sexta-feira, 5 de junho de 2009

Serpa Pinto

(Por António Moita)

A rua principal de Serpa Pinto


Vista panorâmica de Serpa Pinto



Como se recordam a 3ª Companhia esteve estacionada durante os primeiros 13 meses na cidade de Serpa Pinto, hoje Menongue, cidade pequena mas simpática, com cinema, bares, restaurantes e uma pastelaria onde passei muitos fins de tarde.

A igreja de Serpa Pinto

As nossas tarefas consistiam basicamente na participação em operações em todo o Cuando-Cubango, na protecção de colunas civis que transportavam todo o género de víveres não só para os militares como também para as populações civis que se encontravam ao longo das duas principais vias, ou seja, Serpa Pinto / Rivundo ou Serpa Pinto / Mucusso e também, ainda que em menor escala, aquilo que se chamava de “acções psicológicas”, as quais consistiam em visitar os kimbos da zona, apoiando essencialmente as populações com serviços médicos e de enfermagem.
Numa chana (planície) algures no Cuando Cubango. Em segundo lugar o ex-alferes Figueira


A nossa actividade baseava-se nestes 3 pólos e aquilo que todos nós pensávamos era passar os dois anos da comissão da melhor forma possível. Eu sempre preferi estar o máximo de tempo em Serpa Pinto que considerava ser uma cidadezinha simpática. Para além disso havia “ O Clube de Sargentos “, onde residia no quarto do 1º andar, com vista para o rio, e que eu achava fabuloso.




O António Moita no terraço do Vidigal, no "Clube de Sargentos" de Serpa Pinto e o famoso chapéu "carcamanho" adquirido na povoação do Rundu, no Sudoeste Africano (hoje Namibia)


Foto tirada do depósito de água de Serpa Pinto
Numa tarde, depois de uma operação que teve a duração de 6 dias, encontrava-me a desfrutar da paz do meu maravilhoso quarto quando um jeep me veio buscar para me transportar ao quartel, isto por ordem do Sargento Campos. Quando lá cheguei apresentei-me ao Sr. Sargento que me põe na frente uma folha de papel azul, que não era mais que uma participação ao Comandante de Companhia, indicando que era o 4º dia que eu não me apresentava no quartel. Depois de ler, devolvi-a devidamente rasgada e regressei novamente à paz do meu quarto.


Não é o que estão a pensar. É apenas sono...
Alguns dias depois e após ter sido ouvido pelo Alferes Valente, o Alferes Filipe, ao tempo comandante interino da Companhia, “condecorou-me” com uma repreensão particular. Escusado será dizer que as minhas relações com o Sr. Sargento Campos deterioraram-se de vez, pois foi a segunda participação com que me agraciou. A primeira foi ainda em Santa Margarida, não me recordo por que razão, e graças a ela “foram-me dados” três dias de detenção durante um fim-de-semana. Claro que nesse fim-de-semana até fui ver o Benfica jogar a Setúbal com o Vitória. Desta quase deserção safou-me o Capelão do Batalhão o Padre Geraldes




No terraço do Vidigal, num momento de ócio, eu o Vidigal e o Afonso (que era Furriel Telegrafista do Comando de Sector)

Criança Guenguela (as moscas e as fezes demonstram a forma inumana como viviam algumas crianças)

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BATALHÃO DE CAÇADORES 4611/72

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conduta brava e em tudo distinta