Um domingo de Futebol na Fazenda Tabi, em Fevereiro de 1974 (o Brazão a iniciar a jogada e o Capitão Teixeira de braço no ar a pedir a bola)
O Moita a finalizar a jogada (resultado: de escuro 2, de branco 1)
Uma defesa do saudoso 1º sargento Ribeiro (ao fundo a fiel assistência de sempre)
As 2ªs, 4ªs e 6ªs. Feiras saía da Fazenda Tabi uma viatura com destino a Luanda.
Entre outras variadas razões a finalidade era levar o pessoal doente ao hospital militar, tratar assuntos no Grafanil e outros e também servia para levar os “desenfiados”, principalmente às 6ªs Feiras, passar o fim-de-semana em Luanda. Não éramos propriamente os únicos a fazer “isto”, porque encontrávamos muito pessoal das outras companhias e também da C.C.S., ainda bem !! .
A estrada de Ambriz para o Caxito, na zona da Fazenda Tabi
Depois era para arrancar em direcção a Luanda, havendo o cuidado de não passar junto à Fazenda Tentativa (sede do Batalhão), para não dar muito nas vistas (na realidade, existia um certo respeito. Receio, ou seria apenas para evitar chatices? (vou mais pela última...). Fosse o que quer que fosse, evitar a Fazenda Tentativa era essencial
Tudo bem: lá vão eles para Luanda e entre os destinos certos, estava o almoço no “Amazonas”, depois de tudo o resto tratado.
A estrada Ambriz / Caxito na zona da Fazenda Libonbos, onde se situava o posto de controlo
Um pouco antes de chegarmos à barreira de controlo, numa pequena descida, havia qualquer coisa que não era normal: um jeep da OPVDCA, fora do alcatrão e uns fulanos de braços no ar. Na altura não nos apercebemos o que se tinha, os estava a passar. A nossa viatura apenas transportava doente e nem sequer havia um operacional. Também não levávamos rádio. Também porque havíamos de levar? Nunca tinha acontecido nada digna de registo nas vezes anteriores.
Fomos então informados que tinham sido atacados e até havia feridos. O nosso pensamento (meu?...) foi o de “arrancar” e no primeiro aquartelamento dar notícia da ocorrência, no sentido de se tratarem os feridos e ver “ou apanhar” quem os tinha atacado.
A avenida principal da cidade do Caxito
Como na cidade do Caxito havia uma Companhia de Cavalaria (que eu conhecia por lá termos ido fazer um jogo de futebol de salão) e era mais perto que a sede do Batalhão, na Fazenda Tentativa, foi naquela que demos o alarme. Dado o alarme, partimos para Luanda. Até aqui pensávamos estar tudo bem.
No regresso à Fazenda Tabi, já ao fim do dia., ou mesmo à noite, chovia que se fartava, estava “montes” de pessoal da C.C.S., armados, nos dois sentidos da estrada, a aguardar a passagem da nossa viatura e com ordens de conduzir o graduado da viatura (neste caso eu) à presença do 2º Comandante do Batalhão (major Moreira) e posteriormente ao próprio Comandante do Batalhão, Coronel Mendonça. Tudo isto se deve ter passado no mês de Março, ou Abril de 1974, porque eu tinha férias marcadas para Agosto desse ano – e isso foi logo ao ar. “Férias, nada, e não vamos ficar por aqui”, palavras secas intimidatórias e ameaçadoras do Coronel Mendonça.
Posteriormente vim a saber que houve troca de mensagens por todo o lado, as quais foram ouvidas pelas transmissões da C.C.S. Bom, o desgraçado do furriel Facas estava referenciado.
Levei uma tal “descasca”, que mais anos que viva não a irei esquecer. Felizmente tudo passou. Não vim efectivamente de férias em Agosto, Mas vim em Setembro, graças ao esforço desenvolvido pelo nosso ex-capitão Teixeira. Depois do regresso de férias ficaram a faltar dois meses para a desejada “peluda”.
Outro aspecto da estrada de acesso à Fazenda Tabi
Reconheci que errei. Que não dei o protagonismo a quem devia, ou a quem queria.
