segunda-feira, 1 de outubro de 2012

OS FLECHAS

(POR FILIPE SILVA E FERNANDO MOREIRA)

“Que a vossa rapidez seja a do vento, que sejam impenetráveis como a floresta. Que as vossas operações sejam tão tenebrosas e misteriosas como a noite e, quando atacardes, fazei-o com a rapidez do raio e a violência do trovão.”
Sun Tzu

- Flechas – Força paramilitar da DGS, composta por membros de algumas etnias locais e por dissidentes dos movimentos de guerrilha, foram forças de operações especiais dependentes da Direcção-Geral de Segurança (DGS), criadas, inicialmente no Cuando Cubango, para actuarem contra o IN, à semelhança dos Selous Scouts rodesianos e preparados para viver e combater no terreno como os guerrilheiros, em acções prolongadas.


Breve História das Unidades de Flechas

Durante a Guerra do Ultramar, a DGS (Direcção-Geral de Segurança, assim designada a partir de 1969) era responsável pelas operações de recolha de informações estratégicas, sobretudo nos países vizinhos de Angola, investigação e acções clandestinas contra os movimentos guerrilheiros, em apoio das Forças Armadas e de Segurança. Como tal foi decido criar uma força especial armada para auxílio e protecção dos agentes da DGS nas operações contra os guerrilheiros.

Segundo o criador dos Flechas, o Inspector da DGS Óscar Piçarra Cardoso, alguma inspiração foi bebida das obras literárias de Jean Laterguy, como “Os Tambores de Bronze”, “Os Centuriões” e “Os Pretorianos”, fruto da intervenção francesa na Indochina e no Katanga e ainda as histórias de Lawrence da Arábia e a experiência recolhida da acção dos Boinas Verdes americanos no Vietname e no Laos.

Os membros dos Flechas eram recrutados entre determinados grupos nativos, nomeadamente ex-guerrillheiros e membros da minoria étnica bosquímane (khoisan), destinados a actuar no Cuando-Cubango no âmbito da informação e como pisteiros mas depressa as suas características fizeram deles temíveis combatentes tendo, mais tarde, integrado também elementos de outras etnias e acabando as suas unidades por se espalharem um pouco por todo o Leste e mesmo pelo Norte, actuando sempre com grande eficiência. Os bosquímanos que historicamente tinham sido invadidos pelos povos Banto não tinham qualquer problema a aliar-se aos portugueses, dado que viam nos movimentos de libertação o Banto invasor do seu território, pelo qual nutriam um ódio ancestral. Estes eram especialmente escolhidos pelas seus conhecimentos do inimigo, conhecimento do terreno, conhecimento das populações locais, etc. É de salientar que os bosquímanos eram um povo caçador-recolector, logo exímios intérpretes de rastos e pistas deixadas no terreno pelo inimigo, ao ponto de conseguirem dizer que tinha passado por ali uma mulher e que a mesma estava grávida!, dada a sua experiência em perseguição de caça. Esses membros nativos eram enquadrados por oficiais do Exército Português, nomeadamente Rangers, e por agentes da PIDE e recebiam treino de forças especiais. Começaram a ser treinados num campo de trabalhos em Missombo, no Cuando Cubango, e, posteriormente, na região de Gago Coutinho.


Foram inicialmente organizados pelo Inspector Óscar Aníbal Piçarra de Castro Cardoso no período que passou nas "terras do fim do mundo" – o Cuando-Cubango. Os Flechas estavam organizados em Grupos de Combate de cerca de 30 homens. Estavam equipados com o equipamento em uso no Exército Português, mas também utilizavam muito armamento capturado aos guerrilheiros, nomeadamente nas Operações Pseudo-Terroristas. As autoridades militares apenas possuíam o controlo da sua actividade operacional.

