quarta-feira, 25 de agosto de 2010

MANIFESTO ANTI LOBO (ou quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele)

Por Luís Marques

Os cobardes morrem várias vezes antes da sua morte;
O homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez”

William Shakespeare , "Júlio César"

A ESCRITA MENTIROSA DE ANTÓNIO LOBO ANTUNES
O sr. Lobo


Este "post" é a propósito da verborreia debitada por António Lobo Antunes no livro de João Céu e Silva “Uma Longa Viagem com António Lobo Antunes”, editado no ano passado.
A polémica voltou agora à ordem do dia, a propósito da sua falta de comparência (ia a meio caminho, mas voltou para trás...) a um encontro literário no passado sábado, dia 21 de Agosto de 2010, em Tomar.
Para uns, a sua “ausência” ficou a dever-se ao receio de confronto (físico ou verbal) com ex-combatentes da guerra do ultramar, que teriam “ameaçado dar-lhe uns sopapos”; para o próprio Lobo Antunes, o seu regresso a Lisboa deveu-se unicamente a uma recusa em ser “objecto” de aproveitamento político por parte da Entidade de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo (desculpa que acho “esfarrapada” e sem qualquer nexo).
De qualquer forma, o que está em causa são as ideias, as frases, os palavrões, os impropérios, as aldrabices que o Sr. Lobo se lembrou de vomitar naquele livro.
A título de exemplo, vejamos o que ele se lembrou de dizer na página 391 daquele livro:



«Eu tinha talento para matar e para morrer. No meu batalhão éramos seiscentos militares e tivemos cento e cinquenta baixas. Era uma violência indescritível para meninos de vinte e um, vinte e dois ou vinte e três anos que matavam e depois choravam pela gente que morrera. Eu estava numa zona onde havia muitos combates e para poder mudar para uma região mais calma tinha de acumular pontos. Uma arma apreendida ao inimigo valia uns pontos, um prisioneiro ou um inimigo morto outros tantos pontos. E para podermos mudar, fazíamos de tudo, matar crianças, mulheres, homens. Tudo contava, e como quando estavam mortos valiam mais pontos, então não fazíamos prisioneiros».


Vós, que fostes combatentes na guerra do ultramar, que achais destas “preciosidades”?
Qual foi o Batalhão presente na guerra do ultramar que teve 25% de baixas? E o que dizer quanto à “guerra dos pontos”? Será que o infeliz Lobo Antunes, no intervalo das suas divagações literárias, se entretêm a jogar jogos de computador e o seu avançado estado de senilidade já não o deixa discernir entre o que é ficção e a o que foi a realidade por ele vivida em Angola nos anos de 1971 a 1973? Esta "guerra dos pontos" não será o reflexo de horas intermináveis a jogar Farm Ville no Facebook?
Na verdade, a “diarreia verbal” do Sr. Lobo, se não fosse trágica (e é...) seria cómica (não, não dá vontade de rir!)
E é grave, vinda de um ex-combatente, tal como nós. Envergonha-nos e envergonha quem profere semelhante verborreia (ou será que ele já não tem qualquer pingo de vergonha?).
Não podemos deixar que as mentiras do Sr. Lobo sejam tomadas a sério e passem a ser a imagem de todos aqueles, que como nós, combateram na então África Portuguesa.
Todos nós sabemos que naquela guerra se cometeram de parte a parte alguns excessos. Na realidade, qualquer de nós se tivesse de matar para não ser morto não hesitaria. O sentido da conservação da vida é um sentimento intrínseco do ser humano. É uma lei divina que garante a continuação da espécie  - e não só nos humanos. À parte disso, todos nós temos conhecimento de exageros cometidos e não só da parte dos soldados portugueses. Ninguém ficou isento naquela guerra. Mas daí a resumi-la como uma simples “guerra de pontos” existe uma grande diferença. É ficção, mas má ficção.
Há dias, as minhas filhas, que sempre se interessaram pelo meu passado de antigo combatente, perguntaram-me se aquilo “dos pontos”era verdade e se nós, para nos livrarmos de “apertos” e mudar para uma “zona mais confortável”, não olhávamos a meios e cometíamos as atrocidades relatadas pelo Sr. Lobo. Expliquei-lhes que aquelas afirmações eram um desvario total e que nada tinham a ver com a realidade. Mas o facto de elas me terem questionado, sabendo bem o meu passado, levou-me a pensar que muitas outras pessoas fariam para si próprias as mesmas perguntas e estabeleceriam intrinsecamente as mesmas dúvidas.
Daí ter decidido publicar este trabalho, uma vez que não posso calar a revolta que os desvarios o Sr. Lobo me trouxe.
Eu fui em um leitor relativamente interessado do Sr. Lobo, tendo lido algumas das suas obras, sobretudo as primeiras (Memória de Elefante, Os Cus de Judas, Fado Alexandrino, Auto dos Danados, As Naus, entre outras). E mais recentemente “D’este viver aqui neste papel descripto”, livro dado à estampa por iniciativa das suas duas filhas e que reúne cerca de 300 cartas que o Sr. Lobo escreveu a sua mulher no tempo que esteve em Angola.
Lembro-me bem que nestas cartas escritas a sua mulher, Maria José (a maior parte elas nos célebres aerogramas – os “bate estradas” como nós lhe chamávamos), ele conta, de uma forma directa, as suas experiencias de guerra, tal como nós o fizémos aos nossos pais, mulheres e namoradas, só que de uma forma mais elaborada, pelo menos se comparada com a grande maioria de antigos combatentes. Mas não há nelas grandes desvarios espirituais. Talvez, apenas, alguns (pequenos) exageros, mas nada de suficientemente grave.

