(por Luís Marques)
«... É que os lugares acabam, ou ainda antes
de serem destruídos, as pessoas somem
e não mais voltam onde parecia
que elas ou outras voltariam sempre
por toda a eternidade. Mas não voltam,
desviadas por razões ou por razão nenhuma»
Jorge de Sena
«... É que os lugares acabam, ou ainda antes
de serem destruídos, as pessoas somem
e não mais voltam onde parecia
que elas ou outras voltariam sempre
por toda a eternidade. Mas não voltam,
desviadas por razões ou por razão nenhuma»
Jorge de Sena
Quase 35 anos passaram desde a data em o Batalhão de Caçadores 4611/72 deixou a chefia do subsector do Caxito e a C.C.S. rumou a Cabinda, deixando a Fazenda Tentativa e a região de Luanda.
Todos nós guardamos na lembrança aquilo que era Fazenda Tentativa na altura em que lá estávamos e aquilo que ela representava para nós (sobretudo devido ao isolamento em havíamos vivido nos 13 meses anteriores no Cuando Cubango).
A Fazenda Tentativa surpreendia pela sua grandiosidade. A sua enormidade, as vivendas, as escolas, a igreja, o hospital, a farmácia, o seu cinema ao ar livre, o campo de futebol, a própria fábrica e a vasta alameda que possuía, davam-lhe um aspecto de modernidade.
Também a cidade do Caxito, e a Barragem das Mabubas, constituíam para nós alguma coisa de diferente de tudo aquilo que até então estávamos habituados e um regresso apetecido à “civilização”.
As constantes visitas a Luanda e tudo o que isso representava (os encontros, as farras de fim-de semana, os bares, etc,), quase que nos faziam “esquecer” a nossa condição de jovens de vinte e poucos anos, bem cedo retirados à família e aos amigos e expostos às agruras e contingências de uma vida militar não voluntária nem desejada.
Infelizmente, nos dias de hoje, os locais que então percorremos e habitámos nesta região da Fazenda Tentativa, cidade de Caxito e Barragem das Mabubas (e até a própria cidade de Ambriz), pouco ou nada têm a ver com as imagens que certamente todos nós temos gravadas na memória.
A guerra civil que impiedosamente se abateu sobre Angola, logo a seguir à sua independência, foi destruidora e não poupou as populações, nem a quase totalidade das estruturas que Angola possuía.
Um exemplo dessa acção destruidora da guerra civil, está bem espelhada nas imagens actuais da Fazenda Tentativa, das cidades de Caxito e Ambriz e da Barragem das Mabubas.
Da Fazenda Tentativa já nada resta, estando todo aquele complexo fabril e habitacional totalmente destruído.
A Barragem das Mabubas (que a 1ª companhia defendeu das incursões dos guerrilheiros do MPLA, com a finalidade de salvaguardar o abastecimento de água a Luanda) está totalmente inoperacional e já não tem função que tinha em 1974.
As cidades de Caxito e de Ambriz, actualmente, são imagens reveladoras de uma destruição atroz em tudo semelhantes a tantas outras cidades e aldeias angolanas, entristecendo quem as vê agora e recorda as imagens que guardou na memória.
As fotografias que se seguem ilustram bem esta triste realidade.
Vejam-nas e meditem.
Fazenda Tentativa em 1974
A Fazenda Tentativa surpreendia pela sua grandiosidade. A sua enormidade, as vivendas, as escolas, a igreja, o hospital, a farmácia, o seu cinema ao ar livre, o campo de futebol, a própria fábrica e a vasta alameda que possuía, davam-lhe um aspecto de modernidade.
Também a cidade do Caxito, e a Barragem das Mabubas, constituíam para nós alguma coisa de diferente de tudo aquilo que até então estávamos habituados e um regresso apetecido à “civilização”.
As constantes visitas a Luanda e tudo o que isso representava (os encontros, as farras de fim-de semana, os bares, etc,), quase que nos faziam “esquecer” a nossa condição de jovens de vinte e poucos anos, bem cedo retirados à família e aos amigos e expostos às agruras e contingências de uma vida militar não voluntária nem desejada.
