Mais uma vez este encontro foi organizado pelo Joaquim Raposo.
O Raposão, organizador do encontro
É já um lugar comum dizer que estes eventos contam sempre com a inexcedível capacidade organizativa do Quim Raposo, tudo fazendo para que o acontecimento decorra sempre de forma irrepreensível.Foram três dias a saborear a boa comida da Beira Alta, a degustar os excelentes vinhos e a apreciar as belezas paisagísticas, arquitectónicas e culturais daquela região raiana e de Riba-Côa. Só quem já contemplou o Rio Douro e o seu afluente Águeda do alto do miradouro da Sapinha, olhando de frente para duas províncias portuguesas (Beira Alta e Trás-os-Montes), tendo do seu lado direito a província espanhola de Salamanca e se admirou com o voo planado dos grifos, dos abutres do Egipto, das águias e dos falcões, entende o que se pretende dizer com “belezas paisagísticas” da região.
Alto da Sapinha (em baixo o rio Águeda, no local de afluência com Rio Douro. Na margem direita do Águeda temos terras de Espanha)
No mesmo local, Fátima Pinho, Cassilda, Celeste Ferreira e Dulce Duarte
Castelo Rodrigo, visto da Alto da Marofa
A aura que se advinha na aldeia de Castelo Rodrigo, bastião defensivo das investidas das tropas invasoras vindas reino de Castela, muito bela com as suas pequenas casas seculares, quase todas elas recuperadas por mãos competentes, tuteladas pelas muralhas do seu castelo, que nos encantam e fazem sonhar com períodos já passados e que remontam ao princípio da nacionalidade.
Castelo Rodrigo, visto da Marofa
O Quim Raposo, Monteiro, Francês, Celeste e Dulce, em Castelo Rodrigo
Outro aspecto da nossa passagem por Castelo Rodrigo
As belas casas restauradas de Castelo Rodrigo
Fátima Pinho
As muralhas do Castelo
Também a aldeia de Escalhão, a aldeia no nasceu o Quim Raposo e que foi sede de concelho até início do século XIX merece uma visita atenta.
A este propósito, e da inscrição incisa no do Pelourinho da aldeia e que o Quim Raposo não nos soube esclarecer, atentem o que dizem os anais da história.
O Pelourinho da Aldeia de Escalhão
“A Igreja Matriz, cuja fronteira e torre do relógio se supõe serem restos da fortaleza medieval, é um templo do século XVI, sobressaindo na frontaria um portal de linhas clássicas com frontão triangular e colunas de caneluras nos dois terços superiores. Outro sinal característico deste monumento são as marcas de balas de canhão que se podem notar em algumas pedras resultantes da investida espanhola em terras portuguesas no ano de 1642.
Em 17 de Outubro desse ano entrou em Portugal um exército espanhol comandado pelo renegado português João Soares de Alarcão, com 4500 soldados e 400 cavaleiros. As povoações por onde passaram foram mergulhadas no sofrimento, destruição e ruína. O fumo, provocado pelos incêndios das casas e haveres, era como o sinal de luto corroborado pelos gritos dos que lamentavam a morte dos seus e a destruição do fruto de uma vida de trabalho.
Esta força militar prosseguiu o seu caminho destruidor pelo concelho indo quedar-se frente às paredes fortificadas da igreja de Escalhão. A população, auxiliada por um pequeno destacamento de 35 soldados, sob o comando de João da Silva Freio, preparou-se para enfrentar o inimigo. Julgando que a presa era fácil, o invasor acometeu contra o reduto defensivo. Porém os escalhonenses defenderam-se heroicamente dizimando com fogo cerrado os soldados espanhóis. No segundo assalto, protegendo-se com todo o tipo de materiais que encontravam, o inimigo atacou de novo. A igreja era o principal alvo das granadas de artilharia. As mulheres com mantas encharcadas num poço existente na igreja extinguiam os incêndios provocados pelas bombas. Com tecidos vários faziam ligaduras que usavam para socorrer os feridos. Dentro do templo os mortos e feridos atestavam a dureza do combate.