Agora, o Sr. Lobo, ultrapassou tudo o que seria lógico e admissível.
De algum tempo a esta parte, fui-me afastando, aos poucos, da escrita produzida pelo Sr. Lobo.
Enfim, como diria Almada Negreiros: MORRA O LOBO MORRA! PIM!

Depois desta, já longa, exposição e voltando ao seu início, quero deixar bem claro que (sendo verdade que alguns antigos combatentes da guerra do ultramar queriam mesmo confrontar o Sr. Lobo pela ofensa perpetrada à memória de todos aqueles que verteram o seu sangue e deixaram o melhor das sua juventude nas antigas províncias do ultramar português e não querendo de forma alguma apoiar esse eventual confronto), ELES (os antigos militares) PODIAM NÃO SABER (mas sabiam) PORQUE LHE BATIAM, MAS ELE SABIA BEM PORQUE APANHAVA...


Luís Marques

21 comentários:

Jaime Ferreira disse...

Marques, Está FANTÁSTICO!

Anónimo disse...

Não é a primeira vez que o Sr. António Lobo é pego com as calças nas mãos, mente o escritor? Sim, e mente muito.
Tenho a idéia de que o escritor teve medo de enfrentar as próprias mentiras, como se costumou a fazê-lo.
Agora mesmo, tratou de explicar-se porcamente e vergonhosamente, como é de seu tom!
O dia a dia de ALA, é constituido de escândalos que o mesmo procura, seja mentindo e/ou denegrindo a imagem de outros, a quem inveja!
Deveria ser forçado a encarar suas debilidades em público.
Isabel

Jorge Correia disse...

Grande Luis, tudo na maior ? essas férias ?
epá, já conhecia o texto, penso que do Blog do Coronel Fiúza Fraga. Acerca do mesmo devo dizer que sou mais cauteloso sobre as considerações/relatos de Lobo Antunes e por várias razões que passo a explicitar. 1º Lobo Antunes esteve em África de 71 a 73 ?? acho que esteve antes, portanto num outro contexto da guerra. 2º Em que local esteve Lobo Antunes ? como sabemos, o estilo de guerra travado no Leste era completamente diferente do praticado no Norte, devido ao acidentado do terreno, tal como discutido abertamente no Blog do Coronel Fiúza era e foi ponto assente e sobejamente conhecido que os Comandos chefiados por Jaime Neves faziam tiro ao alvo com guerrilheiros, mas também com a população civil, nomeadamente crianças. Resumindo, quero com isto dizer que pelo facto de as coisas connosco de facto nunca terem chegado a nenhum dos actos relatados, não é líquido que noutros pontos não tenham acontecido, sem que nós obviamente tenhamos que estar ao corrente. 3º e último, as declarações de Lobo Antunes foram investigadas ? ou parte-se desde logo do princípio que ele mente ??? acho no meu entender que há que ter calma e averiguar primeiro da veracidade dos relatos, pois pelo que conheço sei de casos incrivelmente piores dos enunciados.
Mas caríssimo Luis,... se a intenção, foi apenas facturasres mais um postezito, também compreendo ahahahahah...grande abraço!!

