sexta-feira, 27 de março de 2009

A NOSSA GRANDE FAMÍLIA

(Por Luís Marques)


O casal Fátima e Fernando Pinho

A nossa passagem por Angola nos anos de 1972 a 1974 firmou na grande maioria de nós uma amizade que com o passar dos anos se foi consolidando e se estendeu à família de cada um, fruto, entre outros factores, dos convívios que, pelo menos uma vez por ano, nos levam a percorrer o país de Norte a Sul, com o forte deseja de rever e abraçar amigos que nos connosco estiveram por terras de Angola, bem como as respectivas famílias.
Podemos assim dizer que as nossas famílias são uma porção bem importante desses encontros, sendo para nós complicado explicar qual a fronteira entre nós próprios e a família de cada um (no âmbito da envolvência de tudo o que diz respeito aos referidos encontros, claro está).
Dir-se-á que essa fronteira não existe na prática, já que se firmou uma união forte e indestrutível, e que uma coisa (nós) não faz sentido sem a outra (a família de cada um, que é, no fundo a família de nós todos).
Logo após o nosso regresso de África, mais propriamente em Abril de 1975, um de nós, aproveitando uma oportunidade na vida, abalou de Portugal em direcção ao Brasil onde constituiu a sua família (outros o fizeram igualmente, para os destinos mais variados. A uns foi localizado o paradeiro. A outros perderam-se definitivamente os sinais)
Estou a falar, concretamente, do Fernando Pinho, o nosso furriel de intendência (Vago Mestre).
O Fernando Pinho foi “encontrado” por nós em Outubro de 2006, em terras de Vera Cruz, no final de insistentes buscas
Em Maio de 2007 esteve em Portugal num encontro de ex-furriéis que teve lugar em Figueira de Castelo Rodrigo, organizado pelo Joaquim Raposo. As imagens desse convívio já constam deste blogue, colocadas em Abril de 2008.
Apesar de longe, o contacto com o Fernando tem sido diário (através do chamado correio electrónico) e podemos assegurar que as notícias que dele recebemos são praticamente “em cima da hora”. Também ele é mantido ao corrente de todos os acontecimentos que nos dizem respeito. Do Fernando, já conhecíamos a sua admirável esposa, Fátima, que connosco esteve em Figueira de Castelo Rodrigo, em 2007.
Não conhecíamos os seus dois filhos, apesar do Fernando Pinho nos ter dado a conhecer, através das suas descrições, as principais característica deles. Só faltava mesmo conhecer a fisionomia de cada um deles, ou seja, conhecê-los “ao vivo e a cores”.
O Fernando fez-nos a vontade. Remeteu-nos agora fotos dos seus “filhotes”.
Como a família do Fernando Pinho é a nossa família, aqui ficam as fotos que nos enviou, para que todos possamos conhecer essa gente maravilhosa. A parte separada de nós que aos poucos estamos a tentar agrupar, para que no final possamos afirmar com alegria: Estou feliz. Tenho uma família imensa à minha volta.




O Daniel e a Patrícia os fihotes da Fátima e do Fernando Pinho.

Ela é formada em Biologia e dá aulas no Rio de Janeiro; Ele estuda Engenharia. Os traços da família são bem vísiveis em qualquer deles (ele parecido com o pai e ela com a mãe)





A Fátima e o Daniel


O Fernando Pinho e a Fátima



D. Augusta (a avó, mãe da Fátima) e a Patrícia. Não são uma gracinha?



O Daniel, na mesa da consoada no Natal de 2008.

Como vêem, lá no Rio de Janeiro, não falta no Natal o bem português bacalhau com batatas

terça-feira, 24 de março de 2009

EFEMÉRIDE (24 DE MARÇO DE 1973)

(Por Luís Marques)







"There is no dark side of the moon really. Matter of fact it's all dark."





Faz hoje 36 anos que foi editado o álbum dos Pink Floyd The Dark Side of the Moon”. Por esta altura estávamos nós na solidão do Cuando Cubango e só tivémos os primeiros contactos com o álbum alguns meses mais tarde, quando fomos deslocados para a "Fazenda Tentativa", em Dezembro de 1973.

Como se recordam, este álbum foi uma referência em termos musicais durante a nossa permanência em Angola e despertou-nos a curiosiodade para descobrirmos outras obras dos Pink Floyd.

O álbum concentrava a sua imagem nas longas passagens instrumentais aliadas a um conjunto de canções que representavam um forte diagnóstico da natureza humana: Money (a ganância); The Brain Damage (a insanidade); Breathe (a liberdade individual); Us and Them (a guerra), The Great Gig in the Sky (a morte), Time (a nossa passagem pela vida, sempre a correr) etc.


Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain.


You are young and life is long and there is time to kill today.


And then one day you find ten years have got behind you.


No one told you when to run, you missed the starting gun.


(Time)


A primeira apresentação "ao vivo" do álbum, em 1973 - Earls Court, Londres, em 18 de Maio de 1973


Tornou-se um dos álbuns mais marcantes da música popular urbana.

Se o ouvirem hoje, verão como permanece contemporâneo. Um som cristalino e futurista, um conceito ambicioso de música, nunca experimentado até então, fizeram deste álbum um ícone da música.

Uma capa muito bem concebida, que também ela se tornou um ícone.

Muito tempo passámos nós a ouvir este disco; ele também nos ajudou a suportar a ausência de outra coisas.

Para os músicos que criaram este álbum soberbo (Roger Waters, David Gilmour, Rick Wright - recentemente falecido - e Nick Mason) vai o agradecimento de todos nós.





"I'll See You On The Dark Side Of The Moon"

segunda-feira, 9 de março de 2009

FAZENDA TENTATIVA (1974)

(Por Luís Marques)





No passadio dia 2 deste mês de Março, foi enviada uma mensagem para a caixa de correio associada ao blogue Fórum 4611 ( forum4611@gmail.com ).
Trata-se de uma mensagem de uma senhora, Patrícia Lara de seu nome, residente na Reino Unido, que nos perguntava se havíamos conhecido, durante a nossa passagem pela Fazenda Tentativa, seu pai, Liberto Sousa Lara, ou seu avô, António Sousa Lara.
Seu pai morrera era ela pequena, mas guardou na memória as histórias que ele lhe contava sobre a Fazenda Tentativa. Infelizmente perdeu todo o contacto com a família paterna e perguntávamos se por acaso conhecíamos alguém ligado à sua família a quem pudéssemos entregar o seu contacto.
Infelizmente, tanto quanto nos foi possível apurar junto de alguns de nós, não nos recordamos quer de seu pai quer de seu avô.
Contudo tínhamos todas as razões para nos recordar, pelo menos de seu avô, António Sousa Lara, pois ele foi nem mais nem menos O DONO DA FAZENDA TENTATIVA, no tempo em que nós permanecemos lá estacionados, em 1973 e 1974.
A prová-lo, apresento a seguir um excerto retirado de uma página da Internet, do próprio “Jornal de Angola”: ( http://www.jornaldeangola.com/artigo.php?ID=9739 )

A Fazenda Tentativa em 1974

"Memória



Segundo, Marcos Jorge, o ano de 1973, foi excelente para a agricultura em Angola, no açúcar e nas demais culturas, favorecidas pelas condições climáticas e pluviométricas que se registaram naquela altura.
Nesse ano, a “Açucareira 4 de Fevereiro” atingiu o índice de produção mais alto de toda a sua história, chegando a atingir a cifra de 23 mil toneladas.
A média das campanhas anteriores era de 15 mil toneladas ano, cifra que foi baixando até alcançar por altura da independência nacional, 2 mil toneladas na última campanha realizada em 1991.
Este fracasso deveu-se também à falta de peças sobressalentes para reposição, cujos stocks em armazém haviam terminado, bem como o avançado estado de degradação da maquinaria.
A Companhia de Açúcar de Angola, actual “Açucareira 4 de Fevereiro”, que incluía a Açucareira de Caxito, “Fazenda Tentativa”, assim como o Marcos Canaveses na região do Cubal, área reservada à produção de sisal, Luacho e Caxito (Fábrica de óleo de palma e sabão), Cuio (Pescaria e Porto), eram propriedades de António Sousa Lara.
Em 1974, essas propriedades foram vendidas ao Grupo Espírito Santo. Nessa altura já existiam projectos para ampliação da fábrica e da área de produção de cana-de-açúcar, isto, porque naquela época já se fazia sentir o custo de produção muito alto e havia necessidade de se fazer rentabilizar a fábrica, dotando-a de uma maior capacidade de moeda e maior extensão de cana-de-açúcar, uma vez que viavelmente e economicamente, já não existiam fábricas com aquele tamanho.“
Neste caso, nós somos privilegiados, porque podemos expandir a nossa fábrica, o que já não acontece com a fábrica da Catumbela que tem uma área limitada, visto que a mesma se encontra no meio das cidades do Lobito/Benguela,” asseverou, o director adjunto da “Açucareira 4 de Fevereiro”.
A nossa área de total, acrescentou, é de 15 mil hectares. Desses 15 mil hectares há uma área não cultivável, por possuir zonas montanhosas, com problemas de salinidade, fertilidade necessária, entre outros aspectos técnicos.“
Eu pessoalmente, acredito que se possam aproveitar até 10 mil hectares. Mas se a empresa que vier para aqui tiver capacidade para fazer o tratamento que o solo necessita, talvez seja possível alcançar os 12 mil hectares,” rematou,
Marcos Jorge.A empresa teve sempre uma média de 3 mil e 500 trabalhadores. Mais tarde, com a introdução da mecanização no que respeita a transportação de cana e carregamento, reduziu-se para 2 mil e 500 até‚ altura da sua paralisação, em 1991."