Conta a tradição que um homem de nome Janeirinho, matou o capitão dos castelhanos na entrada da porta falsa. O capitão de Zamora investiu contra a porta gritando: “ Viva o capitão de Zamora”. De dentro respondeu-lhe Janeirinho: “ Viva o Janeiro com a sua porra”, ao mesmo tempo que enfiava o badalo do sino sobre a cabeça do capitão. As tropas inimigas, já bastante enfraquecidas e surpreendidas pela resistência, entraram em pânico ao verem um dos seus chefes morto. Aproveitando este momento de hesitação os portugueses saíram do templo e investiram contra os espanhóis que começaram a recuar abandonando as suas posições. Num local denominado “A Veiga dos Mortos” o inimigo parou e, reorganizando-se, tentou tomar a ofensiva, mas de nada valeu o seu esforço. Os portugueses apontaram sobre eles as peças de artilharia que capturaram e quase os dizimaram.”
Tivemos, portanto uma reedição da Batalha de Aljubarrota, 257 anos depois daquela que a história mais enaltece. Mas esta vitória sobre os espanhóis não fica diminuída se comparada com aqueloutra. E na falta do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, temos o herói Janeirinho.
Porque será que os espanhóis nunca aprendem?...
Para comer uns belos peixes do rio fritos, acompanhados por saborosas migas, num agradável restaurante sobranceiro ao Rio Douro, num início de tarde bem solarenga, acompanhado de um excelente vinho branco da região, de sabor muito frutado, merece bem percorrer as centenas de quilómetros que separam a vila de Figueira de Castelo Rodrigo da casa de cada um.
Foi sem dúvida um belo fim-de-semana. Bem hajas Raposão.
Para alguns (João Novo, Manuel Oliveira, Zé Vasconcelos e Luís Marques), foi também a oportunidade de rever o nosso ex-primeiro sargento António Corga, ao fim de quase 35 anos e recordar os belos tempos passados e as saudosas jornadas de caça em M´pupa. O homem está famoso! Com 70 e muitos anos ainda preside à “Acatin – Associação Comunitária de Apoio à Terceira Idade de Mouriscas”.
Manuel Oliveira, João Novo, Zé Vasconcelos, Antonio Corga e Luís Marques, em Mouriscas
Agora ficamos à espera do próximo convívio, que bem poderá ser por terras de Viriato, se o Adriano Monteiro quiser lançar mão à sua organização.
5 comentários:
Ao acabar de ler o belo texto, que o Luis mais uma vez nos oferece , pude reviver todos os belos momentos vividos neste fim de semana. O prazer de conviver, e abraçar os Camaradas e seus Familiares superou em larga escala todo o resto...
Fica mais um forte abraço ao Raposão, sempre fiel aos pricipios de que acima de tudo vale a AMIZADE !
Gostei de ver o CORGA ! Fico na expectativa de novas oportunidades para se reforçar todos os laços existentes.
Por isso vocês designam o convívio de "retiro espiritual". A paisagem faz lembrar as vistas a partir de um mosteiro, ruas medievais, templos e monumentos, mas de monges....
Tenho pena de não ter participado vocês todos juntos devem ser um espectáculo.
1abc
Já há tempos, não visitava o blog (confessei, pronto!) e fiquei encantada em ler a extraordinária cobertura jornalística do encontro deste ano, assinada pelo Luis. De fato, foram dias de saudável e alegre confraternização, reencontro de velhos e novos amigos, reunidos sobretudo pelo desejo de conviver e usufruir do amor e amizade que sentimos uns pelos outros. Fica meu abraço e o abraço do Fernando para nossos queridos amigos, já cheios de saudades e na espera de um novo reencontro qualquer dia.
Minha querida Fátima,
É sempre um prazer "ouvir-te", lendo as tuas amáveis palavras.
Saudades vossas, também eu (nós) tenho (temos).
No futuro, que desejo breve, voltaremos a encontrar-nos. Mas vocês sempre estarão aqui...
Agora que estou a ler as vossas mensagens,não posso deixar de tentar que alguém da ccs do 4611,logo que possivel, se comonique com o amigo Alves da 1ª companhia,para ver se podê-mos organizar um convívio a nivel de Batalhão.
Para melhor informação, aí em Figueira está o, ex Presidente da camara, Armando Pinto Lopes, que foi oficial na 1ª companhia do 4611.O meu contacto é:919046735, ou afa.systemoveis@hotmail.com
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