Agostinho Margalho disse...

Amigos: li com toda atençao o artigo sobre esse Lobo de merda. Nao merece outro tratamento. Eu tratava-o à moda do Porto, mas nem isso ele merece. O que ele é, é um covardola e assino por baixo todo o vosso comentario e sem mais um grande viva o 4611 bem hajam

Anónimo disse...

Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Lobo é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

Abaixo a geração!

Morra o Lobo, morra! Pim!

Uma geração com um Lobo a cavalo é um burro impotente!

Uma geração com um Lobo ao leme é uma canoa em seco!

O Lobo é um cigano!

O Lobo é meio cigano!

O Lobo saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá cheirar os cús de Judas, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!

O Lobo pesca tanto de prosa que até faz sonetos com ligas de duquesas!

O Lobo é um habilidoso!

O Lobo veste-se mal!

O Lobo usa ceroulas de malha!

O Lobo especula e inocula os concubinos!

O Lobo é Lobo!

O Lobo é Antunes!

Morra o Lobo, morra! Pim!

Miguel

Luis Marques disse...

Oi António Jorge, tudo bem aí pelo Brasil?
Meu caro amigo: antes de colocar o “post” sobre o António Lobo Antunes, também fiz o meu “trabalho de casa”...não tenho por hábito tratar mal e gratuitamente “às primeiras impressões” e posso até dizer que até preferia não o ter escrito, caso António Lobo Antunes não tivesse proferido os disparates que proferiu. Uma das razões para tal. é que nos anos 80 e 90, quando lia Lobo Antunes, ansiava por ler “o próximo livro” e não é fácil criticar um escritor de quem se gosta (ou gostou) em particular.
No meu anúncio da postagem, avisei logo que o texto podia ser considerado polémico e sempre existiria gente que com ele não concordava. É absolutamente normal e a dialéctica é sempre saudável, não é verdade?
No que concerne à três questões que a tua mensagem lança para debate, quero dizer o seguinte:
1º) António Lobo Antunes é nosso contemporâneo em Angola e esteve nos mesmo locais que nós. António Lobo Antunes, enquanto alferes miliciano médico, esteve em Angola nos anos de 1971 a 1973 (portanto chegou lá sensivelmente um ano antes de nós), no Norte do Cuando Cubango, nas Terras do Fim do Mundo, no sub-sector de Gago Coutinho, nas comunas de Ninda e Chiúme integrado na Cart.3313, do Batalhão de Artilharia 3835. Era comandante da sua companhia o então capitão Melo Antunes. Depois, no princípio de 1973, fez a rotação normal para Malange.
2º) Como disse no “post”, todos temos conhecimento de exageros cometidos durante os 14 anos da Guerra do Ultramar. Exageros de parte a parte. Ninguém passou incólume nesta guerra, cada um com o seu grau de culpa. E não só relacionado com situações vividas em combate... Agora o que continuo a entender é que não se deve exagerar da forma que ele o faz (para mais, sendo um cidadão com responsabilidades acrescidas, pelo estatuto adquirido) e afirmar que a guerra do ultramar era uma simples “guerra de pontos”.
3º) As declarações de Lobo Antunes não precisam de ser investigadas. Estão publicadas para quem as quiser ler e falam por si. Por isso não parti, ab initio, do princípio que ele mente, sem lhe dar hipótese dele se defender. Em entrevista ao jornal “Público” do dia 23 de Agosto (2ª feira passada”), ele diz que “o tema da guerra é sempre quente e sensível”, e, por isso, percebe algumas das reacções às declarações que fez em entrevista. Apesar disso “reitera a responsabilidade” do que disse.
Posso até acrescentar que Lobo Antunes ontem mesmo, ao referir-se à polémica suscitada, disse o seguinte em carta dirigida ao Presidente da Liga dos Combatente, General Chito Rodrigues: “Há uma falha no livro porque eu deveria ter dito que cada companhia teve 150 baixas ou que cada batalhão teve 600 baixas. Isto porque um pouco de todos nós, no melhor dos casos, morreu na guerra. Não se desce vivo de uma cruz”. É, sem dúvida, um emendar de mão, uma correcção, um reconhecimento do erro. Falta o pedido de desculpas (que aceitarei, sem hesitar) pela tal “guerra dos pontos”
Por último, que esclarecer que a minha intenção não foi apenas “facturar mais um postezito”. Escrevi o “postezito” na madrugada de 3ª para 4ª à custa de um par de horas de sono. Não o fiz com a fácil intenção de "encher chouriços", como dizemos por cá, quando alguém faz algo insignificante e apenas com o objectivo de "passar o tempo".
A ideia era lançar para debate no Fórum 4611 um tema que actualmente está instalado sociedade Portuguesa e que nos diz directamente respeito, já que fomos actores (privilegiados e forçados) nesse palco de guerra. E em boa-hora o fiz...Para além de, pessoalmente, me sentir ofendido pelas palavra de Lobo Antunes.
Mas não lhe guardo ressentimentos. Talvez na próxima semana releia “A Memória de Elefante” ou “Os Cus de Judas”.
Um abraço,

