(Por Luís Marques)
Rio Lucola, em Cabinda
Na nossa caixa de correio electrónico ( forun4611@gmail.com ) fomos encontrar um mensagem que pelo seu significado não podemos ignorar nem deixar e a divulgar.
Trata-se de uma mensagem de Fernando Moreira, hoje com 46 anos de idade, e que é filho de um dos proprietários da "Roça Lucola", situada perto rio do mesmo nome e junto à qual se aquartelou a nossa 3ª Companhia, em Abril de 1974.
A cidade de Cabinda vista do céu
Podia estar aqui tecendo vários comentários à mensagem e ao seu significado, mas entendo que é totalmente inútil , pois ela vale por si só.
A mensagem é a seguinte:
Peço desculpa antecipadamente se este meu e-mail irá importunar em algo.
Sou de Cabinda e em 1974 o meu pai, um dos proprietários da Roça Lucola, em Cabinda, autorizou a que a 3ª Companhia do 4611 montasse bivaque no alto da Roça, ao lado da nossa residência e das instalações de descasque do café.
Lidei com muitos dos homens que a compunham, apesar de ter na altura somente 12 anos eu e o meu Irmão desenfiavamo-nos e íamos para o aquartelamento.
Tal feito valia-nos alguns cachaços principalmente quando em casa empregávamos o calão recém-adquirido junto da “peluda”.
Chorei quando a companhia partiu para Luanda para aguardar o embarque o “putu” e ao longo destes anos tenho procurado algum contacto que me permita chegar a alguns dos meus amigos de outrora.
Lembro-me do Alferes Martins cuja família era da zona de Leiria se não estou em erro, do Soldado Pinto que provinha de pescadores da zona da Lourinhã-Peniche, do Furriel Gentil que salvo erro era da especialidade de enfermaria, do Drácula, soldado de nome Silva, da zona da Paiã-Pontinha e de muitos outros cujas faces ainda não abandonaram as minhas memórias.
O capitão era um individuo alto e louro cuja profissão na vida civil era professor.
Gostava de saber noticias sobre esta 3ª. Companhia do 4611 cujo galhardete ainda hoje conservo comigo, 34 anos depois.
Quase que poderia afirmar que também foi a minha Companhia no Ultramar.
Aguardo noticias.
M/melhores cumprimentos,
Fernando Moreira"
Outra imagem do Rio Lucola, em Cabinda
É na verdade uma mensagem que vale por mil palavras e que muito nos enternece e nos encanta.Vamos lá todos fazer um esforço para que o Fernando Moreira encontre os seu amigos da 3ª Companhia do Batalhão de Caçadores 4611/1972.
Qualquer informação poderá ser feita por intermédio do nosso e-mail (forum4611@gmail.com ).
Faremos chegar ao Fernando Moreira todas as mensagens que nos sejam remetidas nesse sentido.
12 comentários:
Caro Fernando Moreira,
Realmente esta mensagem é de um valor afectivo enorme.
Sou da ex-3ª Companhia e estive sedeado na tua Casa e tenho um idéia de ti dessa altura, embora remota.
Eu era um doa 4 Alferes da 3ª que habitava na tua casa do Lucola. Éramos o Filipe da zona de Leiria, mais propriamente Marinha Grande, Martins Duarte de Coimbra, Figueira, de Mirandela e eu próprio, Elias da Ericeira. Tens razão nos nomes que indicas, k grande memória, relçamente existe o Gentil-Homem, ex-cabo enfermeiro, o Silva Drácula da Paiã-Odivelas e o Capitão era o Teixeira, que ainda hoje é professor no Porto.
Estás desde já convidado para a próxima reunião anual por volta de 28 NOV. Tenho os contactos de quase toda a malta que referes e seria um prazer apareceres.
Se quiseres apitar, é só ligar para Elias-962034147.
Abração
Caro Fernando Moreira,
Realmente esta mensagem é de um valor afectivo enorme.
Sou da ex-3ª Companhia e estive sedeado na tua Casa e tenho um idéia de ti dessa altura, embora remota.
Eu era um doa 4 Alferes da 3ª que habitava na tua casa do Lucola. Éramos o Filipe da zona de Leiria, mais propriamente Marinha Grande, Martins Duarte de Coimbra, Figueira, de Mirandela e eu próprio, Elias da Ericeira. Tens razão nos nomes que indicas, k grande memória, relçamente existe o Gentil-Homem, ex-cabo enfermeiro, o Silva Drácula da Paiã-Odivelas e o Capitão era o Teixeira, que ainda hoje é professor no Porto.
Estás desde já convidado para a próxima reunião anual por volta de 28 NOV. Tenho os contactos de quase toda a malta que referes e seria um prazer apareceres.
Se quiseres apitar, é só ligar para Elias-962034147.
