter com o grande ilustre Vidigal a Portimão.
Entretanto, depois do jantar com uma amena cavaqueira a acompanhar, colocava-se a velha questão,....e agora ??? o programa acabava invariavelmente por ser o mesmo de sempre....Destino: Baile das Viúvas. Numa localidade perto de São Brás, um clube de baile promove bailes onde senhoras viúvas e divorciadas, se relacionam com amigos já conhecidos e fazem novas amizades, num convívio salutar, pois é sabido que parar é morrer e há que criar motivos para continuar na luta por perspectivas de vida animadoras.
Por sabermos que isto é uma grande verdade, aqui vão estes três operacionais, ( o Moita não ia, pois não tinha ordem de soltura e a patroa estava atenta) aliás dois operacionais e um especialista de rádio transmissão (de pensamento) mas a culpa não era dele, era dos rádios que já estavam todos marados.
Onze horas da noite; avançamos decididos a partir tudo no clube de baile das viúvas. Entramos e fazemos imediatamente o reconhecimento do terreno, escolhemos uma mesa ao canto como é de bom-tom (somos gajos discretos) e estudamos o ambiente com vistas a um possível avanço táctico. Chegam os primeiros Gin´s Tónicos. Decidimos avançar para os nossos alvos preferenciais, três ainda esbeltas senhoras que nos parecem divorciadas (talvez) ....azareco, três tampas devolvem-nos à procedência e abancamos de novo no nosso canto, estudando novas estratégias para novas investidas com melhores garantias de sucesso. Chegam os segundos Gin´s Tónicos. Decidimos que desta vez teríamos que ir ao assalto de material mais pesado, tipo 2ª guerra em bom estado de conservação.
Partimos para os nossos alvos já previamente escolhidos e desta vez houve um sucesso a 100%. Convido uma senhora viúva para dançar, e ela simpaticamente, com um sorriso aceita e começamos num slow que era precisamente o meu forte nos idos anos 60 de boa memória. Nunca fui um bom dançarino, muito longe disso, nos anos 60 o meu tipo de dança baseava-se mais no esfreganço que no dansanço. Mas enfim, ali em consideração para com a minha parceira de ocasião, lá fui fazendo o meu melhor, mas a verdade é que o meu melhor, era muito pouco,...depois das primeiras pisadelas, pedi desculpa e lá fui conseguindo acertar o passo,..a minha viúva, essa via-se que dançava, era uma batida.
Ali mesmo ao meu lado reparo que estava o Madeira, esse sim, rodopiava em bom estilo, fazendo lembrar um dançarino ainda na activa,...a viúva dele acompanhava o ritmo com facilidade, formavam um bom par. Mais distante consigo avistar o Ramalho que num estilo mais pesadão, agarrava a sua viúva decididamente, tipo, 'esta é minha e já ninguém a agarra'. Bom, lá fomos indo enquanto a música o permitiu, pois quando mudaram o tom para coisas mais mexidas, ritmos latino-americanos e afins, encostámos ás boxes. As viúvas simpaticamente acompanharam-nos e em amena cavaqueira trocámos informações mútuas, do género "jogar conversa fora" como dizem os brasileiros. Desta vez já era tardote e vieram uma cervejas com chamuscas e sandes de fiambre. Quando regressava um slowzito, aí íamos nós feitos malandrecos dar mais um pezinho de dança. No fim, queremos saber a sempre abalizada e técnica opinião do Ramalho sobre o material de guerra que nos calhou,....com o seu ar formal responde, que naturalmente não têm nada a ver com os cafecos africanos, mas enfim, podiam estar em pior estado. Ficámos esclarecidos !!
Bom, com isto tudo, eram 4h da matina, hora de fecho do recinto. O Madeiral ainda sugere uma última aventura com as viúvas, no nosso quartel general, mas decidimos desistir, pois era chato prolongar a operação sem conhecimento do comando de operações.
E assim, acabamos por regressar aos nossos aposentos, mais uma vez com a sensação do dever cumprido, não sem antes irmos ao pão quente que marchava que nem gingas com umas bejecas. E pronto, dois operacionais e um especialista, vão a caminho dum xixi cama para um soninho retemperador.



O Madeira, o Ramalho e o Jorge Correia, recentemente na casa do António Moia em São Brás de Alportel


O Ramalho e o Jorge Correia em São Brás de Alportel (centro do mundo, como lhe chama o António Moita)


Nada de conclusões precipitadas. Trata-se do Jorge Correia, mas em Fortaleza, Brasil, quando ele por lá passou no final do mês de Outubro a caminho de São Luís do Maranhão.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

11 de Novembro de 1972

(Por Luis Marques)



Hoje é dia de São Martinho.
Há 37 anos atrás também era dia de São Martinho.
Mas faz hoje precisamente 37 anos que os militares da CCS do Batalhão de Caçadores 4611/1972 chegaram a terras angolanas.
Aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa, dia 10 de Novembro de 1972, pelas 23:00 horas.


Aspecto do Aeroporto de Figo Maduro em 1972
Fez ontem 37 anos que, há mesma hora em que escrevo estas linhas, estávamos todos em Santa Margarida, com o coração bem apertado, apesar de a maior parte de nós procurar demonstrar o contrário.
Lembro-me da última refeição antes do embarque, o almoço. Na messe de Sargentos de Santa Margarida fomos surpreendidos por um suculento e saboroso bife com batatas fritas e arroz, e como sobremesa umas apetitosas castanhas assadas. Os militares que serviam na messe colocaram um cartaz de saudação, muito simpático, cujo teor já não me recordo.


O Ameixa (infelizmente já falecido), o Godinho, o Dário e o Cabecinha em Santa Margarida no dia 11 de Novembro de 1972, antes do embarque para Angola

Foi o primeiro dia de uma ausência de mais de dois anos.
A maior parte de nós só regressou a Portugal no final de Novembro de 1974.
Éramos então jovens de 20 anos, algo irreverentes, e em pleno vigor da vida, com a cabeça cheia de sonhos, que uns conseguiram concretizar, outros nem tanto...
Foi o início de um percurso por uma vereda que por vezes se revelou estreita e agreste.
Que pensamentos nos acometeram nessas 9 horas de viagem? Que medos e maus presságios viajaram connosco?


Certamente foi esta uma das primeira visões que tivémos de Luanda, no dia 12 de Novembro de 1972, pela manhã, antes de aterrarmos no aeroporto de Luanda (no caso o Bairro da Maianga)


A Baía de Luanda, capital da província de Angola, cidade onde desembarcámos na manhã do dia 12 de Novembro de 1972


O bulício da baixa da cidade de Luanda em 1972, foi para muitos de nós uma surpresa
Já no próximo dia 14, sábado, vamos todos poder reviver e lembrar, não só o dia 11 de Novembro de 1972, como os dois anos de comissão. Falo, como já compreenderam, do XI encontro anual da CCS do Batalhão de Caçadores 4611/72, que este ano se realiza em Évora, cidade onde o Batalhão teve o seu início.

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72
conduta brava e em tudo distinta