Luís Marques

José M Francês disse...

O tema da guerra colonial é e será sempre quente , sobretudo porque o Estado português nunca o quis nem quer encarar frontalmente.
Como dito, todos cometemos erros , independentemente do seu grau de gravidade , mas depois de ter sido capaz de escrever as mensagens publicadas por suas Filhas, onde retrata com alguma verdade os episódios reais de uma guerra que não queríamos, vir agora com toda a
sua mania de "dono da verdade" vomitar a porcaria que lhe enche a mente, não é de todo aceitável.
Precisa seguramente que de alguma forma lhe seja demonstrado a repulsa de quem também viveu a mesma guerra e que nunca sentiu que lhe fossem solicitados "pontos"...
O Lobo é que precisaria de alguns mal o seu irmão terminasse a operação para lhe devolver a inteligência que já teve !!

Ex-combatente disse...

A um médico nunca ninguém pediu ou ordenou que tivesse talento matar ou para morrer. Como é possível um médico dizer que "tinha talento para matar ou para morrer". E o que significa "ter talento para morrer"? Significa que se alguém morrer sem para isso ter a adequada qualificação, é "reenviado à sua procededência" para obter a necessária capacidade?
A passagem da "guerra dos pontos" é bem demonstrativa que o Sr. Lobo é mais uma vítima do chamado "stress de guerra"...Uma pensão de reforma por incapacidade para o Sr, Lobo. Já!

Carlos Ventura

Jorge Correia disse...

Luis,

Peço desculpa se te susceptibilizei com aquela minha do "postezito", acredita que não foi essa a intenção..foi apenas uma "gracinha" para desanuviar, aliás sabes que tenho o maior apreço pelo teu trabalho aqui no Forum a começar pela sua feitura.

No mais, reitero que as declarações de Lobo Antunes em nada me afectam pessoalmente, sei qual foi a nossa postura na guerra, sempre correcta e leal,..pelos outros obviamente não posso falar,..como te disse sei de acontecimentos terríveis, conhecidos duma maneira geral por vários sectores ligados à guerra colonial...talvez Lobo Antunes usasse uma linguagem demasiado literária, ás vezes pouco acessível.

