quarta-feira, 3 de março de 2010

Era o dia 29 de Novembro de 2008 – Ou uma história de Amizade

(por Fernando Moreira)

Já há algum tempo que ando para desenvolver um texto que me chegou há já bastante tempo num e-mail e que por falta de tempo não lhe pude dar a devida atenção.

Faço-o agora e mais não é que o testemunho de uma amizade que foi criada em Serpa Pinto entre dois camaradas de Batalhões diferentes mas que o destino irmanou para todo o sempre.
Já aqui escrevi que a família é a que temos, os amigos são os que escolhemos e este é o testemunho de uma bela escolha… apenas um exemplo de alguns outros que tenho observado.
Desde o primeiro momento em que retornei ao vosso convívio que ouvia falar no Leal, que não sendo do 4611/72 é um ponto de cruzamento entre muitas histórias vossas e Serpa Pinto. O tempo passou e este cruzamento mantêm-se pelo que vou dar a palavra ao Delca Facas pois é dele a descrição inicial:

O Facas, o Arlindo Silva e o Leal, na Feira de Exposições de Serpa Pinto, no dia 22 de Setembro de 1973
Devem-se recordar do dia 29 de Novembro de 2008, do almoço convívio da 3ª.Comp. em Miranda do Corvo, organizado pelo Amigo Leal e projectado no almoço em São Brás de Alportel, em casa do Amigo Moita, no qual tive o prazer de estar presente.
Em S.Brás, a 26 de Abril, "convenci" o Amigo Leal que tinha vindo sózinho de Coimbra a Faro no InterCidades, a organizar o evento anual para o dia acima referido.
Não podia imaginar o que me viria a acontecer e que me iria impedir de estar presente e com todos vocês nesse magnifico e indescritível dia .
Como não podia deixar de ser o Amigo Leal conhecedor do que me tinha acontecido, logo a 8 de Dezembro, relatou-me de uma forma tão exemplar, excepcional e AMIGA esse encontro que quase pude imaginar, ao ler essas belas e extraordinárias palavras, ter vivido convosco mais esse extraordinário dia.”

O Facas e o Leal no Convívio de Abrantes, Novembro de 2009
 Passemos agora às palavras que o Leal dirigiu ao Amigo Facas;

“Era o dia 29 de Novembro de 2008. Tinha-se anunciado para Miranda do Corvo, um grande acontecimento de ordem social – nem mais do que o encontro anual de ex-militares do Bat. de Caç. 4611 que estiveram em terras de Angola entre 1972 e 1974.
O dia amanheceu frio e chuvoso. Estava previsto ter início um roteiro turístico, a partir do Largo da C. Municipal, tendo como meio de transporte, um autocarro de 27 lugares cedido para o efeito pela própria C. Municipal. E à hora marcada, o autocarro apareceu conduzido pelo motorista Carlos Amaral.
Pelas 11:00, o percurso turístico era iniciado, com a travessia da vila, rumo ao parque eólico. O cicerone de serviço ia comentando o que era dado ver ao longo do caminho – as escolas, os semáforos, denotando com isso, algum progresso (!), a povoação da Godinhela, tendo como habitante principal, a bruxa que tem levado o nome de Miranda por esse país fora…
Em pouco tempo, chegávamos ao primeiro ponto de paragem – o parque eólico de Vila Nova, localizado em plena Serra da Lousã, a cerca de 700 m de altitude.

A neve do parque eólico de Vila Nova, Serra da Lousã

Aqui chegados, os nossos “turistas” recebem a primeira prenda, a neve (“branca e leve, branca e pura”, como disse em tempos o nosso “amigo” Augusto Gil). E … fica apenas o motorista dentro da viatura. Algumas brincadeiras têm lugar, mas poucas, pois a idade apenas permite compostura!... NÃO!!
Com o autocarro impedido de continuar viagem, na direcção ascendente, o motorista decide fazer marcha-atrás pela via em que vinha, procurando apanhar a direcção duma outra via paralela à primeira, mas com menor altitude, procurando desta maneira apanhar novamente os passageiros num ponto onde fosse possível, sem haver contratempos derivados da neve. Tal foi possível depois de algum tempo de marchas-atrás e à frente do autocarro e de percursos feitos a pé pelos turistas do dia. Isto deu azo a expressões deste jaez: “ainda bem que isto aconteceu! Adoro este tipo de coisas! Quando tudo corre certinho, não tem piada nenhuma!” Este contratempo em plena serra da Lousã, além daqueles comentários, deu ainda azo a muitas fotos tiradas, tendo como pano de fundo a neve, e deu azo ainda a algo inédito na vida da quase totalidade dos presentes – ver nevar! Sim, nevou directamente do céu para todos nós.

