O Quartel de M´pupa em 1973
Esta é mais uma notícia sobre M´pupa (parece que o nome, agora, derivou para Mupupa...), respigada das páginas da Internet.
Retrata problemas actuais da povoação que foi sede do Batalhão de Caçadores 4611/72 e da qual todos nós guardamos as melhores recordações.
Lá todos nós aprendemos a amar Angola e a vida. Lá, nas doces águas dos rios Cubango e Kuito, lavámos o rosto e deixámos as lágrimas amargas da saudade.
Ao que consta (e o texto em baixo confirma-o), o chão que pisámos em 1972 e 1973 é rico em diamantes. Quem diria...
As terras de M´pupa, ricas em diamantes, em 1973
O texto, em baixo reproduzido, fala de um tal Makanga Likolo, de 80 anos, como sendo "a autoridade de Mupupa", que parece residir na aldeia desde sempre. Ora, tal significa que já lá vivia quando nós lá estávamos (tinha então quarenta e tal anos). Alguém se recorda dele? Ou talvez estivesse na matas, na guerrilha (quem sabe...).
As fotos publicadas (as do nosso tempo) pertencem ao álbum de recordações do Fernando Santos, que gentilmente as cedeu ao Fórum 4611.
A População de M´pupa em 1973, com o João Cabunga, a "autoridade" de M´pupa em 1973 , então com quarenta e poucos anos (quem será o Makanga Likolo?)
A notícia é esta:
População de Mupupa clama por ajuda urgente
A localidade de Mupupa (Dirico) precisa urgentemente de bens de primeira necessidade, para minimizar os inúmeros problemas sociais que afligem mais de 600 pessoas, que diariamente lutam pela sobrevivência. Mupupa está isolada da sede municipal do Dirico, por falta de uma ponte sobre o rio Kuito, destruída na década de oitenta, durante a guerra. A população necessita essencialmente de sal, óleo vegetal, peixe, arroz, medicamentos, roupas, cobertores, sabão, sementes e instrumentos agrícolas.
Os rápidos de M´pupa, no Rio Kuito
Segundo a autoridade de Mupupa, Makanga Likolo, de 80 anos, a localidade clama por escolas, postos de saúde, água potável e infra-estruturas administrativas. “Queremos um comissário para a nossa comunidade, polícia, escolas, postos de saúde e água para a população, porque o rio Kuito, onde tiramos a água para as nossas actividades domésticas, fica a 35 minutos a pé, um percurso que as pessoas fazem todos os dias, desde os tempos que já lá se foram e assim não está bom”, desabafou.
Cerca de duas horas e 15 minutos é o tempo que o helicóptero precisou para atingirmos a localidade, levando a bordo alimentos e roupas que a direcção provincial do Ministério da Assistência e Reinserção social preparou para acudir à população de Mupupa. Sungo Matumona Pedro, representante do MINARS, prometeu fazer chegar ao novo governador da província todas as preocupações da população de Mupupa, no sentido de se estudarem vias que possibilitem levar bens de uso e consumo para a população da região. Mupupa dispõe de um pequeno aeródromo de terra batida e em perfeitas condições, mas como está a chover é necessária a presença de um especialista, para averiguar se a pista ainda pode receber aeronaves de médio porte, com mercadorias.
M´pupa em 1973
Na região ainda existe muita gente que ainda não conhece a moeda nacional, o Kwanza.
Tida como uma das regiões da Província mais ricas em diamantes, o brilho das pedras preciosas é ofuscado pelo mar de dificuldades que os seus habitantes enfrentam. Segundo Makanga Likolo, nos últimos tempos tem sido frequente o surgimento de pessoas estranhas em Mupupa, a pretexto de pertencerem a instituições que a população mal conhece.
M´pupa vista do céu nos dias de hoje (imagem obtida do Google Earth). Vê-se o espaço que era então ocupado pelo quartel da C.C.S. do Batalhão de Caçadores 4611/72 e um pouco mais acima a pista de aviação. Alguma coisa teria mudado no nosso comportamento se então soubéssemos que o chão que pisávamos era fértil em diamantes?
O Rio Cubango na região do Calai (foto recente)
2 comentários:
Uma vez mais , a dedicação do Luis ao Nosso Blogue é de louvar.
Ler o texto agora inserido, faz-me retroceder no tempo e reviver os dias (meses) passados em M'pupa !
Obrigado pelo teu esforço, e queira Deus proteger a população local das agruras em que vivem.
População,em que a maiorio dos adultos serão os jovens e crianças com quem convivemos.
Também estive nessa zona numa operação em 1969 estava um pultao da cc2506 a dar protecção a construção da pista de aviação do Luengue.
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