Infelizmente, nos dias de hoje, os locais que então percorremos e habitámos nesta região da Fazenda Tentativa, cidade de Caxito e Barragem das Mabubas (e até a própria cidade de Ambriz), pouco ou nada têm a ver com as imagens que certamente todos nós temos gravadas na memória.
A guerra civil que impiedosamente se abateu sobre Angola, logo a seguir à sua independência, foi destruidora e não poupou as populações, nem a quase totalidade das estruturas que Angola possuía.
Um exemplo dessa acção destruidora da guerra civil, está bem espelhada nas imagens actuais da Fazenda Tentativa, das cidades de Caxito e Ambriz e da Barragem das Mabubas.
Da Fazenda Tentativa já nada resta, estando todo aquele complexo fabril e habitacional totalmente destruído.
A Barragem das Mabubas (que a 1ª companhia defendeu das incursões dos guerrilheiros do MPLA, com a finalidade de salvaguardar o abastecimento de água a Luanda) está totalmente inoperacional e já não tem função que tinha em 1974.
As cidades de Caxito e de Ambriz, actualmente, são imagens reveladoras de uma destruição atroz em tudo semelhantes a tantas outras cidades e aldeias angolanas, entristecendo quem as vê agora e recorda as imagens que guardou na memória.
As fotografias que se seguem ilustram bem esta triste realidade.
Vejam-nas e meditem.
Fazenda Tentativa em 1974
O Vasconcelos e Francês na Fazenda Tentativa em 1974
Fazenda Tentativa actualmente .
Caxito em 1974
Caxito (Avenida Principal)
Caxito (Avenida Principal)
Caxito (Cruzamento para Ambriz)
Caxito (Mercado)
Caxito (Cruzamento para a Barragem das Mabubas e para o Úcua)
Caxito (Avenida Principal)
Estrada do Caxito a Ambriz em 1974
Caxito actualmente
Estrada do Caxito a Ambriz actualmente
Tanque de Guerra abandonado na Estrada Caxito - Ambriz
Floresta nos arredores do Caxito
Barragem das Mabubas em 1974
Barragem das Mabubas actualmente
Ambriz em 1974
O quartel da Primeira Companhia no Ambriz
Avenida principal
Outro aspecto da Avenida Principal
Outra vista da cidade de Ambriz
Ambriz actualmente
Tanque de Guerra abandonado na Estrada Ambriz - Caxito
10 comentários:
Uma vez mais o Luis brinda-nos com um trabalho de pesquisa que nos honra, pelo que de elevado valor tem.Muito Grato te fico, caro Amigo.
Recordar a Fazenda Tentativa,é seguramente para todos ,recordar também um periodo diferente na nossa comissão por terras de Angola.
Conhecer aquele "pequeno mundo" quase autonomo e onde de tudo havia,penso que nos enriqueceu.
Ver e comparar as imagens que agora nos trazes, deixam verdadeira pena e dor por um povo que seguramente não merecia o que acabou por ter.
A guerra nunca deixa nada de bom !
Zé Manel,
Muito obrigado pelo comentário à última actualização do Blogue.
“Massaja-nos” o ego saber que o nosso trabalho é reconhecido.
Mas não são só as lisonjas que me contentam.
Tendo em conta o velho axioma de que também se aprende com os erros, será também desejável qualquer crítica, desde que feita com rigor e seriedade, para que de futuro se procure fazer melhor.
Mas, não sei porquê, o nosso pessoal não está para aí virado. Eis a razão de eu dizer que o blogue tem o futuro estreito...
Amigo nao o conheço mas nasci em Serpa Pinto e nao me lembro de nada da minha terra mas ao ver estas fotografias publicadas neste e outros blogs aond tenho visto o seu trabalho cada vez mais tenho a certeza que nao pertenço a este continente ( europa) aonde me encontro nao perca as forças todo o seu trabalho é de louvar sinto pena que nao seja devidamente reconhecido mas de uma coisa pode estar certo existe mais alguem (eu ) que o reconhece e que tentarei sempre divulgar junto daqueles que penso que lhe darao o seu devido valor.