Os convivas em Miranda do Corvo

Depois de todas estas peripécias, somos transportados até à C. Municipal, onde nos esperava a Srª. Presidente da C. Municipal, para, depois duma grande palestra sobre a história, o turismo e gastronomia do Concelho, oferecer alguns brindes. A meio da “conversa” dela, o cicerone dos turistas do dia foi interrompido por um telemóvel de alguém que muito gostaria de estar presente, mas que a convalescença de um problema de saúde, impedia de tal.

Na Câmara Municipal de Miranda do Corvo

O passo seguinte era o almoço no Convento de Semide. Antes, porém, esperava-nos um concerto pelo Coro da Casa do Povo.
Enfim, muitas prendas para o mesmo dia!
Dia com muitas palavras que soube bem ouvir: “Isto estava tudo muito bem organizado”; “este é o encontro que fica para marcar!”; “o almoço estava melhor do que se fosse num restaurante!”
E pronto! Chega de palavras bonitas, embora saiba bem ouvi-las! Não é por nada, mas o que eu fiz, qualquer um pode fazer, não é preciso ter nenhum curso superior! Melhor dizendo, eu fiz aquilo que entendi que se devia fazer. Ainda ouvi de alguém fora do nosso grupo – “mas não era suposto que as coisas corressem dessa maneira?!”
Mas, para além de tudo isto, gostaria de ouvir e de confirmar o seguinte:
"O Facas está completamente recuperado!” / “O Silvinha não tem doença nenhuma e pode muito bem ir onde entender!”
Livrem-se de ficar em casa no próximo ano!
Um grande ABRAÇÃO para vocês do AMIGO
JMLeal”



Meus amigos, gostaria de poder acrescentar algo mais mas creio que estes dois camaradas resumiram entre eles o que deve ser uma boa amizade; a lealdade, o companheirismo, o acompanhamento, a preocupação, a gargalhada de um bom momento, a palavra amiga e o ombro solidário nos maus momentos,… através dos tempos.
Este deve ser o nosso caminho, sem deixarmos ninguém para trás… pois todos fazem falta!!

1 Abc a todos.



6 comentários:

Jorge Correia disse...

Também eu gostaria imenso de ter estado em Miranda do Corvo, para além do convívio ter assistido a esse espectáculo maravilhoso que é a neve. Apesar de me dar muito mal com o frio e a chuva 1ª vez de vez em quando e em boa companhia até faz bem à alma e retempera o espírito.

Abraços!

Izilda Simões disse...









Prezados,
Meu nome é Izilda e tenho a Cidadania Portuguesa por parte da família do meu pai, que viveu em Miranda do Corvo e Godinhela.
Minha bisavó era a Maria da Luz Leite, mais conhecida como a Bruxa de Godinhela.
Aqui no Brasil, sabemos de algumas histórias, mas gostaria MUITO de me aprofundar nos acontecimentos da época. Saber mais sobre sua vida.
Busquei na Internet e encontrei esta página, com esta citação:

"Pelas 11:00, o percurso turístico era iniciado, com a travessia da vila, rumo ao parque eólico. O cicerone de serviço ia comentando o que era dado ver ao longo do caminho – as escolas, os semáforos, denotando com isso, algum progresso (!), a povoação da Godinhela, tendo como habitante principal, a bruxa que tem levado o nome de Miranda por esse país fora…"

Será que alguém aí poderia me contar mais sobre sua vida e história? Meu avô era o Sr. Américo Simões, um de seus filhos.
Grata pela atenção,
Izilda

Luis Marques disse...

Amigo Leal, está tudo bem contigo?

Na caixa de correio do Fórum 4611 foi ontem recebida uma mensagem de uma Senhora, Izilda Simões, que procura saber algo mais sobre a sua bisavó Maria da Luz Leite, mais conhecida como a Bruxa de Godinhela.

Como tu és o autor do trabalho publicado em 3 de Março de 2010 em que falas sobre a Bruxa de Godinhela e que podes recordar AQUI ficava-te muito agradecido se pudesses responder à Izilda Simões que vive lá no Brasil e anseia por qualquer relato de que tenhas conhecimento sobre a avó dela.
Recebe um grande abraço deste teu amigo e que anseia por te reencontrar... talvez este ano no convívio da 3ª Companhia.
Luís Marques

Izilda Simões disse...