Mas, caro Luis, no contexto deste teu post...eu lançaria a questão, por várias vezes por mim falada...e a que nunca ninguém, respondeu, nem passou cartão ! É facto que os políticos duma maneira geral ignoram pura e simplesmente que nós existimos, levando a população a pensar que nunca houve guerra, desqualificando os seus intervenientes.....E O QUE É QUE NÓS FAZEMOS CONTRA ISSO ?????? NADA!!!!!! já aqui neste honroso espaço, invoquei por várias vezes esse facto e propuz que várias iniciativas fossem levadas a cabo, como por exemplo, criar grupo de pressão com assinaturas dos ex-combatentes e da população em geral sensibilizada para esta situação..levar essas assinaturas aos deputados na Assembleia, além de entrega ao Presidente da República e 1º ministro....desenvolver um sistema de visibilidade nos meis de comunicação.....NUNCA OBTIVE QUALQUER RESPOSTA A ISTO.....meus caros...a verdade é que nós mesmos não ligamos nenhuma a isto, se estiver enganado ÓPTIMO vamos pôr mãos ao trabalho e fazer ACONTECER as coisas para que nos vejam e nos reconheçam como merecemos....agora estar preocupado com as declarações de L.A. ? mera acção de entretenimento..VAMOS É TRABALHAR PARA QUE NOS RECONHEÇAM COMO MERECEMOS.....quando começamos ?? proponho que comecemos por um grupo de trabalho que estabeleça um programa de acção, com reuniões periódicas sectoriais....vamos ao trabalho ???? Nisto eu alinho...em Fait Divere´s NÃO !!!!

Grande Abraço.

Luis Marques disse...

Meu caro António Jorge,
Não me senti minimamente melindrado pelas tuas palavras, nas quais sempre reconheci apreço pelo trabalho desenvolvido no Fórum 4611, no qual tu também tens a quota-parte de importância. Entendi bem que era apenas uma provocaçãozita em tom de galhofa e sem querer criar qualquer atrito, mas como ficou escrito no comentário, senti-me na obrigação / dever de responder, sem que tal signifique ter ficado “enxofrado”. Assunto definitivamente encerrado.
Bem sei que tu por várias vezes tens procurado lançar o debate sobre a questão do reconhecimento por parte dos governantes (dito de outra maneira: da Pátria, já que governantes são “coisas” efémeras, embora todos “farinha do mesmo saco”), da nossa condição de antigos combatentes, com as reivindicações que todos nós reclamamos.
A questão dos “abaixo-assinados” é tema velho e relho. Já foi usado por várias vezes, noutros locais, com outra gente (lembro os vários de iniciativa da Associação de Veteranos de Guerra), sem qualquer resultado.
No entanto, o Fórum está aberto a todas os antigos militares de Batalhão 4611/1972. Prepara um texto e avança. Dá tu o primeiro passo. Pode ser que outros sigam o exemplo.

Um abraço,

Luís Marques

António Facas disse...

Amigo Luis,
Tens toda a razão em dizeres que o pessoal está (quase todo) de Férias. Cada vez vamos sendo menos, esta é a realidade.
Estive a dar uma olhadela ao Blog e já tinha lido o Lobo Antunes. A estralheza que tenho é de só agores chegares a esta conclusão. Há muito o Miguel Sousa Tavares já tinha dito que os heróis eram os outros, os que tinham fugido para França. O pessoal que andou lá a "bate-las" nunca foram herois. Dito isso julgo nem valer a atenção que dás ao Lobo antunes .
Tens toda a razão
Um Abraço e não esqueças os tubaros do tio Américo (qualquer dia)

Anónimo disse...

Escrito por uma figura pública reconhecida internacionalmente,que
viveu nesse mesmo teatro de guerra,
é fácil e útil ao especulador,fazer
acreditar na ficção ou em exageros.
Desta forma fácilmente se leva a julgamento, desde a Instituição Militar, até ao mais básico zé soldadito luso,que todos os que por lá andamos,fomos uma cambada de assassinos sem dó nem piedade,isso dói muito,apesar de volvidos quarenta anos.
CN

Jorge Correia disse...