Esta acção contou com a ajuda preciosa de um indivíduo chamado Manuel Pontes, que exercia o cargo de Administrador no Cuando Cubango e profundo conhecedor dos “bushmen” a quem eles respeitavam e a quem apelidavam de Tata K’Hum, que quer dizer o Pai dos K’Hum, que eram eles, povo bosquímane. Esta força começou em 1967 com oito instruendos, treinados no Cuando Cubango no campo de trabalho no Missombo, magros e pequenos, ao princípio armados de arco e flechas envenenadas, ainda fazendo o fogo por fricção de paus, mas aos poucos foram recebendo preparação militar, instrução de tiro e passaram a andar armados. Do contacto com o inimigo, traziam armas capturadas, documentos, mas ninguém vivo para contar como foi.

Este povo nutria um ódio ao Banto que os escravizava, trocando-o e vendendo-o com o se de gado se tratasse, aqueles que não eram forçados à nomadização estavam praticamente em regime de escravidão autêntica nos sobados dos chefes Bantos. E o ódio aos seus antigos donos levou-os a fazer a guerra ao lado dos portugueses.

No campo de Missombo existia uma frase de um escritor militar chinês, Sun Tzu, fonte inspiradora de Mão Tsé Tung, que dizia o seguinte; “Que a vossa rapidez seja a do vento, que sejam impenetráveis como a floresta. Que as vossas operações sejam tão tenebrosas e misteriosas como a noite e, quando atacardes, fazei-o com a rapidez do raio e a violência do trovão.” Nada mais apropriado para caracterizar a acção desta força.

Mais tarde começaram a ser formados também na zona de Gago Coutinho, espalhando-se ao Luso e á região de Luanda, Caxito, sendo os seus elementos quase todos terroristas do MPLA recuperados e utilizados a combater ao lado das NT.
Apresentação de armamento capturado pelos Flechas ao IN
Com o decorrer da Guerra do Ultramar os Flechas revelaram-se uma das melhores forças anti-guerrilha ao serviço de Portugal, indo progressivamente alargando o seu tipo de actuação. Se no início eram basicamente usados como guias e pisteiros dos agentes da PIDE, passaram posteriormente também a ser usados como forças de assalto em operações especiais. Pelo reconhecimento do seu elevado nível de eficácia, as próprias Forças Armadas passaram a solicitar frequentemente à DGS o auxílio dos Flechas nas suas operações, nomeadamente as unidades de comandos que tinham por eles um grande apreço. Óscar Cardoso afirma que nunca teve uma deserção nos Flechas, nem nenhum capturado pelo inimigo na sua Zona de Acção (ZA).


Algumas das operações frequentemente realizadas eram as chamadas Pseudo-Terroristas, em que os Flechas, muitos deles ex-guerrilheiros, se disfarçavam de guerrilheiros inimigos, para atacarem alvos com características tais que não podiam ser abertamente atacados por forças identificadas como portuguesas (ex.: alvos em território estrangeiro, missões religiosas que auxiliavam terroristas, bases terroristas de difícil aproximação, etc.).

Os Flechas actuaram sobretudo em Angola, onde no 2º. Semestre de 1971 atingiam já os 1511 combatentes. Na década de 1970 começaram a ser organizados Flechas também em Moçambique mas que não chegaram a ter uma importância tão elevada.

Na Zona de acção do Bat.Caç.4611/72, Subsector de M´Pupa existiam forças de Flechas no Calai; Mucusso; Valombo; Cuangar; Mucundi; Caiundo; Cuchi e Mavengue, num total de 274 combatentes.

O seu item de fardamento mais conhecido era a Boina Camuflada que se tornou um dos seus símbolos.

Sobre os Flechas e as suas operações juntamente com forças do Bat.Caç.4611/72 poderemos referir dois episódios caricatos que nos chegam relatados pelo então Alferes Filipe Silva comandante do 4º. Grupo de Combate da 3ª. Companhia.

