segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Natal 2009



(Por Luís Marques e Fernando Moreira)


Natal de 2009.

O ano de 2009 trouxe-nos a alegria da aproximação entre muitos dos antigos camaradas do Batalhão de Caçadores 4611/1972.
Nunca como agora foi tão estreia a afinidade entre nós, cimentada pelos dois anos vividos em terras angolanas, no desempenho de uma missão, então dita de soberania, mas que não desejámos, nem pedimos e que levou com ela alguns dos nossos melhores anos.
Mas soubemos retirar dessa contrariedade os melhores ensinamentos realizáveis e acolher em todos nós uma sólida amizade que ao final de 35 anos nos une e nos faz percorrer este Portugal de Norte a Sul, com o único propósito de abraçar aqueles que connosco partilharam as agruras e as alegrias daqueles dois anos, em que quase tudo nos aconteceu. O bom e o mau...
Não queremos deixar passar a quadra natalícia que atravessamos, a qual significa muito para a maioria de nós, sem desejar a todos os membros deste fórum um Santo Natal e um ano de 2010 cheio de felicidades e de realizações pessoais e profissionais, votos estes extensivos à família de cada um.
A história do Natal em que queremos acreditar é aquela que nos oferece o relato da força e da esperança, que nos aproxima da necessidade imperativa de fundar um novo humanismo.
E é, no essencial, isto que se deseja também. Que com a ajuda de todos se construam os alicerces para uma outra sociedade, mais justa e na qual não haja lugar para a mesquinhez, a inveja e para o compadrio que hoje impera entre nós.



Entre milhares de poemas alusivos ao Natal que os nossos melhores escritores escreveram, escolhemos este escrito por esse grande poeta e escritor que foi David Mourão-Ferreira, apenas pela única razão de o considerarmos muito belo:

"NATAL À BEIRA-RIO

É o braço do abeto a bater na vidraça?
É o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?"

David Mourão-Ferreira, Obra Poética 1948-1988
Lisboa, Editorial Presença, 1988

2 comentários:

fmoreira disse...

Meus amigos,
Creio que assim me posso dirigir a todos vocês. Vim aqui deixar-vos um forte abraço e o meu desejo de que este ano o vosso Natal seja ainda mais Natal, não no sentido das prendinhas mas no sentido da fraternidade e da amizade, entre outros valores.
Este ano tivemos a prova disso pois ao reactivarmos velhos laços de amizade fizemos com que a nossa família de amigos crescesse e conseguimos cumprir algumas vezes os desígnios de uma velha canção que profetizava que o Natal seria quando o homem quisesse.
Certamente que na nossa noite de Natal embora estejamos junto daqueles a quem mais amamos, estaremos irmanados também com esta outra família que se vai construindo à volta do Blog e das memórias colectivas do B.Caç.4611/72.
Neste 2009 que termina tenho, pessoalmente que o considerar do meu ponto de vista, positivo o que muito contribuiu o ter-vos reencontrado. Foram memórias boas que regressaram e foi o encontrar bons amigos que não se negam a uma garfada e a dois dedos de uma boa conversa de larachas.
Temos o 2010 à vista, espero que mais desafogado para todos, e que o mesmo nos propicie de novo agradáveis momentos. Já escrevi mais do que esperava pelo que termino desejando muita saúde para todos vós e para as vossas famílias e na passagem de ano erguerei também a minha taça num brinde a todos nós. Bem hajam

Jorge Correia disse...

Luis, pela parte que me toca, agradeço e retribuo os votos natalícios.

Tens toda a razão, quando dizes que fomos atirados para uma guerra injusta a que o Glorioso 25 de Abril pôs termo devolvendo a paz e a dignidade aos povos angolanos e portugueses.

Quanto ao flagelo governativo a que temos vindo a assistir da responsabilidade da dupla PS/PSD representantes do neo-liberalismo reinante que nos tem atirado para a fossa da Europa, com desemprego, pobreza,falta de condições de saúde e educação,...contra esses só a nossa consciência de classe e determinação, nos proporcionarão uma mudança de política urgente e necessária.

Abraços.

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72
conduta brava e em tudo distinta