Caríssimo Luis,

epá ahahahah até me fizeste rir e lembrar velhos tempos...é que antigamente é que era o Correia sempre a alinhar à frente dos outros..!!!!
Não, meu caro, estás a ver mal a coisa..isso não pode ser um processo individual, tem que ser um processo colectivo devidamente organizado e envolvendo desde logo vários participantes......que é isso de prepara um texto e avança ?? ahahahahahah é o que te digo caro amigo....tá tudo na maior à espera que os outros façam..eu como no antes, falo menos e faço acontecer mais...mas sózinho não !! quem alinha ?? alguém responde ??

Abraço

Luis Marques disse...

Meu caro António Jorge,
Então se já estás habituado a "ir à frente", "ir em primeiro lugar" de que te queixas? :-) :-).
Esta vida é toda ela feita de avanços e recuos; de cedências e compromissos.
É perfeitamente natural que alguém tenha de avançar em primeiro lugar.
E é instintivo que o arranque tenha de ser feito por quem tem a autoria da ideia, acho eu.
Quando disse “prepara um texto e avança”, queria apenas dizer que a tua ideia teria de ser explicada aos restantes participantes no Fórum. Só assim, as pessoas podem saber de que trata e comprometerem-se (ou não...) com a ideia. Nada mais que isso.
Não te esqueças que estás a tentar passar uma ideia a pessoas que rodam os 60 anos e às quais já falta uma parte da vontade que lhes sobravam há trinta e tal anos. É perfeitamente normal que seja, agora, difícil fazer passar a tua mensagem.

Um abraço.

fmoreira disse...

Boa tarde amigos,

Já há algum tempo que não vinha ao "nosso café" e encontro o post do Luis com um número de comentários que penso ser o recorde de comentários do Blog.
Não conheço a fundo a escrita de Lobo Antunes e do muito que já li sobre o Ultramar, especialmente sobre Angola e da ultima grande campanha militar do império alguma polémica salta desta obra pois não se enquadra muito bem nas vivências de quem cumpriu serviço militar nestes anos em Angola.
Esta obra tem estado a ser contestada por muitos ex-militares o que indica que as coisas não seriam muito bem como este senhor as pinta... ou melhor dizendo; as escreve. Por outro lado que experiência militar, operacional no terreno, teria um médico para relatar desta forma, algo pessoal, nesta obra determinado tipo de situações?
São questões que me coloco pois como todos sabemos não fui militar em Angola e muitos acontecimentos chegavam ao conhecimento da população civil já muito diluidos.
Certo é que todos sabemos que houve excessos de parte a parte, uns explicados por crenças tribais em que se acreditava que as almas já não regressariam aos corpos se estes fossem retalhados e desmembrados, por exemplo, e outros em reacção a estes e não só, muito complicados de serem explicados.
Entendo que todos vós se possam sentir enganados pois anos volvidos depois de uma mobilização forçada para defesa da pátria, depois de anos em que as vossas vidas de certa forma foram interrompidas, se vêm confrontados com a vergonha como foi feita a descolonização e pelo modo como os territórios ultramarinos foram abandonados, bem como os seus naturais, à sua sorte e ao salve-se quem puder.
E olhando para trás se interrogam de porquê? Para que foi isto tudo?
A Campanha Militar Ultramarina começa a estar documentada, não só por autores nacionais, bem como por autores estrangeiros que tecem autênticos hinos à abnegação, ao esforço e á coragem do militar português. Inclusivamente o modo como Portugal desenvolveu a campanha militar de defesa do ultramar é estudada em algumas academias militares, por esse mundo.
Porém, meus amigos, o pior de tudo vai ser se algum dia as Forças Armadas chegam a ter como seu chefe supremo um indivíduo que foi um desertor e que colaborou com o inimigo... não são só os "Lobos" que emergem neste mundo louco, brevemente teremos por aí poetas alegres!!!!

