sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

28 de Novembro de 2009

(Por Fernando Moreira - texto, multimédia e fotos)


"O homem que só tem as qualidades próprias da sua idade e do seu estado é o homem admirável.
O que reúne a essas grandes qualidades os pequenos defeitos que lhe são congéneres é o homem completo.”

Ramalho Ortigão

35 anos depois - Parte A - o vídeo




28 de Novembro de 2009, levanto-me, despacho-me e toca a sair de casa pois ainda tinha de ir apanhar a minha mãe a Odivelas. O Bruno não podia ir em virtude de um jogo antecipado.
Tinha chegado o grande dia, 35 anos depois ia voltar a ver na mesma “parada” muitos dos elementos da 3ª Companhia do Batalhão 4611/72 com os quais me cruzei na Roça Lucola, em terras de Cabinda, pequeno enclave ao norte do Rio Zaire, Costa Ocidental Africana.
Saio de casa, dia de nevoeiro, resmungo que era o ideal para um dia de viagem, à chegada a Odivelas nem foi preciso buzinar pois a minha mãe já estava também despachada, estava com o mesmo espírito que eu: era um dia para reviver!!
Chegámos a Abrantes, ao local de encontro, e vou em busca do António Elias e do José Duarte que estavam hospedados no Abrantur e portanto já no ponto de encontro. O Duarte fazia anos e não só por isso estava óptimo nesse dia. Tomámos um café e passado um pouco junta-se a nós o Brazão, responsável pela organização do evento.
Deixámos as senhoras na conversa e viemos andando para o ponto de encontro pois não tardou que começassem a aparecer os vários componentes daquele grupo de amigos cujos laços de amizade foram criados e consolidados no então designado Portugal de Além-Mar.
Para referir aqui nomes teria de elaborar uma longa lista correndo o risco de me esquecer de algum, prefiro não o fazer...
Prefiro referir a alegria que me deu ver rostos que fui adicionando aos nomes que ainda retinha na lembrança, refugiado numa observação que me permitia inserir-me no convívio e ao mesmo tempo retirar-me fazendo o registo do mesmo, apercebendo-me melhor da alegria reinante.
De notar a alegria de um dos elementos da 3ª. Companhia, de seu nome Meireles, que tal como eu só agora tinha conseguido voltar ao convívio dos seus camaradas da jornada africana, 35 anos de contactos perdidos e que agora foram retomados devido ao esforço que se tem feito em se voltar a reagrupar os elementos dispersos.
Não me posso também esquecer de referir a presença de elementos da CCS e também da 2ª. Companhia, não sei se teria estado alguém também da 1ª. Companhia, o que pressupõe um bom indício de que se caminha de forma segura para um futuro encontro do Batalhão 4611/72.
Sensibilizou-me igualmente um episódio relatado por um camarada em que aproximando-se de mim referiu que quando esteve na Roça Lucola – Cabinda, numa escola que a Companhia criou tendo como professores o Figueira, entre outros, aprendeu a ler nos meus livros de escola e nos meus pontos. Confesso que já não tinha muita memória da escola, talvez por ser escola, mas foi incrível a descrição que esse amigo fez pois inclusivamente recordava-se que eu tinha acabado nesse ano o 2º. Ano do Ciclo Preparatório e entrado para o Liceu.
Como eu costumo dizer, nem tudo foi mau...
Neste entretanto a minha mãe deliciava-se com a agradável conversa com que foi envolvida durante todo o tempo pois veio de lá muito satisfeita face ao modo com que foi mimada por todos.
Não posso esquecer também a festa de aniversário improvisada que se realizou à volta do Duarte o que trouxe mais festa a uma festa já de si excelente.
A ideia que levava deste grupo é a mesma que trouxe, referir algo mais seria repetir “posts” anteriores, apenas deixo o desejo de trabalharmos todos juntos para que o ano de 2010 possa fortalecer estes laços, possa criar ou reatar outros laços de amizade e que os próximos Novembros tragam um convívio renovado, ainda mais participado e fraterno.
Só para terminar quero referir algo que um dia li e que dizia algo como isto: “A riqueza de um homem avalia-se pela quantidade de amigos que soube fazer”. Dou muitas vezes por mim a pensar nisto, pois é um facto que a família é a que temos, temos de aceitá-la como é, a vida dá e tira consoante as suas marés, a única coisa que é mesmo nossa são os amigos pois são laços que criamos e alimentamos e no dia em que os tivermos perdido... nesse dia seremos verdadeiramente órfãos!!
Se dúvidas haviam, aí estão as fotos e o registo de vídeo do encontro.


