"Ninguém ainda sabe se tudo apenas vive para morrer
ou se morre para renascer"
Marguerite Yourcenar
José Manuel Martins de Melo Duarte
Há uns tempos estando de volta dos livros de Jean Laterguy, que para alguns de vós foram certamente de leitura obrigatória, pensei, sob o titulo de Centuriões e Pretorianos desenvolver um trabalho sobre o modo como Roma recrutava e mobilizava os seus legionários e os enviava para as fronteiras do império de modo a defenderem este.
Os Centuriões tinham como juramento:
"Povo de Roma, ouvi este juramento:
Prometemos solenemente a nossa força, o nosso sangue, as nossas vidas a Roma. Não recuaremos. Não cederemos. Não nos importaremos com o sofrimento ou a dor.
Enquanto houver luz, daqui até ao fim do mundo, somos por Roma e pela Legião. O Verdadeiro Legionário é aquele que procura, constrói e defende a sua Roma...
O Verdadeiro Legionário é aquele que vive lealmente na fraternidade da sua Legião!
Estaremos unidos como uma familia. Estaremos juntos! Manteremos a união!“
Filipe Silva, Duarte, Teixeira e Valente
__________________________________________________________________Pegando neste Juramento; “O verdadeiro Legionário é aquele que vive lealmente na fraternidade da sua Legião!” mantendo-se unidos como uma família; “Estaremos juntos! Manteremos a união”, faz-me pensar nesta família não natural mas de laços talvez mais fraternos que se criou nas várias centurias que Lisboa enviou para as fronteiras limites do império, para as terras do fim do mundo...
O seu Pelotão na Roça Lucola, em Cabinda
Tal como em todas as famílias a história das mesmas faz-se de risos e de dores, de perdas e ganhos e hoje o momento é de dor e de perda na nossa família.José Manuel Duarte Na Roça Lucola, Cabinda
Hoje o dia é de dor, mas procuro acreditar que aqueles que partem primeiro irão esperar pelos que irão depois, conforto-me pensando que este nosso amigo partiu para o seu Vuku e que ali encontrará certamente outros companheiros, familiares e amigos que partiram antes dele e que o ajudarão nesta sua nova existência.
Para nós e certamente para a sua família este nosso amigo existirá enquanto existirmos, enquanto tivermos memória...enquanto a nossa dor se mantiver!
José Manuel Duarte, na Roça Lucola, na varanda da residência dos Oficiais
O José Manuel Duarte numa das últmas fotos tiradas em Angola, a caminho de Luanda, após a saída de Cabinda em Novembro de 1974
19 comentários:
Nesta hora não há muito que dizer, apenas que lamento que a vida não tivesse proporcionado um tempo de convivio mais dilatado com o Duarte. Nesta hora de tristeza deixo o meu abraço e a minha solidariedade para com a família. O espaço fica em aberto às palavras dos seus camaradas.
Lamento muito o falecimento do amigo Duarte do "Meu Alferes Duarte"
Previsível, mas difícil de aceitar.
Um Abraço de condolências à família.
Nogueira
É efectivamente um nefasto acontecimento , para o qual,infelizmente
temos que estar preparados pois cruza-se a cada passo das nossas
vidas.
Que descanse em paz, e para a sua Familia envio um abraço solidário.
Para nós Familia 4611, o meu abraço especial para todos os que com o
Martins, conviveram
e privaram.
Francês
Sinceramente, rebuscando na memória, não me foi possível lembrar-me de um encontro, mesmo fortuito, com o Zé Manel Duarte, durante a nossa comissão em Angola. Eu na CCS ele na 3ª Companhia. Certamente que nos cruzámos um dia, uma ocasião, em Serpa Pinto, Fazenda Tentativa, Tabi, ou em Cabinda. Só que não tenho essa lembrança…
Mas, pelo contrário, tenho uma grata recordação das duas últimas vezes que estive com ele. Foi em Vendas Novas, no quimbo do Facas, onde ele fez questão de aparecer, sendo até um dos primeiros a confirmar a presença e, mais recentemente, em Abrantes, no dia 28 de Novembro, no convívio anual 3ª Companhia, onde ele esteve, já muito debilitado, mas a gritar bem alto PRESENTE!!!
Recordo-me de o ver muito emocionado quando lhe cantaram os parabéns…e pelo rosto de todos nós correu uma lágrima, não de tristeza, mas de afecto pelo Homem que ali estava na nossa frente, que preferiu abandonar a comodidade e o conforto que lhe eram tão necessários, para estar com os seu irmãos de armas. Com aqueles com quem partilhou alegrias e mágoas. Com aqueles, seus pares, com quem passou mais de dois anos da sua vida. Dois anos da sua melhor juventude.