Muito obrigada Luis Marques por encaminhar minha mensagem!
Na verdade, sempre tive MUITA CURIOSIDADE sobre a história da minha bisavó Maria da Luz Leite: a Bruxa de Godinhela.
O pouco que sei, me parece quase um roteiro de filme...
É do meu conhecimento que ela teve dois filhos com o meu bisavô: Américo (meu avô) e Mariquinhas (casada com o Victor, que era quase 30 anos mais jovem do que ela - ouvi falar que o Victor era filho de seu ex-noivo). O encontro dos dois aconteceu no Brasil: ela com 50 anos e ele com um pouco mais de 20. Os dois se apaixonaram e voltaram juntos para Portugal. A Mariquinhas viveu mais de 100 anos e completou Bodas de Ouro, com aquele que poderia ter sido seu filho. Ouvi falar que o pai do Victor, seu ex-noivo, se separou dela em razão da sogra Bruxa...
Estive em Miranda do Corvo em 2009 e achei que encontraria com o Victor, mas qual foi minha surpresa ao ver sua foto na mesma campa que guarda os restos mortais da minha tia-avó Mariquinhas e da minha bisavó Maria da Luz Leite. Ele havia acabado de falecer.
Em Miranda também descobri que havia outra Bruxa de Godinhela. Fui até ela, que me mostrou a Cruz de Caravaca, que havia sido da minha bisavó e também da Mariquinhas. Disse que havia herdado delas a cruz e os poderes. (???) A mediunidade da Mariquinhas pude comprovar em uma ocasião. Fui testemunha.
Além do meu avô e da Mariquinhas, minha bisavó teve outro filho: meu tio-avô Mário. Mas ele não era filho do meu bisavô. Parece que a partir daí a história da "Bruxa" começou.
Será que alguém daí conhece detalhes desta história? Quem era o pai do Mário? Ouvi falar que minha bisavó gastou tudo o que tinha para salvá-lo de uma tuberculose, mas que ele acabou falecendo ainda jovem e ela ficou sozinha com o menino... Cresci achando muito estranho este lado da família, onde todos eram loiros de olhos claros, enquanto nós todos morenos.
É verdade que meu bisavô (o primeiro marido da "Bruxa") se matou com um tiro? Ouvi falar que este fato está associado à partida da minha avó Ressurreição de Jesus Simões (sua nora) para o Brasil. Ela veio para cá ao encontro de seu marido (e meu avô) Américo. Trouxe com ela meus tios Fernando e Joaquim. Meu bisavô, ao se ver sozinho, colocou fim em sua vida.
Também ouvi falar que meu avô Américo agrediu alguém em defesa da honra de sua mãe. Este teria sido o motivo de sua vinda para o Brasil. Só depois de 10 anos minha avó Ressurreição veio para cá. Foi quando engravidou do meu pai.
Tudo isto mais parece, para mim, um roteiro de filme... Ainda mais se pensarmos que aconteceu em 1.900. Queria deixar esta história guardada para as futuras gerações da minha família.
Contei por alto para uma amiga que é cineasta e ela pediu para que eu escrevesse tudo o que sei. Gostaria de relatar os fatos assim como aconteceram.
Alguém daí poderia me ajudar? Só quero a verdade...
Muito obrigada,
Izilda Simões

Luís Marques disse...

Izilda Simões,

Muito curiosa a história da sua família que nos conta na sua mensagem de hoje.
Confesso que nada sabia sobre a vida da "bruxa" de Godinhela, a sua bisavó Maria da Luz Leite. Fiquei curioso e vou procurar saber mais sobre este tema.
Lamento não ser eu a pessoa certa para esclarecer as muitas dúvidas que ainda tem sobre a vida de sua bisavó, mas o meu amigo Joaquim Manuel Leal (que nos está também a ler em cópia) certamente não deixará de lhe escrever para contar o que sabe. Ele deve estar neste momento a fazer perguntas sobre a célebre "bruxa de Godinhela", cuja vida tal como diz, dava um bom roteiro para um filme.
Ó Joaquim Leal, responde lá à Izilda Simões, porque eu também já estou muito curioso.

Um beijinho para a Isilda e um abraço para o Leal.




Luís Marques

Unknown disse...

Izilda,
Adorei ler o se relato.
Moro no Brasil e meu avô também era parente da bruxa da Godinhela. Fiquei curiosa. Você já montou o organograma da sua família? Não sei exatamente o parentesco do meu avô pois era muito pequena e ele faleceu qdo ainda era uma menina. Mas meu pai me contou algumas histórias bacanas sobre ela.
Entra em contato comigo!

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

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conduta brava e em tudo distinta