São eles:

 - “ O primeiro foi aquando dum MVL para o Rivungo, de cuja data me não recordo mas que sei ter sido em 1973, entre o “destacamento do Dima” e Mavinga.
Como era costume, eu seguia na viatura da frente, um Unimog 404 a gasolina, com mais quatro indivíduos a que chamava a equipe de caça.
Nestas viagens chegávamos a estar distantes da última viatura, normalmente comandada pelo Girão, até 40 Km…
Seguíamos nós calmamente pela planície (chana), quando começámos a ser sobrevoados por dois aviões T-6 das FAP, que passavam em voo rasante, sobre nós, curvando na direcção da nossa deslocação, e passando a voar em circulo e a picar sobre uma zona à nossa frente.
Na última passagem em voo rasante, o piloto de um dos aparelhos, apontou nitidamente para a zona que tinham sobrevoado em círculo e feito voo picado.
Entendi que alguém necessitava de auxílio, e dei ordem para nos dirigirmos  lá, enquanto os aviões nos ficaram a sobrevoar em círculo.
Quando estávamos aí a cerca de duzentos metros comecei a ver indivíduos fardados a movimentarem-se de um lado para o outro, e curiosamente com uma faixa vermelha nos barretes. Fiquei paralisado por uma fracção de segundo pensando:
- Caímos na boca do lobo!
De imediato dei as minhas ordens, de como abordar o caso bem como  o caminho que cada um de nós ia seguir, a pé, tendo como cobertura o condutor com  a metralhadora do Unimog.
Quando cheguei perto, fui informado por um dos indivíduos que eram flechas de Mavinga e que o rádio não funcionava e não tinham comida nem munições.
Era um grupo de “buchimanes” e, após estabelecermos contacto com o chefe  deles, um tal Serpa, prontificamo-nos a transportá-los para o seu acampamento.
Tinham estado a fazer uma batida, no dia anterior e tiveram contacto com o IN. Deram tantos tiros, que já sem munições fugiram eles para um lado e o IN para o outro.
Ainda me recordo do indivíduo que os comandava, dizendo pelo nosso rádio: - “carrapau”; “carrapau”; “carrapau 1” chama, escuto!

Foi uma cena e tanto…"


1º.Sem.72
1º.Sem.72
2º.Sem.72
2º.Sem.72
2º.Sem.72
TE's
GE's
Fieis
Leais
Flechas
Grupos
17
91
48
3
45
Efectivos 1972
569
2794
1.300
90
1575
Nº. Operações
Isoladas
108
1047
153
23
158
Conjunto NT
0
396
150
0
64
Baixas Sofridas
Mortos
0
6
3
0
28
Feridos
1
20
64
0
0
Desaparecidos
0
41
0
0
0
Baixas Causadas
Mortos
0
65
156
2
541
Feridos
2
26
0
0
6
Cap. E Recup.
9
0
104
0
S/elem.
Armas Capturadas
0
98
47
1
S/elem.

Quadro relativo a actividade operacional das Forças Africanas, em Angola - 1972

O segundo episódio em que participaram os flechas foi durante uma operação, no qual o 4º. Grupo de Combate foi aumentado com um grupo de Flechas de Mavinga, constituindo um agrupamento;

 - “A primeira parte foi a entrega de dez rações de combate a cada um deles, na pista do campo de aviação.
Imaginem-nos sentados  no chão, comendo todas as rações, até à última. Ficaram que pareciam “pranhos”, tal o tamanho da barriga.
Na madrugada do dia seguinte, fomos lançados e dividi o agrupamento em dois grupos distintos, porque comecei a ver muita descontracção e muita conversa (leia-se estalidos) entre eles, sem qualquer cuidado.
Logo na primeira noite, quando acampamos, cada um dos ditos fez uma fogueira e o barulho que faziam era uma loucura, conversando por estalidos.
Mandei retirar os meus homens para mais longe e proceder a manobras de segurança e vigia.  A barulheira deles continuava…
De repente, fez-se silêncio total e dois ou três deles farejavam o ar como cães, de cabeça levantada, e comunicando por estalidos levantaram-se todos e desapareceram a correr mato fora, pela noite dentro.
Nunca mais os vi, durante os restantes dias da operação. Fomos sendo informados via rádio da progressão deles na direcção da fronteira leste, perseguindo sete INs  que foram abatendo dia a dia até ao último.
Ainda tive oportunidade de encontrar dois cadáveres, completamente despidos. Ficaram-lhes com todos os haveres…
Não consigo lembrar a data nem o nome desta operação, no entanto foi feita ainda eu era comandante interino da companhia, logo até 30 de Maio de 1973."