Abração
No que a mim diz respeito, só tenho de me congratular com o feliz desfecho do apelo que o Fernando Moreira nos dirigiu. Realmente, este mundo global que é a internet permite aproximar as pessoas de uma forma impensável há uns anos atrás. Bem hajam todos os que aqui fo Fórum 4611 contribuiram para este feliz reencontro.
Pouco a pouco os verdadeiros objetivos deste Blogue - Fórum 4611 - vão-se cumprindo !
As mensagens e participações agora chegadas são o verdadeiro prémio , ao Luis Marques, criador e principal obreiro !
Quero deixar um abraço aos Amigos recém chegados.Que a Vossa participação tenha continuidade !
Ao Elias, peço que difunda junto dos seus/nossos Camaradas da existência deste Fórum.
Ao Fernando Moreira , fico muito grato pois sendo um jovem, na altura em que conviveu com os nossos Camaradas da 3ª, prova hoje que os valores da amizade que bebeu na época estão bem vivos, bem como as suas recordações.
Certamente que terás muito "alimento" a transmitir e partilhar neste teu Fórum
Abraços a todos
Boa noite,
Não calculam o que estas msgs têm mexido com as minhas recordações e os meus sentimentos.
Qual era o Furriel ou Alferes que gostava de fotografia? São da autoria dele algumas das que enviei para o fórum.
Rebuscando na minha memória recordo que o posto do gentil era cabo e foi o primeiro a conseguir um "namorico" em terras de Cabinda. O Alferes Filipe conviveu muito com o meu pai, uma ocasião ainda fui com este a Leiria a uma empresa que já não recordo se era o Filipe que aí trabalhava ou se a empresa era do pai do Filipe, foram tempos complicados para nós.
Creio que o Filipe ainda chegou a caçar com o meu pai.
Alguns de vocês iam a Cabinda tomar café ao Bar Moreira que era pertença de um tio meu e cuja vinda à cidade eu aproveitava para apanhar uma boleia para a Roça.
Havia ainda um outro soldado de grande estatura, e de vozeirão de respeito que me ofereceu um arco e setas indígenas que ele tinha trazido do Sul.
Um dia destes conto uma história acerca de uns tiros nocturnos que iam matando o nosso vigia de susto.
Para já não falar de quando o nosso pastor alemão se soltava de noite e não permitia que as sentinelas fossem rendidas. Dizia o Cap. Teixeira ao meu pai; Amigo Moreira para as sentinelas serem rendidas só matando o cão..."
Estou feliz por vos reencontrar, como já disse; "eu também prestei serviço na 3ª. Companhia".
1 abraço
fmoreira
Caro Fernando Moreira, não sou do BCaç 4611, mas sim do BCaç49140/72,que prestou serviço na área de Buco Zau. Dirás, então não tem muito a ver com o tema em questão!
Mas tem e de que maneira e tomo a liberdade de te dizer que mereces um grande ralhete. Porquê?
A frase é tua «Alguns de vocês iam a Cabinda tomar café ao Bar Moreira que era pertença de um tio meu..».
Tomar café ao Bar Moreira? Meu amigo desculpa lá, mas o Bar Moreira era muito mais que isso, era um dos melhores restaurantes da cidade. Almocei lá muitas vezes e para além dos pratos característicos havia um que era um monumento, no tamanho e na qualidade - O Bife americano - não sei o que raio dos americanos tinham a ver com o bife, mas vou-te fazer uma "fotografia" de memória porque algumas que lá fiz no Bar, foram-se com o tempo. Então é assim: Bem acomadados lá dentro, porque o bar também tinha a esplanada embora murada, sentávamo-nos e pedíamos um bife americano, enquanto o teu tio telefonava lá para as américas a encomendar algo (não estou a ver
o quê, pois Cabinda tinha tudo do melhor) nós íamos matando a sede e observando aquele escudo nativo feito com a carapaça de tartaruga, linda de morrer, cruzado por duas lanças. Vinha o bife e aquele momento tornava-se místico., durante mais de meia hora só se falava para pedir mais uma loira, mais outra, tanta era a "forragem" que tínhamos para enfardar.
Vamos lá ao bife; o dito cujo era servido directamente no prato/caçarola ainda com molho a ferver e que molho, acompanhado com ervilha grão (único lugar do mundo onde me foi servido assim), no fundo o dito com um diâmetro e espessura de manter em respeito um general, coberto com fiambre e dois ovos estrelados. A carne era manteiga, talvez lombo ou seria alcatra? o molho meu Deus e depois a cortesia do proprietário. Um bom café era a cereja no topo do bolo, porque meu amigo não havia lugar para sobremesas, que as havia e das boas desde as frutas aos doces.
Ao final da tarde, quando tocava a reunir para seguir lá para cima, eram os rissóis de camarão, o mesmo ao natural e umas cervejolas, era até chegar o transporte. Até neste caso o Bar Moreira era o ponto de encontro.