Zé Manel Duarte. Estejas onde estiveres, se te encontrares agora no teu “Vuku” (o Sítio do Vento) como diz o Fernando Moreira, estás agora em paz. Contempla, agora, com serenidade a beleza do Sertão africano; a beleza do entardecer africano, o mar e a floresta virgem do Maiombe.
Até sempre…
Luís Marques
Fico muito triste como podem caucular, mas enfim todos nós vamos ter o mesmo caminho,mais tarde ou mais cedo.
Faço minhas as palavras do LUIS MARQUES,ele existirá enquanto nós existirmos.
Já visitei o forum e quero dar os parabens ao Luis e ao FERNANDO MOREIRA pelo bom trabalho publicado sobre o camarada ZÉ DUARTE.
Um abraço para todos
FERNANDES.
Infelizmente, é como diz o Fernando, ficámos sem um dos nossos e não é fácil perder um amigo.
Abraço
António Elias
Foi com grande tristeza e consternação que soube que o nosso querido amigo Duarte já não estava entre nós.
Infelizmente por muito que queiramos nunca estamos preparados para uma situação destas, pois é sempre muito difícil de aceitar, quer seja com um Amigo ou com um Familiar.
Apesar do momento ser de tristeza, não quero deixar de dar os meus parabéns ao Fernando Moreira pela homenagem prestada no fórum ao nosso amigo e saudoso Duarte.
Quero deixar o meu abraço de condolências à Família do Duarte nesta hora de grande tristeza.
Para a Família 4611 o meu abraço de solidariedade
Embora nem queira acreditar mas... "Nestes" momentos nunca sei como reagir nem agir. Sei que continuamos juntos e a reviver todos os momentos que juntos, mesmo distantes passámos.
Embora difícil de aceitar, não há outra forma embora saibamos que é a unica certeza que temos desde que chegámos a este mundo cruel.
Um Abraço a todos quanto partilham este momento e à Família as minha sentidas condolências. Gostaria de estar presente para vos acompnhar nestas horas difíceis e momento de dor .
António F.Delca Facas
As nossas sinceras condolências a toda a família. Não é fácil ver partir alguém com quem privámos grandes momentos... Fica a certeza de que, embora não esteja presente neste mundo, mas continua em nossos corações.
Para o Duarte onde quer que esteja, fica aqui a minha homenagem.
Família Brazão
As minhas condolências à família e um beijo em particular à esposa.
Junto o meu pesar ao dos seus amigos de serviço militar.
Maria Fernandina Moreira
Como diz, e bem, o Nogueira, «previsível, mas difícil de aceitar», o
falecimento do Duarte. Nas nossas memórias, continuamos a pensar nele e a
gostar dele. Que descanse em Paz. Condolências à Família. Sabem alguma coisa
do funeral?
Abraços do
Valente
Amigos:
O funeral - muito sentido - teve lugar em Coimbra, a partir das 11:30.
Presente esteve muita gente de Miranda do Corvo, incluindo a própria Presidente da Câmara Municipal, uma vez que a esposa é professora na Escola secundária dessa Vila.
Claro que não só gente de M. Corvo marcou presença, pois a Capela onde decorreram as cerimónias estava completamente cheia, não contando c/ as pessoas que estavam no exterior.
Ex-militares que marcaram presença: Martins Correia, o Elias e o Leal
Um grande abraço
JMLeal
Muito emocionada, estive a ver a homenagem que fizeram ao meu marido neste fórum. Obrigada! Podem crer que, para ele, não poderia ter sido melhor e mais eficaz. Luís Marques: que palavras bonitas...; Fernando Moreira: a tua mãe é um amor - para ela um terno beijinho (o Zé, como sabes, sempre me falou nela com imensa simpatia e gratidão e, mais uma vez, ela mostra que está com ele). Eu sei que muitos de vós quereriam ter estado presentes no adeus ao Zé, mas não se preocupem, pois o 4611 esteve muito bem representado. A melhor homenagem que lhe poderão fazer é continuarem com o blogue e com os convívios e irem dizendo umas graças referentes à sua pessoa. Já agora, também sei que que gostaria que bebessem um Whisky por ele... O Elias foi sempre o irmão que ele não teve - entendiam-se sem falar! Nos últimos dias (perto de 1 mês) esteve internado numa unidade de cuidados paliativos e esteve acompanhado pelas fotografias do Paulino, do Oliveira e do Elias (tive que fazer uma escolha, por amostragem, até por dificulades de obter rapidamente fotos em papel).