13 comentários:

Luís Marques disse...

Os meus parabéns pelo vosso excelente trabalho.
O trabalho de pesquisa do Fernando é muito completo e os dois episódios relatados pelo Filipe Silva, são bastante interessantes.
Também eu, por várias vezes interagi, como agora se diz, com os “flechas”, principalmente levando-os para os locais de largada para as suas operações e recolhendo-os dias depois. Recordo duas ou três idas até ao Destacamento do Luengue, levando grupos que estavam localizados no Calai, Dirico e no Mavengue e uma outra até ao Luiana (esta para uma operação de grande envergadura, pois levámos quatro Berliets só para os transportar, mais os Unimogs da escolta). Não sei que raio de operação foi esta, pois, pelo menos por nós, CCS, não foram recolhidos, como era costume.
Todos estes contactos me ficaram na memória. Todos os “Flechas” com quem contactei no Cuando Cubango eram bosquímanos.
Todos nós recordamos este povo que connosco conviveu durante um ano, durante a nossa permanência no Cuando-Cubango em 1972 e 1973.
Naquele tempo, muitos nomes lhe ouvimos chamar (bosquímanos, bochimanes, camussequeles, hotentotes e outros). Mas uma coisa é certa: ficou gravada a ferro na nossa memória a coragem desse povo, nascido da pobreza, que pouco mais tinham de seu que as roupas que vestiam.
Muitas histórias ouvimos sobre essa gente, umas verdadeiras, outras produto da imaginação de cada um e da própria lenda.
Com saudade, recordamos aquela gente pequena. Desde logo estranhámos a sua estranha maneira de falar (uma linguagem repleta de pequenos estalidos produzidos pela língua ao aspirar o ar). Sabemos agora que a língua que falam se chama “koisan”.
Este povo refere-se a si próprios como Zhun ! twasi (o sinal de exclamação, significa o “estalo” da língua), que significa “O Povo Real”, ou !Kung San, ou simplesmente !Kung
Certamente que nenhum de nós deixou de os admirar, não só pelo que nos era contado, mas sobretudo pela vivência quase diária com esse povo, pequeno na sua estatura, mas enorme na sua existência e história!
Cabe aqui recordar o povo mais antigo da África Austral! Povo que no passado era dono e senhor de todo o território que se estende do Zambeze ao Cabo da Boa Esperança e do Atlântico ao Indico.
Os Tswana, seus vizinhos do Kalahari que ali chegaram há 1.200 anos, chamam-lhes "o povo que nada possui". Os Khoi, seus parentes pastores, chamam-lhe intrusos, ou vagabundos
Hoje cerca de 85.000 bosquímanos vivem à beira da extinção cultural. A maior parte reside nas regiões mais distantes do deserto do Kalahari, no Botswana, na Namíbia, na África do Sul, em Angola e na Zâmbia.

fmoreira disse...

Olá a todos. Antes de mais o meu obrigado ao Filipe Silva por mais este relato, de certa forma caricato sobre os "Flechas". Quase de certeza que esta operação foi a "Operação ZEUS I/H" que decorreu de 3 a 12 de Março com a missão de bater a àrea compreendida entre M 2000 P 1600 - Picada Mavinga-Luengue, P 1640 M 1910 P 1538 M 1930 P 1518, entre o rio Cuzizi e Lomba. Da 3ª. Companhia, segundo os registos estiveram envolvidos os grupos de Combate do Alferes Filipe Silva e o do Alferes Manuel Figueira, 1º.Grupo. Fizeram parte desta Operação para além de Comandos da 36ª. Companhia, Flechas do Cuito, Mavinga e Mavengue, bem como 2 Grupos de Combate da 1ª. Companhia do 4611, o 1º. e o 2º, no registo da Operação comandados pelos Alferes Joaquim Boavida e Armando Lopes. Espero não me ter enganado. :-)

Unknown disse...