Estamos aqui a recordar estes factos e a pensar que se a tal Mercedes 1924 nesse dia não quis trabalhar e tal facto levou a um atraso de 2 horas sobre o horário habitual, julgo que a emboscada nos era dirigida, caso a tal Mercedes tivesse colaborado e quisesse ir connosco até Luanda
A única coisa que se aproveitou foi o almoço no “Amazona”, porque o pequeno-almoço no Caxito, esqueçam.
6 comentários:
Amigo António Facas,
É fácil imaginar os “suores frios” que a situação relatada de fez sofrer,
Muitos de nós passámos por situações menos felizes, como a que nos contas; uns tiveram sorte e as consequências foram mínimas, outros, com menos sorte, sofreram punições mais ou menos severas. Era a tropa...
Quando li a tua mensagem, a minha memória fez “clique” e vagamente lembrou-se da situação por ti contada, nomeadamente da parte em que tu te referes à “emboscada” que o pessoal da C.C.S. te fez aquando do teu regresso de Luanda para a Fazenda Tabi. Não fui eu que me embosquei, mas recordo-me superficialmente da situação.
Conheci muito bem toda a estrada que ligava a Fazenda Tabi à cidade do Caxito, onde correu o incidente com o pessoal da OPVDCA, porque a percorria pelo menos uma vez por semana, em escolta às viaturas civis que demandavam o Ambriz e Ambrizete. Era uma estrada rodeada de palmeiras e bananeiras, onde era fácil encontrar centenas de macacos a saltar de árvore em árvore. Muitas vezes também deparávamos com pacaças e outros bicharocos (muitos mabecos, cães selvagens – não creio que fossem hienas, mas não tenho a certeza)
Eu próprio passei por muitas situações mais complicadas, fruto da irresponsabilidade de um jovem de 21 anos. Tinha uma atracção natural para a “desgraça”.
Uma delas foi vivida em Serpa Pinto e foi o pessoal da 3ª Companhia que me safou de levar um grande “porrada” (se calhar até prisão, e despromoção), tudo por causa de uma garotice. Vocês até me “arranjaram” um internamento simulado no Hospital de Serpa Pinto, de maneira a “safar-me” de uma punição mais que garantida.
Um dia destes contarei esta história no blogue. Pode ser que alguns de vós se lembre da “terrível” situação por mim vivida na altura.
Luis Marques vim por acasso aqui parar , porque andei por aqui a procurar a Fazenda Tabi, estive ai tambem no ano de 1974 acho que fomos nos da companhia de cavalaria 3487 , batalhao de cavalaria 3871 , que fomos render-vos , serà isso ?
aqui fica meu email se por acasso quizeres contactar-me desde jà os meus cordiais cumprimentos e bem hajas. jotanice@gmail.com
Exatamente. Vocês vieram de Cabinda para passarem à “peluda” em Abril de 1974 e nós fomos para Cabinda, embora não tenhamos ido para os locais onde vocês estavam. Vocês eram os chamados “Cavaleiros do Maiombe”, não é assim?
Um abraço
Luis Marques
Amigo Luis Marques , desde jà um abraço , e em resposta é exatamente isso "os cavaleiros do maiombe" pode ir no facebook estamos là deixa um olà ok abraços, temos tb um blogue com o mesmo nome Cavaleiros Do Maiombe |
existe tb um livro do nosso ex capitao meliciano Nogueira cjo titulo é tambem Cavaleiros Do Maiombe | com algumas fotos do Tabi , abraços
Amigo Luis Marques , desde jà um abraço , e em resposta é exatamente isso "os cavaleiros do maiombe" pode ir no facebook estamos là deixa um olà ok abraços, temos tb um blogue com o mesmo nome Cavaleiros Do Maiombe |
existe tb um livro do nosso ex capitao meliciano Nogueira cjo titulo é tambem Cavaleiros Do Maiombe | com algumas fotos do Tabi , abraços
Meu caro amigo. Obrigado pela confirmação.
Já li o livro "Os Cavaleiros do Maiombe" do ex-capitão Miliciano António Inácio Correia Nogueira, do qual gostei imenso, sobretudo pelos vários relatos da vivência do Batalhao de Cavalaria 3871 por terras de Cabinda.
Também já por várias vezes visitei o vosso blogue.
Um grande abraço
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