Em relação à ideia da Petição aqui já levantada pelo Jorge, creio que existem noutros Blogs pessoas com ideias semelhantes e até creio que já alguma coisa foi feita nesse sentido. Que tal ir-se contactando os webmasters de outros Blogs militares, por exemplo o Terraweb e o LestedeAngola e tentar-se uma plataforma conjunta para algo deste género?
Sózinhos, meus amigos, não se irá a lado algum,vocês são um passado que os politicos de pacotilha que temos querem fazer esquecer, vocês incomodam muita gente, pois vocês são uma geração a quem a Patria deve, a quem a Patria virou costas, são vocês que possuem os créditos que permitem perguntar a este país subserviente em que nos torná-mos, o "porquê" e o "para quê" de se ter feito a revolução!
Pensem nisso.
1abc amigo.

Luis Marques disse...

Meu caro Fernando,

Já tinha saudades da tua presença aqui no Fórum 4611. Está tudo bem contigo?
Subscrevo a tua opinião expressa no comentário que antecede.
Aliás, já tinha conhecimento dessa tua opinião, pois tivemos oportunidade, por mais de uma vez, de trocar ideias sobre os temas que abordas.
Um abraço,
Luís Marques

fmoreira disse...

Boas,

Tudo bem conosco, numa nova etapa de vida, porém mais acelerada e com menos tempo, mas quero ver se me torno mais pontual de novo.
Temos de preparar uma nova "operação", já vai sendo tempo disso.
1abc

Luis Marques disse...

Para vosso conhecimento, reproduzo, com a devida vénia, o artigo de opinião do jornalista Manuel Catarino, ontem (30 de Agosto de 2010) publicado do Correio da Manhã:
A MENTIRA
Por:Manuel Catarino, jornalista

O escritor António Lobo Antunes cumpriu uma comissão em Angola – como alferes médico da Companhia 3313 do Batalhão de Artilharia 3835. Recordou, 40 anos depois, esses tempos na Guerra Colonial: o batalhão sofreu 150 baixas; os soldados tinham por hábito matar indiscriminadamente velhos, mulheres e crianças; havia um sistema de pontuação que permitia a quem matasse mais ser transferido para outra unidade numa zona mais calma. Ele – que nunca combateu, era o médico da companhia – até "tinha talento para matar".

O que conta António Lobo Antunes – um extraordinário e impressivo testemunho sobre a condução da guerra – merece toda a atenção e estudo: ele não é um tipo qualquer e o assunto é demasiado sério para passar ao lado dos historiadores da Guerra Colonial.

Mas, como já se viu, o relato – nas mais benevolentes palavras – não passa de uma fantasia, um delírio, uma obsessão. Mentiu – e fê-lo sem um pingo de pudor: aproveitou--se do estatuto de escritor para denunciar factos que não são verdadeiros. Os gestos definem o carácter de cada um. A mentira é sempre desprezível. Mas uma mentira conscientemente repetida por alguém com elevadas responsabilidades públicas roça a canalhice. Apanhado a mentir, António Lobo Antunes ficou ainda mais rosadinho: não por vergonha, mas desfeito em raiva.

Agarrou-se a uma desculpa – que também ela é reveladora do carácter. Explicou--nos – a todos – que falara "metaforicamente". Não fomos capazes de perceber o alcance das suas sábias palavras: "Qualquer leitura no sentido literal do que digo é abusiva." A culpa é nossa – que levamos à letra o que Lobo Antunes diz – como se não existisse diferença entre um testemunho e a ficção.

O Batalhão de Artilharia 3835 sofreu mesmo 150 baixas? Não. Lobo Antunes queria-nos dizer outra coisa. Os soldados portugueses matavam indiscriminadamente velhos, mulheres e crianças? Pode ter acontecido, mas não era prática instituída. Quando disse o contrário, Lobo Antunes estava a falar por metáforas. Havia algum sistema de pontuação que permitia a quem mais matasse ser transferido para uma zona onde a guerra era menos intensa? Não. Lobo Antunes estava apenas a delirar.

O escritor apela, por fim, à nossa comiseração. Que o desculpemos – porque "ninguém desce vivo da cruz". Só por isso, está desculpado da minha parte. Mas sempre lhe digo que conheço muitos homens que derramaram sangue na cruz da guerra e não mentem – nem por metáforas.