Boa tarde a todos.
Desde já os meu parabens pelo vosso blog!
Sou portuguesa e vivo há dois anos na Namíbia, onde a par da minha actividade de tradutora, dirijo uma Fundacao, a San Foundation, que apoia o povo San, mais conhecido como "Bushmen" ou "Bosquímanos". Há umas semanas atrás, descobri que os meus "Bosquímanos" tinham colaborado com as Forcas militares Portuguesas durante a Guerra colonial. Fiquei espantada pois nao fazia ideia de tal ligacao. Tendo eu sido militar também durante 7 anos e tendo uma profunda admiracao e respeito por voces, ex-combatentes (o meu pai também o foi em Angola) esta ligacao tocou me forte no coracao...Lido diariamente com a miseria em que vivem os Bosquimanos e tento a todo o custo apoia-los no que posso. Agora, mai que nunca, compreendo o "sentimento menos bom" que algumas tribus bantu ainda sentem pelos "Bushmen" o que torna toda a ajuda que se tenta prestar mais dificil...afinal de contas, nao passaram de "colaboradores" com o inimigo!Mas acima de tudo, tenho alguma curiosidade em saber um pouco mais e recolher algumas historias sobre os Flechas. Agradecia a amabilidade de quem me pudesse dar uma ajudinha :-)
Fica aqui o meu contacto: natalia.sanfoundation@gmail.com

Bem haja

Natália

Unknown disse...

Boa tarde a todos.
Desde já os meu parabens pelo vosso blog!
Sou portuguesa e vivo há dois anos na Namíbia, onde a par da minha actividade de tradutora, dirijo uma Fundacao, a San Foundation, que apoia o povo San, mais conhecido como "Bushmen" ou "Bosquímanos". Há umas semanas atrás, descobri que os meus "Bosquímanos" tinham colaborado com as Forcas militares Portuguesas durante a Guerra colonial. Fiquei espantada pois nao fazia ideia de tal ligacao. Tendo eu sido militar também durante 7 anos e tendo uma profunda admiracao e respeito por voces, ex-combatentes (o meu pai também o foi em Angola) esta ligacao tocou me forte no coracao...Lido diariamente com a miseria em que vivem os Bosquimanos e tento a todo o custo apoia-los no que posso. Agora, mai que nunca, compreendo o "sentimento menos bom" que algumas tribus bantu ainda sentem pelos "Bushmen" o que torna toda a ajuda que se tenta prestar mais dificil...afinal de contas, nao passaram de "colaboradores" com o inimigo!Mas acima de tudo, tenho alguma curiosidade em saber um pouco mais e recolher algumas historias sobre os Flechas. Agradecia a amabilidade de quem me pudesse dar uma ajudinha :-)
Fica aqui o meu contacto: natalia.sanfoundation@gmail.com

Bem haja

Natália

Unknown disse...

Boa tarde a todos.
Desde já os meu parabens pelo vosso blog!
Sou portuguesa e vivo há dois anos na Namíbia, onde a par da minha actividade de tradutora, dirijo uma Fundacao, a San Foundation, que apoia o povo San, mais conhecido como "Bushmen" ou "Bosquímanos". Há umas semanas atrás, descobri que os meus "Bosquímanos" tinham colaborado com as Forcas militares Portuguesas durante a Guerra colonial. Fiquei espantada pois nao fazia ideia de tal ligacao. Tendo eu sido militar também durante 7 anos e tendo uma profunda admiracao e respeito por voces, ex-combatentes (o meu pai também o foi em Angola) esta ligacao tocou me forte no coracao...Lido diariamente com a miseria em que vivem os Bosquimanos e tento a todo o custo apoia-los no que posso. Agora, mai que nunca, compreendo o "sentimento menos bom" que algumas tribus bantu ainda sentem pelos "Bushmen" o que torna toda a ajuda que se tenta prestar mais dificil...afinal de contas, nao passaram de "colaboradores" com o inimigo!Mas acima de tudo, tenho alguma curiosidade em saber um pouco mais e recolher algumas historias sobre os Flechas. Agradecia a amabilidade de quem me pudesse dar uma ajudinha :-)
Fica aqui o meu contacto: natalia.sanfoundation@gmail.com

Bem haja

Natália

fmoreira disse...

