sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O Baile das viúvas


(por Jorge Correia)

Em tempos não muito distantes, era frequente promover umas embaixadas até ao Algarve, o destino era mais propriamente São Brás de Alportel onde ficávamos instalados em casa do nosso amigo, camarada, companheiro, soba e sabe-se lá mais o quê,....Moita !! bem, na verdade não era bem uma casa normal, era mais uma mansão que o Moita costumava alugar no Verão a estrangeiros. A mansão tinha dois pisos, oito quartos todos com casa de banho privativa e um terraço panorâmico no piso de cima e em baixo, um salão enorme, uma cozinha igualmente enorme, piscina e churrasqueira. Em diferentes ocasiões fui lá com o Madeira, o Figueira, o Girão e o Ramalho. Nesta história como podem ver pelas fotos, os intervenientes foram o Madeira, o Ramalho e eu próprio.

Durante o dia, os passos já eram mais ou menos conhecidos, encontrávamo-nos com o Moita, íamos todos almoçar, visitávamos a Pousada, ao Domingo almoçávamos na quinta, enfim, frequentávamos os “mentideros” da região e conhecíamos os amigos do Moita, nos mesmos locais de sempre tal era a frequência que registávamos nestas nossas deambulações,...em duas ocasiões fomos mesmo ter com o grande ilustre Vidigal a Portimão.
Entretanto, depois do jantar com uma amena cavaqueira a acompanhar, colocava-se a velha questão,....e agora ??? o programa acabava invariavelmente por ser o mesmo de sempre....Destino: Baile das Viúvas. Numa localidade perto de São Brás, um clube de baile promove bailes onde senhoras viúvas e divorciadas, se relacionam com amigos já conhecidos e fazem novas amizades, num convívio salutar, pois é sabido que parar é morrer e há que criar motivos para continuar na luta por perspectivas de vida animadoras.
Por sabermos que isto é uma grande verdade, aqui vão estes três operacionais, ( o Moita não ia, pois não tinha ordem de soltura e a patroa estava atenta) aliás dois operacionais e um especialista de rádio transmissão (de pensamento) mas a culpa não era dele, era dos rádios que já estavam todos marados.
Onze horas da noite; avançamos decididos a partir tudo no clube de baile das viúvas. Entramos e fazemos imediatamente o reconhecimento do terreno, escolhemos uma mesa ao canto como é de bom-tom (somos gajos discretos) e estudamos o ambiente com vistas a um possível avanço táctico. Chegam os primeiros Gin´s Tónicos. Decidimos avançar para os nossos alvos preferenciais, três ainda esbeltas senhoras que nos parecem divorciadas (talvez) ....azareco, três tampas devolvem-nos à procedência e abancamos de novo no nosso canto, estudando novas estratégias para novas investidas com melhores garantias de sucesso. Chegam os segundos Gin´s Tónicos. Decidimos que desta vez teríamos que ir ao assalto de material mais pesado, tipo 2ª guerra em bom estado de conservação.
Partimos para os nossos alvos já previamente escolhidos e desta vez houve um sucesso a 100%. Convido uma senhora viúva para dançar, e ela simpaticamente, com um sorriso aceita e começamos num slow que era precisamente o meu forte nos idos anos 60 de boa memória. Nunca fui um bom dançarino, muito longe disso, nos anos 60 o meu tipo de dança baseava-se mais no esfreganço que no dansanço. Mas enfim, ali em consideração para com a minha parceira de ocasião, lá fui fazendo o meu melhor, mas a verdade é que o meu melhor, era muito pouco,...depois das primeiras pisadelas, pedi desculpa e lá fui conseguindo acertar o passo,..a minha viúva, essa via-se que dançava, era uma batida.
Ali mesmo ao meu lado reparo que estava o Madeira, esse sim, rodopiava em bom estilo, fazendo lembrar um dançarino ainda na activa,...a viúva dele acompanhava o ritmo com facilidade, formavam um bom par. Mais distante consigo avistar o Ramalho que num estilo mais pesadão, agarrava a sua viúva decididamente, tipo, 'esta é minha e já ninguém a agarra'. Bom, lá fomos indo enquanto a música o permitiu, pois quando mudaram o tom para coisas mais mexidas, ritmos latino-americanos e afins, encostámos ás boxes. As viúvas simpaticamente acompanharam-nos e em amena cavaqueira trocámos informações mútuas, do género "jogar conversa fora" como dizem os brasileiros. Desta vez já era tardote e vieram uma cervejas com chamuscas e sandes de fiambre. Quando regressava um slowzito, aí íamos nós feitos malandrecos dar mais um pezinho de dança. No fim, queremos saber a sempre abalizada e técnica opinião do Ramalho sobre o material de guerra que nos calhou,....com o seu ar formal responde, que naturalmente não têm nada a ver com os cafecos africanos, mas enfim, podiam estar em pior estado. Ficámos esclarecidos !!
Bom, com isto tudo, eram 4h da matina, hora de fecho do recinto. O Madeiral ainda sugere uma última aventura com as viúvas, no nosso quartel general, mas decidimos desistir, pois era chato prolongar a operação sem conhecimento do comando de operações.
E assim, acabamos por regressar aos nossos aposentos, mais uma vez com a sensação do dever cumprido, não sem antes irmos ao pão quente que marchava que nem gingas com umas bejecas. E pronto, dois operacionais e um especialista, vão a caminho dum xixi cama para um soninho retemperador.



O Madeira, o Ramalho e o Jorge Correia, recentemente na casa do António Moia em São Brás de Alportel


O Ramalho e o Jorge Correia em São Brás de Alportel (centro do mundo, como lhe chama o António Moita)


Nada de conclusões precipitadas. Trata-se do Jorge Correia, mas em Fortaleza, Brasil, quando ele por lá passou no final do mês de Outubro a caminho de São Luís do Maranhão.

1 comentário:

fmoreira disse...

Vocês continuam com um "espírito de corpo" espectacular; Tudo o que diga respeito a operações de infiltração e de penetração em terrenos não cartografados vocês passam-nas adiante... "Não me lembro...isso foi quando? Estava a chover? Não... fui levar uma viatura a... já não me lembro onde!!! É só msgs em código e com uma forte criptação!! Eh Eh, Continuem assim que eu gosto desse espírito.

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

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conduta brava e em tudo distinta