JC Abreu dos Santos disse...

... que o camarada António "interpetra coisa-e-tal", mas continua a não convocar uma conferência de imprensa para, especificamente, apresentar públicas desculpas a Portugal, pela parte mais gravosa do que proferiu, em 07Dez2008, numa cidade mexicana e a um jornalista de um jornal mexicano.
Instado por um general, que apenas representa uma das associações de combatentes (a veneranda Liga), limitou-se a bolsar uma das suas "interpretações" do voo do pássaro que "lhe" apeteceu pousar na varanda das suas efabulações, totalmente alheio aos factos que ao caso interessam: "os factos não me interessam".
Assim sendo, "Pois..." – como dizia a minha prima que gostava muito de dizer coisas –, também o multi-laureado escrevinhador não deveria ter tomado à letra a expressão figurativa "ir ao focinho", a qual, em português corrente – e não só caserneiro –, me apeteceu e apetece interpretar como um vulgar "chegar a roupa ao pelo", ou "dar-lhe um encosto", ou ainda o mais vulgar "agarrem-me se não eu bato-lhe!".
Constituiu afinal, um tal "aviso à navegação", o suficiente para ofertar publicidade gratuita ao bem-falante malandro; mas, também, oportunidade para que se desatem línguas quanto à lavagem cerebral que o povo português tem sido sujeito desde o caetanismo, a ponto de a juventude ser ignara da nossa comum História recente.
Para o camarada António, fica o conselho: malandro, não estrilha; muda de esquina.

Jose disse...

Os cães sempre ladraram à passagem da caravana, este viu que era o a seguir da lista, e... LADROU, ou UIVOU... está senil de todo, precisa urgentemente de ser tratado, "ao corpo" porque a alma já está encomendada.

Anónimo disse...

Já vem tarde, este comentário, mas não resisto. Fui alferes miliciano do GAC 2 (Grupo de Artilharia de Campanha de Nova LIsboa) entre 1966 e 1968, e estive um ano na ZIL (Zona de Intervenção Leste), no Mucussueje, em Teixeira de Sousa e no Luso, e como tinha acesso aos relatórios confidenciais de operações no Leste, sei - para além da minha experiência pessoal em operações - um bocadinho do que se passava no Leste. A zona de Gago Coutinho onde Lobo Antunes esteve foi, juntamente com o Cazombo, uma das zonas mais complicadas no Leste de Angola, mas isso já nem era verdade entre 1971 e 1973, quando já praticamente tinha deixado de haver presença guerrilheira no Leste, com excepção de uma UNITA muito calma e pouco combativa.

O que António Lobo Antunes - de quem fui condiscípulo no Liceu Camões entre 1952 e 1955, quando ele ainda tinha graça - conta é uma refinada mentira. Só a paixão ideológica aliada a uma mitomania obsessva o podia ter levado a contar tal chorrilho de disparates. Se condeno toda e qualquer aventura colonial, pela ofensa que constitui para com os povos colonizados, também posso declarar que me sinto espantosamente orgulhoso do comportamento dos meus camaradas de armas em Angola durante a guerra. Não tenho conhecimento de atrocidades - embora não exclua que algumas possam ter ocorrido - e sei que não havia uma pinta de ódio da nossa parte nem contra as populações nem contra sequer os que nos combatiam. Se os encontrássemos pela frente, matávamo-los, mas nunca faríamos mal à população civil. Só esse comportamento exemplar pode explicar que, em 1973, a guerra em Angola tivesse acabado, e que as populações convivessem connosco, militares, de forma franca e normal. Não desculpo os erros políticos dos que nos governavam, mas sei que nós, militares, tivemos quase sempre um comportamento exemplar. Quando morrer, morrerei sabendo que não temos absolutamente nada de que nos devamos envergonhar, excepto o termos tido o António Lobo Antunes como companheiro de armas.

Nuno Cardoso da Silva, ex-Alf. Milº. Artª (Angola 1966-1968)

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

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conduta brava e em tudo distinta