Para a Natália: Só para referir que o papel dos Flechas/Bosquimanes que serviram sob o comando da DGS não se pode resumir sómente ao facto de terem colaborado com as formas militares portuguesas. Para os Bosquimanes o facto de poderem envergar uma farda e empunhar uma arma funcionou mais como uma promoção social e dava-lhes a vantagem de poderem afrontar numa posição de igualdade os seus antigos escravizadores e invasores, os povos bantus representados pelos Ganguelas e outros. Afrontar as forças do MPLA com o impeto com que o faziam, ao ponto de merecerem a admiração dos seus camaradas, forças especiais incluidas, permitia-lhes descarregar sobre estes a raiva contida por séculos de escravidão e maus tratamentos tribais. Para os Flechas não existia a palavra prisioneiro. Mais um povo que deixámos abandonado à sua sorte. Bem haja pelo seu trabalho em prol do mesmo.

Fernando Angelo disse...

Os meus parabéns pelo artigo "Os Flechas" elaborado pelos Srs. Filipe Silva e Fernando Moreira. Actualmente estou a elaborar a minha tese de mestrado na University of Salford, em Manchester, no Reino Unido, subordinada ao tema que traduzido para português é "Quão efectivo foram os Flechas nas operações cobertas durante o conflito português em Angola". Ou seja, sob um ponto de vista da intelligence (informações), a PIDE/DGS quando criou este grupo qual o contributo que tiveram por parte dos Flechas em termos de recolha de informação sobre o inimigo, o seu posicionamento, captura de documentos e guerrilheiros do MPLA para posterior interrogatório, por forma a serem facultadas às Forças Armadas para futuras operações.

Desta forma, e face ao demonstrado profundo conhecimento sobre a matéria por parte dos Srs. Filipe e Fernando, gostaria de lhes pedir alguns detalhes que possam ter conhecimento sobre a actividade dos Flechas, documentos ou referências bibliográficas ou de arquivo que me possam ajudar neste trabalho. O meu argumento central é provar que os Flechas foram extremamente essenciais para a actividade desenvolvida pela PIDE/DGS na recolha de informação e condução de operações cobertas na parte leste de Angola, mormente no interior da Zâmbia que servia como base do MPLA, alterando de forma significativa o pendor da guerra em favor dos portugueses. Apreciava o vosso saber e conhecimento em auxilio do meu trabalho.

Um forte abraço,

Fernando Angelo

Fernando Pessoa disse...

... à atenção de Fernando Moreira.

A legenda «Flechas sendo desarmados em 1974/1975», não corresponde ao que naquela foto ficou registado.
Tratou-se, naquela ocasião, da apresentação de armamento capturado pelos Flechas ao IN.
Faça favor de rectificar em conformidade.

Unknown disse...

cart 1701 -1967-1969 -leste angola -um dos nossos alferes -CARDOSO -trabalhou com os flechas --

DISPLACED AND MIGRANT PERSONS SUPPORT PROGRAM disse...

Hi, is Theresa anyone here who can provide me with the contact details for Oscar Cardozo. I would like to do follow up interviews for my project

Fernando Pessoa disse...

> respondo ao 'comment' supra colocado:
A pessoa interessada em contactar Óscar Cardoso, deverá indicar o nome completo e a respectiva mailbox; posteriormente, estas msgs vão chegar ao conhecimento do procurado.
Cpts.

Unknown disse...

O meu Pai comandou um grupo de Flechas . Bravos Homens . Nao cheguei a conhecer o meu Pai gostaria de saber mais sobre ele i falar com o Senhor Oscar o nome do meu Pai Jorge Manuel de Almeida Martins Camelo. Obrigado.

Unknown disse...

Sim gostaia.

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72
conduta brava e em tudo distinta