Pena tenho de o meu pai ja nao estar entre nos para que o pudesse ver tambem um abraço ate sempre e boa sorte
Paulo Pires
p.pires72@iol.pt
Pedrogao Grande - Serta
Gostei de ver…companheiro
…e ainda apanhei cana de açúcar com meus colegas de Liceu (Mutu Ya Kevela, ex-Salvador Correia)
no longínquo ano de 76 organizada como trabalho voluntário com apoio do governo do Neto e os militares…
muitos deles cubanos,….a cana estava pronta…e era preciso cortá-la, o que aconteceu…
estivemos acantonados em tendas militares e fizemos nesse ano a safra…
Depois foi a do café…mais para a Ndalatando, (ex-Salazar)…
E é verdade…já na altura,…estava muita coisa destruída…e muita foi destruída prepositadamente…
Conforme você mostra nas Mabubas…destruíram com cargas…e havia muita zona minada…
e bem me lembro das grandes batalhas em Kifangondo…ás portas de Luanda
Ao fim ao cabo, levou ao quê?!
Vim de lá em Setembro de 1977…e espero lá voltar!!
Um abraço!!
Paulo Pereira
Caro amigo!
Ver e ler sobre um lugar que conheci é sempre alimentar-me a alma. Adorei ver esta fazenda Tentiva. O que ela era sou testemunha... os Angolanos só ficaram a perder!
Conheça os meus espaços:
http://www.congulolundo.blogspot.com
http://www.transpondo-barreiras.blogspot.com
http://www.queriaserselvagem.blogspot.com
Um grande abraço deste que é "Braco por fora mas negro por dentro".
Bom dia
Sou um realizador de cinema angolano e vou fazer uma longa-metragem sobre a "Fazenda tentativa". Neste momento estou a fazer pesquisa e necessito de informação, fotografias, tudo que puder me enviar sobre a fazenda tentativa. o meu e-mail é edivaldo006@gmail.com
Um abraço desde seu irmão angolano.
Edivaldo Simões
Bom dia
Chamo-me Edivaldo Simões e sou realizador de cinema. Neste momento estou a preparar uma longa-metragem "Fazenda Tentativa" e estou a procura de toda informação possivel, fotográfias, etc sobre a Fazenda Tentativa. Se puder me ajudar, ficaria eternamente grato.
Um abraço deste seu irmão angolano.
Edivaldo Simões
Olá, boa tarde. Conheço o dono, ou filho dos donos desta fazenda. Aliás, foi à procura dela no Google, que encontrei este fórum. Alguns comentários vão com resposta tardia, mas ele ainda fica nostálgico quando.se toca no assunto. Alguém tem fotos, ou informação acerca do estada da fazenda hoje em dia? Cumprimentos a todos ruisilvaalmeida@gmail.com
É com imensa nostalgia e com um exercício de reactivação de boas e más memórias, que graças ao texto e fotos publicadas pelo Luís Marques, que mais uma vez, nos faz viajar a essas terras longínquas e nos brinda com um relato recheado vivências, tão marcantes para cada um de Nós, que nos sentimos agraciados e cúmplices por essa juventude talvez " perdida" ou " descoberta".
Para ELE, e todos que de uma forma ou outra contribuem para este blogue o Meu muito grato agradecimento.
Orlando Romão.
É com imensa nostalgia e com um exercício de reactivação de boas e más memórias, que graças ao texto e fotos publicadas pelo Luís Marques, que mais uma vez, nos faz viajar a essas terras longínquas e nos brinda com um relato recheado vivências, tão marcantes para cada um de Nós, que nos sentimos agraciados e cúmplices por essa juventude talvez " perdida" ou " descoberta".
Para ELE, e todos que de uma forma ou outra contribuem para este blogue o Meu muito grato agradecimento.
Orlando Romão.
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