(Por Jorge Correia)
LOCAL: CABINDA
PROTAGONISTA PRINCIPAL: FACAS
O Facas em Cabinda tocava numa banda musical (na altura dizia-se Conjunto) e costumava ensaiar à noite. Era baterista.
A malta costumava à noite, juntar-se e ir ao Cinema Chiloango, o cinema mais moderno de Cabinda . A determinado momento, mais ou menos a meio do filme, ouvíamos o Facas começar a arrear forte e feio na bateria, e...segue o ensaio.
Claro, a malta comentava em voz baixa: "lá está o Facas a fazer barulho e a não nos deixar ver o filme em silêncio"
No dia seguinte lá íamos "protestar no gozo" junto do Facas, "é pá ó Facas vê lá se deixas o pessoal ver os filmes descansado, sem aquele barulho da tua bateria". "Bate mais devagarinho na bateria pá"Claro que acabava tudo em risada geral.
História 2 (esta é um bocadinho mais pesada)
LOCAL: CABINDA
Na Roça Lucola, quando um pelotão ficava de serviço, o capitão queria que todos os elementos desse pelotão ficassem no aquartelamento, (talvez para o defender de perigosos guerrilheiros), porém eu gostava de me desenfiar quando não era o sargento de dia. Além disso achava desnecessário e estúpido ficar na Roça se não estava de serviço. Desenfiei-me, fui para a cidade prá nigth.
Na Roça Lucola a pensar como me ia desenfiar nessa noite !!!!!
No regresso vinha o pessoal no Unimog a subir na rampa de acesso à Roça e estava à nossa espera o capitão, pois a primeira casa da Roça era a casa dos oficiais. Manda parar o Unimog e manda-me descer do mesmo. Desço e ficamos frente a frente. Ameaça-me com uma porrada, que me manda para o norte de Cabinda, etc. O tom ameaçador dele cresce, estava visivelmente fora de si. Pelo canto do olho vejo que quem estava de sentinela à casa dos oficiais era o Marfunha do meu grupo de combate, ou seja vi que tinha uma G3 á mão de semear se fosse preciso. O capitão em Serpa Pinto tinha agredido o Furriel Lopes que chegou a formalizar uma participação contra ele e veio mais tarde a desistir da queixa (fez mal, digo eu) . Sempre com ar ameaçador e colérico lá foi libertando a sua bilis. Durante todo o seu tresloucado discurso, eu não disse uma única palavra, limitei-me a ouvir e a estar atento ao que poderia ocorrer. Certamente que eu não iria queixar-me a ninguém...eu ia actuar.
História 3 (esta é para descontrair)
LOCAL: LUIANA
Num determinado momento, a poucos metros do destacamento do Luiana, deslocávamo-nos num Unimog, eu o Alferes Lisboa Botelho e mais 3 soldados, quando avistámos um elefante que seguia solitário,...normalmente, os solitários eram os elefantes que por qualquer razão (normalmente doentes) tinham sido excluídos da manada. Lisboa Botelho que andava quase sempre com a sua espingarda própria de caça grossa, desceu do Unimog, fez pontaria e disparou; o elefante abanou e parou, ficámos todos na expectativa do que se seguiria. Lentamente o elefante, virou-se na nossa direcção abanou as orelhas, produziu um som aterrador e começou a correr direito a nós. Foi o pânico, ao princípio não sabíamos se ficávamos em cima ou em baixo do Unimog. Nisto vejo que Lisboa Botelho com uma frieza impressionante, ajoelha, faz de novo pontaria e desta vez para alívio de todos acerta em cheio na cabeça do elefante que tomba. No Unimog e sem os preparativos necessários partimos para o destacamento e regressamos no dia seguinte numa Berliet. Para espanto nosso quando chegamos não avistamos o elefante, pois estava totalmente coberto por abutres que já tinham comido metade do bicho. Com alguns disparos lá os conseguimos afugentar, não sem que antes um que parecia morto, ainda desse uma bicada no tornozelo de um dos nossos homens que sangrou abundantemente.
Na nossa praia fluvial do Luiana
Lisboa Botelho tinha levado dois especialistas do Kimbo que com as suas catanas, e quais cirurgiões exímios, descarnaram o elefante para retirar as presas, tinha dois dentes de marfim lindos. Lisboa Botelho ficou com os dentes, o que lhes fez não sei!! mas concerteza não os deitou ao rio.
Campo de futebol do Tabi, antes das obras para o Mundial de futebol da África do Sul.
Em Santa Margarida já com o jornal na mão para dar uns cheiros !!
3 comentários:
Relativamente a este trabalho do Jorge Correia, lembro-me bem da participação do António Facas no tal conjunto que actuava salvo erro no "Hotel Cabinda". Várias vezes assisti aos ensaios. As minhas digressões nocturnas pela cidade de Cabinda, muitas vezes começavam por lá, até porque nesse conjunto tocava (penso que tocava viola baixo) o cabo enfermeiro da CCS, Luís, do qual eu era próximo. Acho bem que o Facas tenha aproveitado para “arrasar” com as noites de Cabinda, com os seus solos de bateria. Segundo consta, o Facas não se limitava a “arrasar” com as baterias do Hotel... Segredos das noites de Cabinda... Cala-te boca...
Quanto a “desenfianços”, quase todos nós os fizemos (conheço alguma gente da CCS que não os fez. Mas isso é outra história...). Uns corriam bem e davam-nos coragem para outros mais ousados. Outros, nem por isso. Corriam mesmo mal e só a boa vontade dos superiores nos safava.
Por último, o episódio da caça. Talvez não haja em todo o Batalhão gente que tão de perto e tão intensamente tenha vivido a caça na sua plenitude, como a malta da CCS (que me corrijam se estou enganado). Só é pena que não tenhamos gente que queira relatar os casos então vividos, apesar dos meus insistentes apelos. E eu até sei que tudo isto que afirmo está documentado em fotos. Tenho muita pena...
Boas,
O Hotel era o "Grande Hotel", ai essa memória...
1abc
Esta é para o Jorge,
Se na altura tivesses falado com o Puto de 12 anos tinha-te ensinado que para vires para o Aquartelamento tinhas outras opções e tinhas evitado o raspanete e os maus pensamentos desse episódio. Tinhas entrado na Roça pelo lado do Campo de Futebol que o meu pai tinha feito nessa entrada e onde alguns de vocês costumavam jogar e chegavas às vossas habitações vindo do lado contrário sem teres de passar pela casa do oficiais.... maçaricos!!! 1abc
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