A Fazenda Tentativa, actualmente

terça-feira, 3 de março de 2009

Novo encontro em Viseu - 2

(Por Luís Marques)



Há muito prometida, concretizou-se no passado fim-de-semana (dias 27 e 28 de Fevereiro e 1 de Março), mais uma visita de alguns de nós à cidade de Viseu.
Tal como das outras vezes, o anfitrião foi o Adriano Monteiro, que com uma paciência enorme abriu as portas de sua casa para receber o Quim Raposo, o João Novo, o Jaime Ferreira, o Manuel Magalhães e o Luís Marques. E acreditem que não é tarefa fácil.
Estes encontros são um pretexto para todos confraternizarmos, revivendo com saudade os tempos passados em Angola e outros mais recentes, pois tudo serve de pé-de-cantiga para reviver o passado. Mas também para falar do quotidiano e do futuro.
Mas também são motivo para apreciar os óptimos cozinhados feitos pelo Monteiro e pelo Quim Raposo.




Realmente, sobretudo estes dois, descobriram vocações para a arte da culinária, que não lhes passavam sequer pelas cabeças nos tempos em que estávamos em Angola e muito menos a nós.
O Monteiro tem o atributo acrescido de ser um enólogo de reconhecidos e elogiados méritos. Podem crer que produz um vinho de inigualável qualidade.
Na sexta-feira, dia 26 de Fevereiro, fomos brindados com uma refeição digna dos Deuses: um saboroso “galo bêbado” (recordo que o Monteiro faz parte da “Confraria do Galo”, de Viseu), cozinhado com sabedoria pelo Quim Raposo, e a acompanhar um saboroso arroz de míscaro, feito pelo Monteiro.
Depois, as magníficas refeições sucederam-se no sábado e no domingo (feijoada e leitão assado) tudo cozinhado com as mãos de mestre do Monteiro e do Raposo, mas sempre acompanhado pelo estupendo vinho feito pela mão sábia do Monteiro. Falta-me o saber dos verdadeiros mestres da escrita para vos fazer entender a excelência dos cozinhados saboreados e do vinho experimentado.
Ao longo do fim-de-semana sucederam-se as tertúlias sobre os mais variados temas, mas tendo sempre como pano de fundo a nossa vivência em Angola, vindo à colação os mais diversos episódios.




Mas para o jantar de sábado estava-nos reservada uma agradável surpresa: o Monteiro convidou para esse jantar dois amigos seus, entre os quais o Sr. Francisco Matos, cerca de 10 anos mais velho que nós, antigo militar (caçador especial) e que igualmente fez a sua comissão em Angola. Mais: esteve praticamente em todos os locais em que nós estivemos, com destaque para o Cuando Cubango e conheceu e conviveu com as mesmas pessoas que nós conhecemos e convivemos, incluindo o italiano Portas.
De imediato se estabeleceu um diálogo bem vivo, com destaque para o Sr. Francisco Matos, que com uma excelente eloquência nos contou alguns episódios da sua vida por terras de Angola. Nós, pela nossa parte, também procurámos enriquecer a conversa com a nossa vivência dos acontecimentos e episódios pitorescos.
O Sr. Francisco Matos, na altura em que nós andámos pelo Cuando Cubango, era comerciante e industrial em terras de Chitembo (povoação situada a alguns quilómetros de Serpa Pinto (actual Menongue) a caminho de Nova Lisboa (actual Huambo).
Ficou a promessa de novos encontros, os quais se aguardam com entusiasmo e expectativa. Uma coisa é certa: exigimos ao Monteiro que faça tudo para que o Sr. Francisco Matos esteja pelo menos uma vez sentado à nossa mesa.
Resta acrescentar que o Sr. Francisco Matos é o proprietário daquela lagoa em que o Quim Raposo e o Jaime Ferreira exibiram os seus dotes de pescadores (embora com a colaboração de várias trutas instruídas) e que consta neste Blogue – ver mensagem de 25 de Maio de 2008 titulado “Encontro de Ex-furriéis da CCS Bat. Caçadores 4611/72" - e que a tal lagoa foi criminosamente esvaziada de todos os peixes que possuía por alguém.




BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72
conduta brava e em tudo distinta