Abraço de um Cabinda por adopção
Meu amigo "Anónimo" :-)
Espero que dentro de breve esse anonimato desapareça, pois serás benvindo a esta grande familia de que fazem parte todos os que aprenderam a amar aquelas paragens longinquas.
Depois de ler as tuas palavras, que o "mentor" do blogue, o nosso amigo Luis Marques, teve a amabilidade de enviar esta manhã, a primeira reacção foi a de me encostar na cadeira e lançar um "uau"!!
A tua descrição do "bife americano" é uma autêntica fotografia, só lhe falta o cheiro para se tornar real, e o facto de a tua memória ainda ir buscar o pormenor da carapaça de tartaruga com as lanças cruzadas.
Folgo em constatar que os pequenos gestos dos meus permitiram que vos ficasse na memória uma grata memória daquelas paragens. Obrigado pelas tuas palavras, foi um ralhete bem pregado e que me agradou imenso recebê-lo.
Peço-te o favor de enviares um e-mail aos Luis Marques, utilizando o e-mail do Forum 4611 ou então mesmo através do coordenador do vosso blogue o João Silva, que ele tem também o meu e-mail.
1 abraço e ficamos a aguardar noticias.
Quanto a mim, na descrição do “bife americano”, feita pelo nosso amigo “anónimo” :) :), nem o cheiro falta; basta fechar os olhos e ele “aparece”.
Na verdade, o “Bar Girassol” faz parte do imaginário de todos os que tiveram o privilégio de por lá passar e saborear o tal “americano”, ou qualquer outra das inúmeras iguarias que o Sr. Moreira ali servia, sempre com uma simpatia contagiante.
O jantar de despedida do pelotão de reconhecimento e informações da CCS do Bat. Caç. 4611/72 foi lá feito.
Quase todos os dias o “Girassol” era local de passagem obrigatório de parte do pessoal da CCS, dada a proximidade do quartel. Mas mesmo os de mais longe por lá paravam sempre que podiam.
Li numa página de ex-combatentes de angola que o Bar Girassol foi construído pelo pelotão de sapadores d a C.C.S. do Batalhão de Caçadores 11, os chamados “Gorilas do Maiombe”, como se pode ver aqui: http://ultramar.terraweb.biz/RMA/Imagens_RMA_AntonioRodrigues_Quartel.htm
Não sei se tal é verdade, O Fernando Moreira poderá esclarecer.
Para os dois (Fernando Moreira e amigo “anónimo” um grande abraço
Ao que parece o "Bar Girassol" foi construido por uma CCS do B.Caç. 11 "Gorilas do Maiombe". Teve vários proprietários antes de pertencer ao meu tio.
Àcerca do post do camarada do 4910 creio se não estou em erro que ele se está a referir ao "Bar Moreira" na baixa da cidade de Cabinda.
Faleceu recentemente na sua terra natal, Torroselo-Seia, o Quim Moreira que em Cabinda teve vários bares, entre os quais o Moreira e o Girasol.
Conheci este senhor(somos da mesma aldeia) e demais familia, mas nunca estive em Cabinda. Quem é o Fernando Moreira? É primo do Zé Manel (que vive em Cabinda)?
Será filho do Manel Moreira?
Tinha curiosidade em saber, por ventura já nos cruzamos em Torroselo.
Bom dia,
Respondendo a este ultimo post direi que infelizmente sim, faleceu o meu Tio "Quim" Moreira.
No entanto um reparo: O Quim Moreira nunca foi proprietário do Bar Moreira, que pertenceu primeiro a meu pai, Henrique Moreira, e depois ao meu tio Manuel Moreira.
Sou filho do Henrique Moreira, e como bem diz primo do Zé Manel que está em Cabinda. Se é da mesma aldeia que o meu pai ( Torroselo) decerto conheço-o e já nos cruzámos por lá diversas vezes. Não se quer dar ao conhecimento? :-). 1 abraço.
"Acidentalmente" vim parar a este blogue.
Estive em Cabinda de dezembro de 1971 a janeiro de 1974. Estava colocado no comendo de sector de cabinda em frente ao hotel maiombe onde 365 dias por ano tomava o meu pequeno almoço. O almoço era na messe do BC11 onde estavamos "hospedados" e a rotina díária era tomar um banho as 18.00, desfardar, jantar sempre num lado qualquer, e depois cinema todos os dias.
O Bar Girasol era um ponto de passagem obrigatório pois estava logo ali à saída da messe, e onde o Moreira fazia as honras da casa, e que honras ele nos servia.
Foram 2 anos de empenho gastronómico total por todos os restaurantes da época. Como estava lá colocado em rendição individual não tinha grandes grupos, mas tive um companheiro que me seguiu em todos estes "delírios" saíamos de Cabinda em carro privado para ir jantar a Landana ou ao domingo para a praia do Malembo. Tempos e aventuras irrepetíveis que se mantêm vivas.
Um grande abraço a todos os camaradas de armas
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