Bem Hajam.
(clica nas imagens para aumentá-las)






 











4 comentários:

José M Francês (CCS) disse...

O grande problema é que a determinada altura, começamos a repetir o que dizemos, escrevemos e pensamos.
Mas sentir a vivência de uma festa de reencontro, ainda que anual, ainda que sem todos presentes, pelo texto carinhosamente escrito pelo Fernando , pouco me importa de cair nas ditas repetições !
É , tal como dizes, nos Amigos que temos a nossa Familia, porque esses qualquer um de nós pode escolher !
Estou certo de que cada passo,agora dado, vai no sentido de brevemente se conseguir a realização de um Convivio do Batalhão, ao qual tu pertences por direito.

José M. Francês disse...

Sem qualquer duvida , o Fernando , brinda-nos uma vez mais com um belo
texto - cheio de vivências - e uma bela colecção de fotos e video.
Eu, que infelizmente não pude estar presente, congratulo-me por puder
reviver estes momentos sempre tão importantes ( e cada vez mais ) das
nossas vidas.
Um apertado abraço a toda a Malta.
JM Francês

José M. Francês disse...

Sem qualquer duvida , o Fernando , brinda-nos uma vez mais com um belo
texto - cheio de vivências - e uma bela colecção de fotos e video.
Eu, que infelizmente não pude estar presente, congratulo-me por puder
reviver estes momentos sempre tão importantes ( e cada vez mais ) das
nossas vidas.
Um apertado abraço a toda a Malta.
JM Francês

Luis Marques disse...

Que poderei eu dizer mais que aquilo que o Fernando Moreira escreveu ? Nada…
Mas não quero deixar de exprimir a minha satisfação pessoal pela forma elevada como decorreu este encontro anual da 3ª Companhia. Pessoalmente, já tive anteriormente a satisfação de conviver com estes antigos camaradas de Batalhão.
Mas, até por isso, o encontro anual da 3ª Companhia marcou em mim um forte sentimento de alegria. Como foi bom ver a alegria colectiva desta gente. Constatei que a irreverência e a atitude comum aos jovens de 20 e poucos anos que nós éramos em Angola foi transportada para Abrantes. Foram as piadas, as histórias hilariantes e as mais sisudas, foi o recordar de um tempo que jamais se apagará da nossa memória.
Muito obrigado a todos, pela maneira como me receberam no vosso Grupo e como me fizeram sentir “um de vós”. Tive oportunidade de ouvir dos restantes elementos da CCS as mesmas palavras de reconhecimento.
Terá sido, quem sabe, o primeiro andamento de um encontro abarcando as quatro Companhias do Batalhão de Caçadores 4611/72? Só o tempo o dirá… pelo menos existe a vontade de uns quantos e as bases estão laçadas.
Quero expressar o meu reconhecimento ao trabalho exemplar do Manuel Brazão que tudo fez (e conseguiu!) para que este encontro corresse da melhor forma. Foi magnífico o bufete que ele nos preparou a anteceder a saborosa refeição que depois nos foi servida.
Por último – e perdoe-se-me a imodéstia – quero ainda dizer que esta festa teve para mim um sabor especial, pois senti que graças ao Fórum 4611, timidamente por mim criado em Abril de 2008, foi possível juntar nela militares de três das quatro Companhias do Batalhão. Estou convicto que a 1ª Companhia em breve se juntará a nós.

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72
conduta brava e em tudo distinta