Ficam os meus contactos:
Maria Helena Martins Duarte
R. D. Ernesto Sena de Oliveira, lote 3 - 2º Esq.
3030- 378 Coimbra
tel 239723559; Telem 919719571
helenarduarte@gmail.com
Conforme disse no mail que enviei, espero que não se esqueçam de mim nos próximos convívios.
Bjs e abraços para todos e respectivas famílias, muito em especial para todas as esposas que conheço e, claro, para a mãe do Fernando Moreira.
A vida continua, todos sabemos que era inevitável; não vou deixar de andar bem disposta e a rir-me (como ele goatava) mas... dói!
Lena
Um dia, estava eu de volta das fotos que o Duarte me tinha cedido, e verifiquei que o nosso amigo Duarte apresentava sempre um ar como que ausente, estando presente, como que um observador analisando... Como tinha estado há pouco no convívio de Vendas Novas, revi as fotos e voltei a apanhar esse ar de observador que o Duarte mantinha. Em conversa telefónica com o Elias e após lhe transmitir a ideia que tinha do Duarte e que me escuso de referir pois será certamente idêntica à que aqueles que com ele conviveram têm, lancei a pergunta;
-" Olha lá, se tivesses que me dizer algo do Duarte o que dirias?"
O Elias naquela sua característica fala rápida respondeu-me:
"Diria que o Duarte é para mim o irmão que eu não tive..."
Fiquei com um sorriso nos lábios, pois já esperava certamente algo no género.
O "post" da Lena fez-me recordar esta passagem.
Achei que também gostassem de o saber.
1abc
Amigos e companheiros,
Foi com profundo sentimento de trizteza que tive conhecimento da partida do companheiro Alferes Duarte. Em meu nome pessoal e com certeza deo resto da 2ª Companhia, os nossos mais profundos sentimentos à sua família e á família da 3ª Companhia.
Amigo e camarda, sempre estarás nos nossos pensamentos.
A tua partida torna mais forte, ainda, a nossa amizade fraternal, bem como faz reviver todos os momentos, bons e maus, em que nos apoiamos no são convivio dos tempos de África.
Onde quer que estejas, certamente terás o apoio dos nossos pensamentos, tal como naqueles tempos.
Para a tua esposa, um forte abraço, para que nos momentos de saudade, a possa mitigar com a nossa amizade e a creteza de que em qualquer necessidade cá estaremois para ajudar.
Que fiques em paz, camarada!
As palavras esbarram na crueldade dos factos em horas como estas.
Penso em ti Duarte e na coragem tranquila que aparentavas, mesmo nos momentos mais complicados.
Aos que gostam de ti, em especial a tua esposa, lembro que apenas morrem aqueles de quem nos esquecemos.
Estimado Camarada, Luís Marques:
Não tem de quê.
Naturalmente que nós veteranos,pessoalmente não nos
conhecemos todos, mas há uma força (estranha,direi eu...) que nos leva a contactar uns com os outros,como se nos conhecessemos todos de longa data e em melhores circunstâncias,que não uma guerra.
De tal ordem,que pelo Fórum 4611, tive conhecimento do falecimento do
vosso estimado camarada o sr. José Duarte. Pessoa que eu nunca conheci, mas que sei muito de perto o que deve ter sofrido. Eu também estou a combater uma lesão Neoplasica, no estômago.
Atrevi-me a escrever,em nome da minha mulher e meu, à esposa do sr.José Duarte, a sra D.Helena, manifestando o nosso pezar e compreensão por tudo aquilo que passou (passa). A sra D.Helena foi de uma amabilidade comovente e demonstrou ser uma senhora corajosa e lutadora. Cá está o tal Elo.
Desculpe o incómodo deste tão longo texto.
No Batalhão ao qual pertenci, um camarada nosso também lhe dedica um Blogue. Se o sr.Luís Marques o quiser vizitar e saber das nossas "andanças" por terras de Moçambique.faça favor.
www.olharopassado.blogspot.com este vosso camarada,ao vosso dispor.
Carlos Alberto Nabeiro.
Aqui fica um escrito do nosso amigo Figueira:
"As lágrimas estão nos nossos olhos marejados. Nos montes, nos vales, nas estreitas veredas, em todos os recantos onde juntos semeámos e colhemos os frutos partilhados da vida.
Aquelas mãos não mais remexerão a terra. Quebraram-se as asas, desligou-se a luz, a vida adormeceu definitivamente.
Na escuridão ficaram apenas o brilho das lágrimas e a silenciosa dor da ausência.
Amanhã restará o vazio das casas e a solidão dos caminhos."
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